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O segundo disco da carreira do cantor Tom Zé, lançado em 1970, ganhou uma nova edição dentro do projeto "Clássicos em Vinil" (Polysom/Som Livre) e já está disponível nas lojas.

O álbum "Tom Zé" comemora os 50 anos em 2020, tem direção artística de João Araújo e foi gravado nos estúdios da Gazeta, em São Paulo. O disco traz clássicos como "Jimmy Renda-se" e "Qualquer Bobagem".

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Capa do álbum "Tom Zé" (1970) | Foto: Divulgação

Os encartes originais foram restaurados pela Polysom e trazem o protesto do artista contra a Prefeitura de São Paulo em 1968, Na época, o órgão ainda não tinha pago o prêmio em dinheiro que o artista ganhou com a faixa "São, São Paulo Meu Amor", que venceu o Festival da Record, no mesmo ano, na categoria Júri Especial.

por Junior Coneglian

"Eu estava em uma loja de vinis em São Paulo e durante os cinco minutos em que estive lá três vitrolas foram vendidas". Conta, em tom de surpresa, Rafael Cortes, fundador da Assustado Discos, empresa do Recife que trabalha com a produção e o resgate de gravações musicais em LP (long plays). De acordo com dados da empresa Conversion, a principal fábrica produtora de LPs da América Latina, a Polysom, localizada no Rio de Janeiro, registrou aumento de 126% nas vendas de discos entre março e abril de 2014. 

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Em pleno século 21, com o avanço tecnológico e a 'onda' dos downloads de CDs no formato de mp3 na internet, além da facilidade dos serviços de streaming (Spotify, Rdio e Deezer), comprar vinil já não é mais um hábito exclusivo dos colecionadores de bolachas, como são conhecidos os discos. Atualmente, o vinil deixou as estantes empoeiradas e voltou ao seu lugar de origem: as vitrolas.

Historicamente, o dia da vitrola é celebrado nesta sexta-feira (21) porque há 137 anos atrás, em 1877, Thomas Edison, inventor da vitrola, fez a primeira exibição pública do objeto musical que até os dias atuais faz sucesso. Por isso, o mês de novembro é chamado 'Mês da Vitrola'.

Os apreciadores do vinil não se restringem a ouvir apenas gravações antigas de grupos que não tiveram, de fato, opção por gravar em diferentes formatos. Pelo contrário, novos bandas do cenário musical, tanto brasileiro quanto internacional, tem lançado tiragens de seus projetos em vinil, com gravadoras que se especializaram apenas nesse formato. "Fundei a Assustado Discos em 2011 e o intuito inicial era trabalhar apenas com raridades musicais de alguns artistas. Entretanto, ao longo da minha caminhada, abri o selo a diversas possibilidades de gravações, que vão desde registros raros até lançamentos", explica Rafael, que é colecionador e possui mais de 3 mil discos. Nomes da música internacional como Daft Punk, David Bowie e Arctic Monkeys lançaram materiais inéditos que receberam tiragens em vinil e fizeram bastante sucesso entre os fãs: Random Access Memories, The Next Day e AM, respectivamente.

No cenário regional, a banda Mundo Livre S/A celebrou 20 anos do álbum Samba Esquema Noise e relançou a bolacha em vinil. O grupo decidiu relançar o disco no formato de vinil em uma parceria entre a banda, a produtora Zero Neutro e o selo Assustado Discos. "Eu acho que o vinil compartilha muito da minha opinião de que um material fonográfico tem que ser valorizado por inteiro, até porque foi gasto dinheiro, tempo e dedicação. Daí quando o grupo se deu conta dessa tendência de um retorno de interesse pela midia física, decidimos relançar nosso disco em vinil", conta Fred Zero Quatro, vocalista e compositor da Mundo Livre. 

Vendas de vinil desde 1997 até 2013 em dólares

Não só gravadoras e músicos têm tido resultados positivos com a volta do vinil. Vendedores têm notado o aumento da procura tanto pelas bolachas quanto pelas vitrolas. Ainda de acordo com dados da empresa Conversion, a Trapemix, empresa especializada na venda de produtos retrô, registra um crescimento de 57% na comercialização de vitrolas. No Recife, os comerciantes dos sebos localizados na avenida Dantas Barreto, no centro da cidade, têm notado o aumento das vendas dos LPs e das agulhas. Na barraca de Elvis do Nordeste, que trabalha com o comércio de vinis há mais de 30 anos, os LPs são constantemente procurados. "Acho isso ótimo como vendedor e como apreciador. Apesar de ser menos compacto, o vinil tem uma qualidade muito melhor", conta Elvis.

Nos sebos, os preços dos vinis variam de acordo com a raridade do produto e, de acordo com os comerciantes, os ícones da música brasileira e internacional são o que mais saem. Os reis do brega (Reginaldo Rossi), do rock (Elvis Presley) e do baião (Luiz Gonzaga) são os ícones que mais vendem. Os preços entre R$ 2 até R$ 150, com discos raros.

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O músico Edvande Fumanxú, de 23 anos, conta que faz compra de vinis mensalmente. "Sempre tive vontade de ter uma vitrola. Assim que ganhei, estabeleci uma meta de sempre comprar os LPs. Pra mim, ouvir música é um momento sagrado, além disso, o chiado do vinil faz com que pareça que você está presente na hora da gravação e isso é uma das coisas que mais me contagia", conta.

O retorno do vinil não é resultado de saudosistas que insistem em não utilizar novas tecnologias. Pelo contrário, os que consomem música neste formato afirmam que a qualidade do som e o contato com a mídia física são as principais causas. "Acho que as coisas acabam sendo meio cíclicas, do mesmo jeito que a mídia digital é prática, ela também é descartável, sem contar que com o LP você tem a possibilidade de ouvir um disco inteiro. Acredito que uma obra é pensada por inteira e não por faixas", explica Rafael Cortes.

No Recife é realizada anualmente a Feira do Vinil, que reúne colecionadores, admiradores e empresários do ramo da música. Durante o evento, é possível trocar, vender e  comprar LPs. Em 2013 foi realizada a 8ª edição do evento.

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