Enquanto o PT e o PSB sinalizam um racha os partidos PSOL, PCB e PDT se unem no sentido de formalizar uma aliança. Neste sentido, O PSOL encaminhou uma nota à imprensa que reforça o “adiantado entendimento de construção da unidade com o PCB”, que tem Roberto Numeriano como seu pré-candidato e o início de diálogo com o Paulo Rubem que é pré-candidato do PDT.
“Queremos, com o PCB, numa unidade franca, estratégica e ética, avançar na busca da unidade com outros importantes setores, de forma a potencializarmos nossa voz em direção aos corações e mentes do povo do Recife”, diz a nota.
##RECOMENDA##
Em relação ao diálogo com Paulo Rubem, o PSOL revela que “os critérios passaram, primeiramente, pela autorização do Diretório Nacional do PSOL para que fossem iniciadas conversas formais. Entendemos que seria uma atitude sectária de nossa parte não ouvir o deputado e não reconhecer seu esforço para firmar-se como candidato em meio a tantas adversidades. O diálogo, contudo, precisa ser vertical e essencialmente programático e construtivo”, pontua o texto.
De acordo com o presidente estadual do PSOL no Recife, Edilson Silva, a conversa com Paulo Rubem já vinha sendo estabelecido extraoficialmente e a partir de agora são realizados com a autorização do partido. Porém, o PSOL está agindo com cautela já que o presidente estadual do PDT e prefeito de Caruaru, José Queiroz, ainda não confirmou o lançamento da candidatura de Paulo Rubem.
“Nossa conversa é na perspectiva de caminhar com Paulo Rubem compondo a cabeça de chapa, mas é preciso que o partido dele confirme sua candidatura. Também não deixaremos de ouvir e considerar o posicionamento do PSC, partido que estamos conversando há algum tempo”, explicou Edilson em conversa pelo telefone com a equipe de reportagem do LeiaJá.
O presidente estadual do PSOL ainda frisou que o entendimento com PDT se dá pelo fato de Paulo Rubem ser um “político de esquerda, que tem diálogo permanente e produtivo com os setores sociais que o PSOL também conversa”, completou Edilson.
Confira a nota na íntegra:
Um diálogo necessário com Paulo Rubem Santiago
Em seus poucos anos de existência o PSOL tem se apresentado com protagonismo na política brasileira. Em Recife não tem sido diferente. Nas últimas três eleições majoritárias o eleitorado recifense teve o PSOL dentre as alternativas apresentadas e pode certificar-se que nosso Partido se pauta por fazer dos processos eleitorais momentos de acumulação de consciência crítica da sociedade e de avanço da mobilização popular.
Em 2012 não será diferente. O PSOL é parte de um processo de reorganização das forças sociais e políticas do campo de esquerda, não padecendo dos vícios da autoproclamação política como os únicos donos da verdade. Neste sentido apresentamos a pré-candidatura de Albanise Pires à Prefeitura do Recife e a reafirmamos como sendo nesse momento nossa representação no processo eleitoral.
Nosso adiantado entendimento de construção da unidade com o PCB, que apresenta o nome de Roberto Numeriano como seu pré-candidato, é parte deste processo. Queremos, com o PCB, numa unidade franca, estratégica, ética, avançar na busca da unidade com outros importantes setores, de forma a potencializarmos nossa voz em direção aos corações e mentes do povo do Recife.
É dentro do contexto desta busca que o PSOL abriu um diálogo com o deputado federal Paulo Rubem Santiago, do PDT, com vistas às eleições municipais de outubro. Paulo Rubem é parte da esquerda da cidade, com trajetória e biografia públicas e ligadas às causas populares. Da mesma forma são públicas também as diferenças que acumulamos com seus últimos movimentos políticos, em meio ao campo da frente popular em Pernambuco.
Em função desta biografia e suas dialéticas contradições, o PSOL abriu um diálogo bastante criterioso com o deputado, que pleiteia candidatura à prefeitura do Recife. Os critérios passaram, primeiramente, pela autorização do Diretório Nacional do PSOL para que fossem iniciadas conversas formais. Entendemos que seria uma atitude sectária de nossa parte não ouvir o deputado e não reconhecer seu esforço para firmar-se como candidato em meio a tantas adversidades. O diálogo, contudo, precisa ser vertical e essencialmente programático e construtivo.
Precisa ser vertical no sentido de que há poucos dias a nos separar do prazo final para apresentação das candidaturas. Essencialmente programático no sentido de que nosso foco deve ser viabilizar a mobilização honesta e estratégica da cidade em torno dos temas que lhe são mais caros. Construtivo no sentido de que deve servir para fazer avançar o posicionamento das esquerdas na superestrutura político-institucional de nossa cidade.
Portanto, aguardamos que o deputado realmente apresente-se como candidato oficializado e de forma independente, podendo assim entabular com outros setores a busca de um programa transformador para a nossa cidade, que em nossa visão passa por assumir compromissos públicos contra a ingerência das construtoras, como com o projeto “Novo Recife”; por discutir alternativas reais e estratégicas contra a supremacia do transporte individual e do modal rodoviário em nossa cidade, fazendo, por exemplo, a necessária crítica à política irresponsável do governo federal em dar cada vez mais incentivos à indústria automobilística e ao mesmo tempo não ter qualquer perspectiva de incentivar a cadeia produtiva dos modais sobre trilhos; por fazer a necessária crítica ao desmonte do SUS e seus impactos desumanizantes no universo dos nossos municípios; pela crítica à situação da educação em nossa cidade, em que os professores sequer recebem o piso nacional do magistério; pela denúncia da situação aviltante em que se encontram incontáveis famílias, em especial as mães de nossa cidade, que não dispõem de creches públicas para cuidarem de seus filhos enquanto se dedicam ao trabalho ou educação; pela crítica à desvalorização de nossos artistas e culturas populares e em favor da valorização plena das coisas de nossa gente; pela crítica à privatização da gestão pública e pela defesa decidida da participação popular e do controle social como mecanismos privilegiados de combate à corrupção e transformação inadiável de nossa democracia; e por fim, dentre várias outras questões obviamente, por posicionar-se no campo da oposição pela esquerda à atual gestão municipal.
É nesta perspectiva e com estas expectativas que o PSOL está abrindo este diálogo com o deputado Paulo Rubem. Queremos debater a cidade e mobilizá-la, acordo que já temos com o PCB. Se o deputado se soma a esta estratégia, amplificando nossa capacidade de diálogo com a sociedade recifense, não há porque não prosperar a construção de uma alternativa unitária e de esquerda a ser apresentada para a nossa cidade.