O Papa Francisco, que chega ao Brasil na próxima semana, terá uma agenda carregada e inúmeros encontros públicos, mas o Vaticano assegurou nesta quarta-feira que não há preocupação quanto a possíveis manifestações hostis e à sua segurança, enquanto ele circulará em um veículo aberto.
"Nós iremos ao Brasil confiantes na capacidade das autoridades de gerir a situação. Sabemos que as manifestações não são direcionadas ao Papa e à Igreja", explicou o padre Federico Lombardi, que respondeu a uma série de perguntas durante a apresentação desta primeira viagem do Papa ao exterior para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ).
Mais de um milhão de jovens de 170 países, principalmente da América Latina, são esperados no Rio de Janeiro.
Em junho, manifestações em massa foram organizadas em todo o país contra o preço dos transportes públicos, os gastos exorbitantes com a Copa do Mundo de 2014 e a corrupção.
"As autoridades do Vaticano confiam plenamente nas autoridades, que saberão tomar as medidas necessárias. No atual estágio, não esperamos inconvenientes para a JMJ. Todos irão compreender que a mensagem do Papa é uma mensagem de solidariedade", declarou Lombardi.
Ele também respondeu sobre as despesas da viagem: "quando temos despesas, é para pagar alguém por algum serviço, por um evento que é recebido positivamente pela maioria da população. Este dinheiro não é desperdiçado".
O porta-voz anunciou que o Papa Francisco "não utilizará o papa-móvel blindado" de seus antecessores.
"É uma escolha do Papa, em conformidade com o que ele tem feito aqui. Ele se sente bem assim, com este contato" com a multidão, indicou, revelando que haverá várias ocasiões em que o pontífice estará em contato com as pessoas durante a sua viagem.
Um veículo branco, igual ao utilizado na Praça São Pedro em Roma, e um verde, de reserva, já chegaram ao Rio.
Em relação à programação "leve" prevista para o Papa emérito Bento XVI, antes de sua renúncia em fevereiro, a "agenda foi adaptada, intensificada, enriquecida com certos eventos", declarou o porta-voz.
Ele citou a ida de helicóptero do Rio de Janeiro ao santuário mariado de Nossa Senhora Aparecida em São Paulo, a visita a pequena favela de Varginha, onde caminhará a pé e irá a uma casa para encontrar com um família.
Como em sua visita em 8 de julho a ilha italiana de Lampedusa, quando encontrou imigrantes africanos, "as personalidades políticas não serão convidadas para a visita a favela", mesmo se o Papa não "rejeita encontrar pessoas que têm responsabilidades" durante a sua visita.
Também estão previstos encontros com jovens detidos, dependentes de drogas e do álcool. Ele almoçará com doze jovens participantes e irá confessar um dos peregrinos.
No avião de Alitalia que o levará ao Rio, mas que ele pediu para não conceder "entrevistas individuais ou coletivas", mesmo que sejam "preparadas" (como era o caso com Bento XVI) ou "espontâneas" (como com João Paulo II).
"Se vocês fizerem perguntas de conteúdo -por exemplo sobre as manifestações sociais- vocês irão contra o seu desejo", preveniu o porta-voz, acrescentando que "o que ele quiser falar, ele dirá".
No Rio, Francisco se expressará "em espanhol, português e, talvez, italiano".
O Papa não previu encontrar vítimas de padres pedófilos: "isso é feito quando responsáveis locais da Igreja o pedem, quando o problema é muito sensível".