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O Papa Francisco denunciou nesta quarta-feira (24) "ídolos passageiros", como o dinheiro e o poder, em sua primeira missa pública na América Latina, no maior santuário católico do Brasil, dedicado à sua padroeira, Nossa Senhora Aparecida.

"É verdade que hoje em dia, em certa medida, todos, incluindo nossos jovens, se sentem atraídos por tantos ídolos que se colocam no lugar de Deus e parecem dar esperança: o dinheiro, o sucesso, o poder, o prazer", disse o Papa argentino, de 76 anos, diante de 200.000 fiéis.

O Papa Francisco, que chega ao Brasil na próxima semana, terá uma agenda carregada e inúmeros encontros públicos, mas o Vaticano assegurou nesta quarta-feira que não há preocupação quanto a possíveis manifestações hostis e à sua segurança, enquanto ele circulará em um veículo aberto.

"Nós iremos ao Brasil confiantes na capacidade das autoridades de gerir a situação. Sabemos que as manifestações não são direcionadas ao Papa e à Igreja", explicou o padre Federico Lombardi, que respondeu a uma série de perguntas durante a apresentação desta primeira viagem do Papa ao exterior para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ).

Mais de um milhão de jovens de 170 países, principalmente da América Latina, são esperados no Rio de Janeiro.

Em junho, manifestações em massa foram organizadas em todo o país contra o preço dos transportes públicos, os gastos exorbitantes com a Copa do Mundo de 2014 e a corrupção.

"As autoridades do Vaticano confiam plenamente nas autoridades, que saberão tomar as medidas necessárias. No atual estágio, não esperamos inconvenientes para a JMJ. Todos irão compreender que a mensagem do Papa é uma mensagem de solidariedade", declarou Lombardi.

Ele também respondeu sobre as despesas da viagem: "quando temos despesas, é para pagar alguém por algum serviço, por um evento que é recebido positivamente pela maioria da população. Este dinheiro não é desperdiçado".

O porta-voz anunciou que o Papa Francisco "não utilizará o papa-móvel blindado" de seus antecessores.

"É uma escolha do Papa, em conformidade com o que ele tem feito aqui. Ele se sente bem assim, com este contato" com a multidão, indicou, revelando que haverá várias ocasiões em que o pontífice estará em contato com as pessoas durante a sua viagem.

Um veículo branco, igual ao utilizado na Praça São Pedro em Roma, e um verde, de reserva, já chegaram ao Rio.

Em relação à programação "leve" prevista para o Papa emérito Bento XVI, antes de sua renúncia em fevereiro, a "agenda foi adaptada, intensificada, enriquecida com certos eventos", declarou o porta-voz.

Ele citou a ida de helicóptero do Rio de Janeiro ao santuário mariado de Nossa Senhora Aparecida em São Paulo, a visita a pequena favela de Varginha, onde caminhará a pé e irá a uma casa para encontrar com um família.

Como em sua visita em 8 de julho a ilha italiana de Lampedusa, quando encontrou imigrantes africanos, "as personalidades políticas não serão convidadas para a visita a favela", mesmo se o Papa não "rejeita encontrar pessoas que têm responsabilidades" durante a sua visita.

Também estão previstos encontros com jovens detidos, dependentes de drogas e do álcool. Ele almoçará com doze jovens participantes e irá confessar um dos peregrinos.

No avião de Alitalia que o levará ao Rio, mas que ele pediu para não conceder "entrevistas individuais ou coletivas", mesmo que sejam "preparadas" (como era o caso com Bento XVI) ou "espontâneas" (como com João Paulo II).

"Se vocês fizerem perguntas de conteúdo -por exemplo sobre as manifestações sociais- vocês irão contra o seu desejo", preveniu o porta-voz, acrescentando que "o que ele quiser falar, ele dirá".

No Rio, Francisco se expressará "em espanhol, português e, talvez, italiano".

O Papa não previu encontrar vítimas de padres pedófilos: "isso é feito quando responsáveis locais da Igreja o pedem, quando o problema é muito sensível".

Cerca de 20.000 argentinos devem viajar em julho para o Brasil para participar da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) e ver seu compatriota, o Papa Francisco, que fará a primeira viagem ao exterior desde a sua eleição, em 13 de março, informou à AFP uma fonte eclesiástica. "Estimamos que apenas da cidade de Buenos Aires teremos 5.000 participantes e acredito que seremos mais de 20.000 de todo o país", indicou Mario Miceli, responsável pela pastoral da juventude da arquidiocese de Buenos Aires.

Sob o lema "Somos a Diocese do Papa, a Igreja de Francisco", os jovens da capital argentina, cidade natal do ex-cardeal Jorge Bergoglio e agora pontífice, peregrinarão ao Rio de Janeiro para não perder o encontro que acontecerá entre os dias 23 e 28 de julho. Miceli lembrou que na JMJ passada, realizada em Madri, participaram cerca de 6.000 argentinos, mas que agora as condições mudaram muito e, neste caso, estão fazendo grandes esforços para levar os fiéis mais pobres, e não apenas aqueles em boas condiçõess financeiras.

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"Viajaremos de avião ou ônibus. Queremos que esta seja uma jornada diferente das anteriores, nas quais só puderam viajar pessoas de uma realidade socioeconômica melhor. Queremos uma representação social mais ampla e queremos que viajem pessoas das cidades mais pobres", afirmou.

A escolha de Francisco para o trono de Pedro despertou um grande fervor religioso em um país em que 75% da população se diz católica, segundo a Igreja, principalmente nos bairros pobres que o ex-arcebispo de Buenos Aires visitava com frequência. "Estamos trabalhando nos bairros, fazendo economias, recebendo contribuições, doações e fazendo várias atividades para arrecadar fundos para que aqueles que têm menos possam estar perto dele", explicou Miceli.

Os argentinos já têm em suas listas 11.871 jovens entre 14 e 35 anos, além de freiras e padres. Haverá cerca de 700 voluntários de várias dioceses do país e dezenas de bispos, de acordo com a Agência de Notícias Católica Argentina (AICA).

O Papa voltou a falar de sua "pátria amada" em uma carta enviada à presidente Cristina Kirchner, em ocasião da celebração da Independência argentina, em 25 de maio. Francisco enviou uma "cordial saudação em ocasião do Dia Nacional deste país amado" e os parabéns a "todos os argentinos". A JMJ, o grande encontro global de jovens com o Papa, reunirá no Rio de Janeiro cerca de 2,5 milhões de jovens, a maioria dos países da região.

Esta é a segunda vez que a conferência é realizada na América Latina, 26 anos depois da de Buenos Aires, presidida pelo então Papa João Paulo II. "Em julho, eu estarei no Rio de Janeiro para receber o mundo, juntamente com o Papa, o nosso pastor. E você?", indica um anúncio do site de uma empresa de viagens, que exibe com uma foto de seis freiras em hábitos brancos e, sobre eles, uma camisa com o logotipo da JMJ: um coração com o Cristo Redentor e a cruz peregrina, nas cores verde, amarelo e azul.

"Nós já estávamos organizando a viagem para a JMJ há meses, mas após a eleição de Francisco, a procura aumentou consideravelmente", contou Lucas Saladino, da Bramasole, uma empresa de turismo especializada em excursões religiosas.

A agência, que visa um público mais velho e de alto poder aquisitivo, esgotou seu pacote de 30 lugares a um custo de 1.490 dólares. Outro pacote ainda disponível oferece mais conforto, incluindo sete noites em um hotel e translado para Guaratiba, onde o Papa celebrará a vigília e a missa da JMJ, por 2.600 dólares.

A expectativa é de que os argentinos sejam os estrangeiros em maior número presentes no Brasil para o evento.

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