O empresário Otávio Fakhoury foi confrontado na CPI da Covid sobre sua relação com o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e disse que conheceu o filho do presidente em 2019, quando ingressou no PSL como tesoureiro. Fakhoury alegou não ser amigo pessoal do deputado, mas confirmou ter repassado R$ 200 mil ao Instituto Conservador Liberal, fundado pelo filho do presidente.
Segundo o empresário, foi feito um contrato de doação para a realização de uma conferência. Fakhoury negou que o dinheiro tivesse relação com financiamento para a campanha eleitoral em 2018.
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Ele também disse nunca ter discutido com Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) acerca de material de propaganda a ser divulgado em redes sociais.
Em relação aos planos de comprar emissoras de rádio, Fakhoury esclareceu que pediu que o deputado indicasse donos de rádios para que ele pudesse negociar. Segundo o empresário, nenhum órgão público foi procurado.
'Filantropia'
Perguntado por Renan Calheiros e Randolfe Rodrigues sobre uma série de pagamentos efetuados e recebidos por ele, Otávio Fakhoury alegou contratos privados e filantropia. Entre os beneficiários dessas doações constam o Centro de Estudos da Liberdade, que ele definiu como "uma entidade criada para divulgar e passar os preceitos da liberdade", e duas igrejas, segundo o depoente frequentadas por ele próprio e pela mãe. Sobre R$ 24 milhões recebidos de uma pessoa física, alegou ter vendido um apartamento na avenida Vieira Souto, em Ipanema, no Rio de Janeiro.
Financiamento da Força Brasil
Antes do intervalo da reunião da CPI, Otávio Fakhoury, em resposta a Renan Calheiros (MDB-AL), confirmou que é vice-presidente do Instituto Força Brasil (IFB) e que financiou os custos para que a entidade passasse a existir formalmente. Ele disse que começou a ajudar filantropicamente o IFB após pedido do presidente do instituto, coronel Hélcio Bruno, e que não possui nenhuma gerência ou ato de gerência em relação às ações desempenhadas pela entidade.
Quando questionado pelo relator sobre os conteúdos “negacionistas” publicados no site da entidade, ele disse desconhecer, mas ressaltou que a gestão do portal é feita pela equipe que fica em Brasília. Renan ainda quis saber se ele continuava financiando o IFB. Após Fakhoury afirmar que tinha interrompido, o relator exibiu comprovantes de que foram feitos repasses de R$ 80 mil até julho deste ano.
Davati
Fakhoury negou conhecer detalhes da relação da empresa americana Davati — que tentou intermediar a venda de vacina AstraZeneca ao Ministério da Saúde — com o Força Brasil. O empresário também disse desconhecer quem apresentou a empresa americana a Élcio Franco, ex-secretário-executivo do ministério.
Marcos Tolentino
Entre os questionamentos ao empresário, Renan quis saber se Otávio Fakhoury conhece empresário Marcos Tolentino, dono da emissora de televisão Rede Brasil e apontado como sócio oculto da FIB Bank. A FIB ofereceu uma garantia irregular à Precisa Medicamentos para a compra da vacina Coxavin pelo Ministério da Saúde. "Não tenho conhecimento", disse Fakhoury sobre a garantia.
Apesar de afirmar não conhecer Tolentino, F akhouryadmitiu, no entanto, que transferiu R$ 40 mil ao apresentador Fabrizio Fasano Jr. em novembro do ano passado. Fasano Jr. comanda o programa “Coliseum”, veiculado pela Rede Brasil.
Fakhoury não detalhou a natureza do repasse, mas informou que vai enviar cópia do contrato para a comissão de inquérito. "Foi uma ajuda direta para uma pessoa. Um contrato que eu tinha com ele, de uma pessoa privada para outra", disse.
Da Agência Senado