Passar uma jornada inteira de trabalho sentado em uma cadeira é tarefa comum para os operadores de call center. Mas não se locomover por muito tempo, ficar em excesso com fones de ouvido e trabalhar com a voz podem ocasionar muitos problemas na vida do funcionário, que ele, no entanto, poderá perceber apenas depois de algum tempo.
O atendente de call center é responsável por receber ligações de consumidores que querem dar sugestões, fazer reclamações e pedir informações, além de vender, por telefone, os produtos oferecidos pelas empresas onde atuam. Porém nem sempre são bem recebidos por quem está do outro lado da linha, gerando certo stress para esse encarregado da função. Sendo assim, o funcionário acaba por não cuidar da saúde.
##RECOMENDA##No Recife a empresa Contax, apenas na última seleção, abriu vagas para contratar mais de 1,4 mil pessoas. A ex-funcionária da empresa, Talita Oliveira, conta que “o público alvo das vagas são universitários que precisam de uma renda a mais para se manter em uma faculdade, no entanto há muita evasão de funcionários”.
Talita Oliveira deixou a função de atendente de call center há dois meses. De acordo com ela, o ambiente estressante exige paciência. Porém a empresa oferecia toda formação possível sobre os cuidados necessários a se tomar com o corpo. “Na Contax tem profissionais de ginástica elaboral, que ajudam com exercícios e com correção da postura. Mas nada evitou que eu tivesse tendinite, e os médicos alegaram que a lesão no braço foi por esforço repetitivo por passar o dia digitando”, completa.
A fisioterapeuta Bárbara Cavalcanti alerta para cuidados que os atendentes de call center devem tomar. “Ficar muito tempo sentado compromete circulação e postura, por isso é adequado que o funcionário faça uma caminhada pela empresa durante seu horário de intervalo. Além de ser recomendado que toda companhia possua uma equipe médica especializada em prevenção, que faça os profissionais se alongarem antes e depois do trabalho”, garante.
De acordo com a médica, é importante que a postura esteja correta. Para isso o funcionário deve sentar em cima dos túberos isquiáticos (dois ossos localizados nos quadris). A cadeira não pode ser muito alta e os pés devem estar apoiados no chão em posição neutra, se a pessoa não conseguir alcançar todo o chão, deve usar um apoio.
Bárbara Cavalcanti aproveitou para também alertar sobre a visão. “A tela do computador deve estar na linha dos olhos, e não deve ter janela nem à frente dele para não encadear a vista, nem atrás porque promove reflexo na tela, que vai exigir um esforço na visão do atendente”, destaca.
A atendente Talita Oliveira conta que muitas vezes ao final do dia, ela sofria algumas falhas na voz. “As falhas vinham carregadas da necessidade de ‘limpar a garganta’, por passar o dia todo falando ao telefone. Isso acontecia sempre no início do mês, pelo aumento do fluxo de ligações”, comenta.
Sobre isso, o fonoaudiólogo Elton Fernandes explica que os atendentes de call center, mesmo com tempo de trabalho reduzido em relação a outros profissionais, possuem uma sobrecarga pela demanda de uso da voz. “As ligações praticamente são ininterruptas e muitos atendentes, para cumprir as metas da empresa, são estimulados a atenderem ligações sem uma pausa devida”, acrescenta.
Para os profissionais não terem tantos desgastes com a voz, o fonoaudiólogo dá as dicas. “É necessário hidratar a garganta com a ingestão de no mínimo dois litros de água por dia. Na hora do trabalho, a água deve ser ingerida em pequenos goles, porque engolir vai facilitar a movimentação da laringe, ajudando na liberação de tensões que possam se estabelecer na região do pescoço. Outra coisa benéfica é pingar poucas gotas de limão na água, que ajuda na liberação de mais saliva, que vai diminuir a sensação de ‘garganta seca’. Os refrigerantes não são indicados nessa hidratação”.
O cuidado com a audição também é imprescindível. Elthon Fernandes garante que as empresas precisam se preocupar com profissionais que possam apresentar problemas com a escuta. “É necessário que o call center faça um teste de audiometria no processo de seleção, porque isso é o que afirma a condição saudável da audição para esse tipo de trabalho”, argumenta.
“É aconselhável que o operador de teleatendimento alterne o fone, mais conhecido como handset, entre os dois ouvidos durante o dia de trabalho. E o volume apropriado desse fone é de 60dB, que representa o ideal para exposição ao ruído”, conclui Elthon Fernandes.
Se o profissional obedecer todo o procedimento correto com o uso do corpo, voz e audição, além de ter um acompanhamento médico, não precisa se preocupar com esses problemas.
Confira no vídeo mais sobre o assunto:
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