Apesar de ser sobre sua cidade-irmã, essa matéria vai começar falando sobre o Recife. Além de ser conhecida pelos rios, pontes e overdrives, a Veneza Brasileira também é famosa por suas histórias de assombrações e lendas urbanas. A emparedada da Rua Nova e a Perna Cabeluda, por exemplo, são apenas alguns dos causos que rondam o imaginário de moradores e visitantes desde que a cidade se entende por cidade e confere a ela o título de ‘mal assombrada’.
Mas, ao que tudo indica, Olinda, município irmão e vizinho da capital pernambucana, também guarda seus mistérios assombrosos e tem tudo para entrar no rol de lugares mais aterrorizantes do país. Pelo menos, se depender dos relatos dos seguidores da página de humor Olinda Ordinária, que atenta ao assunto, começou a reunir relatos de casos insólitos ocorridos na Marim dos Caetés e lançou a série Assombração Ordinária.
##RECOMENDA##Tudo começou após um seguidor enviar ao perfil um vídeo de uma "luz estranha" no céu do bairro Cidade Tabajara, próximo ao Cemitério Morada da Paz. Logo após a postagem desse conteúdo, o direct da página começou a 'bombar' de reações e comentários a respeito do tema e o administrador da conta - que guarda ele próprio um mistério quanto à sua identidade - decidiu lançar a série de 'malassombros' olindenses.
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Em entrevista exclusiva ao LeiaJá, o ‘adm’ do Olinda Ordinária, morador da primeira Capital Brasileira da Cultura "desde novinho", contou que ficou admirado com a resposta positiva dos seguidores. Rapidamente, os relatos foram chegando aos montes e ele mergulhou em uma espécie de curadoria para repostar os recebidos até mesmo porque "o povo manda muita besteira também".
Entre as histórias compartilhadas, estão a de uma moça que viu o fantasma de um senhor dentro de uma casa antiga situada na Bica do Varadouro, a Bica de São Pedro. A 'visagem' seria de um velhinho, morador único da residência, que havia falecido há pouco tempo. "Até hoje eu não olho para essa casa. Medo é muito", disse a seguidora em seu relato. Já uma outra história dá conta de que no Cemitério do Guadalupe, após às 16h, uma assombração aflita aborda os passantes perguntando, bem em seus ouvidos, a que horas acontecerá o enterro.
É impossível atestar a veracidade dos 'causos' que a página vem recebendo mas o fato é que já tem história sendo reconhecida por diferentes moradores da cidade, cada qual com seu 'ponto' para acrescentar no 'conto'. Tal história é a de um terreno, localizado no Bairro Novo, onde antigamente funcionava um hospital psiquiátrico.
Após o fechamento da unidade de saúde, o prédio acabou virando uma escola e, posteriormente, um condomínio de quatro edifícios. Diversas pessoas, entre ex-alunos, ex-professores e ex-moradores e visitantes do local, compartilharam relatos semelhantes, de ruídos estranhos, gritos vindos não se sabe de quem, portas batendo aleatoriamente, passos e barulho de móveis que não existiam sendo arrastados.
Ao que tudo indica, nem só de lembranças do Carnaval vivem as ruas e ladeiras de Olinda. Foto: Júlio Gomes/LeiaJáImagens/Arquivo
O próprio administrador da página encontrou identificação nesses relatos. Ele conta que, quando criança, costumava jogar bola com a molecada da rua em um terreno desocupado localizado em frente à casa de um senhorzinho, Seu Zoroastro, o Seu Zó, figura muito querida por toda a vizinhança. "Durante o dia, a gente brincava nesse campinho, comprava chiclete na vendinha de Seu Zó, mas à noite, a gente tinha medo de ir lá porque tinha muito mato, as janelas ficavam abertas... Era muito doido".
Tempos depois, Seu Zó acabou virando caseiro do 'famigerado' terreno que abrigou o antigo hospital e ninguém mais soube dele após a abertura do colégio. Teria Seu Zó mais histórias sobre o lugar aparentemente 'malassombrado'? Ninguém saberá responder. "Eu fiquei meio chocado com essa história, quando lembrei. Isso me chamou muita atenção por conta dessa coincidência, pelo fato de eu ter conhecido Seu Zó e ambos os terrenos que ele tomava conta terem apresentado medo a alguém", disse o adm.
Independente de serem reais ou não, todas essas histórias têm rendido momentos de descontração e até muitas risadas para os seguidores do Olinda Ordinária - e talvez, um pouquinho de medo também. Obviamente, uma cidade com 485 anos de fundação tem mesmo muita história para contar e algumas delas podem ser um tanto diferentes e até fantasmagóricas. Por que não? Para o ‘adm’ do perfil, Olinda tem sim potencial para virar um novo destino 'malassombrado', tal qual o Recife: "São cidades irmãs e podem ter semelhança nisso também".