Cinco suspeitos do estupro coletivo de uma estudante em Nova Délhi ouviram as acusações da Justiça nesta segunda-feira (7), em um clima de agitação e revolta gerado pelo caso, que chocou o país.
Os réus, com idades entre 19 e 35 anos, enfrentam a pena de morte pelo sequestro, estupro e assassinato de uma estudante de 23 anos em 16 de dezembro.
Segundo uma fonte da justiça, dois dos agressores concordaram em colaborar, em troca de uma pena mais branda.
"A ata de acusação foi entregue aos acusados e a próxima audiência acontecerá no dia 10 de janeiro", anunciou Namrita Aggarwal, magistrada no tribunal de Saket, no sul de Nova Délhi, após a audiência a portas fechadas para manter a ordem em meio a uma multidão caótica de advogados e jornalistas.
Os advogados reunidos no complexo judicial de Saket se manifestaram contra uma defesa conferida aos réus, que vivem nas periferias de Nova Délhi.
Na semana passada, os advogados consideraram ser "imoral" defender os réus, apresentados como Ram Singh, Mukesh Singh, Vijay Sharma, Pawan Gupta e Akshay Thakur.
Eles eram esperados para comparecer diante do tribunal na quinta-feira passada, mas não foram apresentados.
O sexto acusado, que teria 17 anos, foi submetido a exames ósseos para verificar a sua idade para ser julgado por um tribunal para jovens.
Na Índia, os réus geralmente são levados à justiça meses após o crime, mas, neste caso, o processo foi acelerado.
A natureza particularmente brutal desta agressão causou manifestações em massa e provocou um intenso debate sobre a violência contra as mulheres e a apatia da polícia e da justiça diante este tipo de crime, que muitas vezes permanece impune.
Os réus foram apresentados pouco mais de uma semana depois da morte da jovem em um hospital em Cingapura, para onde havia sido transferida após três cirurgias e uma parada cardíaca.
A polícia montou um forte esquema de segurança para a audiência, por temores de ataques contra os réus. Um homem foi preso na semana passada ao tentar plantar uma bomba perto da casa de um deles.
De acordo com especialistas, o tribunal deverá transferir o caso para outra Corte com poderes para acelerar a instrução.
A vítima, cujo nome deve permanecer anônimo em virtude da lei relativa ao estupro, tinha passado a noite no cinema com o namorado, de 28 anos de idade.
Depois de tentar em vão parar vários riquixás, o casal entrou em um ônibus, que estava ocupado por um grupo de homens que tomaram o veículo para uma "noitada".
Os homens estupraram várias vezes a estudante, que foi agredida com uma barra de ferro e jogada para fora do veículo seminua. Seu companheiro também foi espancado e jogado do ônibus, de acordo com o próprio testemunho da acusação e o namorado.
No sábado, a promotoria indicou que os vestígios de sangue encontrados nas roupas dos acusados correspondiam ao sangue da vítima.
Em entrevista à AFP e a um canal de TV indiano, o namorado da vítima afirmou na sexta-feira a sua incapacidade de salvar a jovem diante da crueldade dos agressores. Ele também denunciou o tempo perdido pela polícia e a indiferença dos transeuntes, enquanto o casal sangrava na estrada.
Muitas pessoas, incluindo da família da vítima, exigem o enforcamento dos autores.