O projeto de revitalização do Canal do Arruda prevê a construção de três áreas de lazer, 7,4 km de ciclovias, 2,5 km de pista de Cooper, quiosques, além de passeio público e passarelas para pedestres. O projeto foi anunciado, sem tantos detalhes, ainda no começo de 2013, mas ainda engatinha . De acordo com a Empresa de Urbanização do Recife (URB), já foi realizada a dragagem do trecho que vai da Avenida Norte até o Rio Beberibe. Estão em execução agora os serviços de limpeza de canal – famoso por sua sujeira - com a reposição e instalação de placas de revestimento.
Apesar de todos os benefícios que o projeto promete trazer, atualmente ele vem sendo alvo de protestos. As árvores que estão na altura do Estádio do Arruda, margeando o canal, receberam cartazes na última quarta-feira (26). Nas cartolinas, frases como “Não me mate”, “Não mereço morrer” e “GeJu braços de motoserra”.
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Para que o projeto saia do papel, a URB contabiliza que pelo menos 40 árvores devam ser retiradas do local. A notícia não foi bem recebida e grupos estão se unindo em defesa das plantas.
Entre os manifestantes estão os torcedores do Santa Cruz, do Movimento Popular Coral, que entendem que aquelas árvores possuem valor histórico para o clube. Eles têm esclarecido os demais torcedores sobre a causa e garantem estar conseguindo mais apoio.
O Movimento Popular Coral, criado desde 2012, vive praticamente nas redes sociais, com uma página no Facebook que possui mais de 6,6 mil curtidas. O grupo se focava em defender questões mais internas relacionadas ao torcedor tricolor, como preço dos ingressos. “O movimento está ampliando. Vamos participar de causas mais populares, porque o clube do Santa Cruz é de essência popular”, diz o líder Bruno Lima. Esta não é a primeira manifestação deles, mas é a mais expressiva.
Além do Movimento Popular Coral, participam dos atos a Associação Metropolitana de Ciclistas do Recife (AMECICLO) e o Movimento Casa Amarela Saudável e Sustentável, entre outros. Em sua página no Facebook, a AMECICLO declarou que “derrubar árvores pra fazer ciclovias é gerar uma solução para o ciclista acompanhada de um problema para toda sociedade”.
“É muito bom que queiram construir uma ciclovia, mas vamos fazer algo com um mínimo impacto ambiental. Vamos redimensionar, tirar estacionamento de carro, para que as pessoas possam passar com segurança e, principalmente, dar segurança viária em toda aquela avenida porque transitam muitas pessoas”, sugere Cristiane Crespo, coordenadora da AMECICLO, “Mas o que a gente vê hoje é a motosserra descaracterizando a nossa cidade”, conclui. Eles questionam a falta de participação popular no projeto e pedem que todos os detalhes sejam divulgados para que possam dar sugestões.
Ao longo do canal existem 700 árvores. A URB reforça que, no final da obra, haverá mais de 1400. Para Bruno Lima, do Movimento Popular Coral, isto precisa ser estudado com mais calma. “Aquelas árvores não cresceram da noite para o dia. Elas têm 20, 30 anos. Para derrubar, para plantar muda, não compensa. Mudas não são árvores”, diz.
Bruno procurou a diretoria do Santa Cruz para conseguir apoio. Ele ouviu que uma nota apoiando a causa já teria sido redigida e aguarda apenas a autorização do presidente do clube para ser publicada. O movimento cogitou fazer algum ato em dia de jogo do Santa Cruz, mas o calendário da Série B não tem facilitado.
De acordo com a URB, a compensação ambiental será feita na área do canal e as árvores que serão retiradas estão doentes, tombando ou inadequadas ao paisagismo urbano e que, por isso, estariam quebrando calçada e comprometendo a estrutura do equipamento público. No primeiro trecho a ser trabalhado, entre a Avenida Beberibe e a Rua Petrolina Botelho, onde 40 árvores estão para serem tiradas, a URB garante que todas as que serão plantadas vão ser adultas, com o mínimo de quatro metros de altura.