Representantes da luta popular em Pernambuco, tendo à frente o Movimento De Luta em Bairros, Vilas e Favelas (MLB-PE), realizaram na manhã desta terça-feira (22) um protesto em uma unidade do Carrefour na Torre, na Zona Norte do Recife. A ação ‘Natal Sem Fome’, realizada anualmente para conseguir a entrega de cestas básicas às famílias assessoradas em estado de vulnerabilidade social, foi acompanhada de denúncias contra os altos preços dos alimentos.
O grupo também protestou contra a suposta conduta racista da rede, em decorrência do assassinato do trabalhador João Alberto Freitas, de 40 anos, assassinado pelos seguranças de uma unidade do Carrefour em Porto Alegre.
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Também fizeram parte da articulação os a União da Juventude Rebelião (UJR-PE), a União dos Estudantes Secundaristas de Pernambuco (UESPE), o Movimento Olga Benário Pernambuco e o Movimento Luta de Classes (MLC). Segundo a coordenadora do núcleo estadual do MLB, Natalia Lucia foram reunidas cerca de 300 pessoas na ocasião, a maior parte delas famílias de ocupações assessoradas pelo movimento.
Como a ação ocorre todos os anos, passando por diferentes estabelecimentos comerciais, o LeiaJá perguntou à coordenadora se a escolha de 2020 teve algum motivo especial.
“Primeiro, pela questão do assassinato do jovem trabalhador (em Porto Alegre). Todo ano a gente organiza essa atividade, já fizemos em shoppings, em Recife e Olinda. Esse ano foi especificamente no Carrefour porque a gente quis denunciar a questão do racismo. A maioria das famílias com quem a gente trabalha são negras e aí vimos a necessidade de fazer uma atividade simbólica, com um peso maior”, explicou a militante.
Um ofício solicitando a entrega de 1000 cestas básicas a famílias pobres do Recife já havia sido enviado com antecedência, mas não se obteve resposta.
A visita ao supermercado passou por momentos tensos. Começando por volta das 9h30, a reunião foi interrompida por equipes do Grupo de Apoio Tático Itinerante (Gati) da Polícia Militar de Pernambuco. Segundo Natalia, os agentes foram acionados pelo estabelecimento e a princípio quiseram intimidar os manifestantes.
Em vídeo, os policiais estão sem identificação nos uniformes, mas é possível identificar seus rostos e o que é conversado com um outro coordenador do MLB, Davi Meira. Os PMs argumentam que foram chamados porque a situação se tratava de agitação em um local privado, e a rede teria o direito de recorrer.
Após algumas horas sem chance de diálogo, o gerente da loja aceitou conversar com os movimentos presentes. Em um acordo na presença de um advogado, o Carrefour aceitou a submissão do ofício à matriz no estado de São Paulo. Nesse novo documento, foram solicitadas apenas 300 cestas básicas, que devem contemplar as famílias presentes no ato.
O LeiaJá tentou entrar em contato com a unidade em questão, mas não obteve sucesso. O Carrefour tem até o fim da tarde desta terça, conforme acordo, para dar um retorno sobre a participação no ‘Natal Sem Fome’. O MLB-PE informa que, caso não haja confirmação das entregas, realizará um outro protesto sem aviso prévio na mesma loja no Grande Recife.