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A hemorragia pós-parto é a principal causa de mortes maternas no mundo, principalmente em países de baixa e média renda, com recente aumento importante de sua incidência também em países de alta renda. A maior parte destas mortes são consideradas evitáveis, por falha na assistência e, por isso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o uso de treinamentos de simulação para reversão deste panorama.

Nos Estados Unidos e na Europa a educação para profissionais de saúde baseada em simulação já é realidade na maioria dos centros de formação profissional, há cerca de 10 anos. No Recife, a oportunidade está chegando agora com o Centro de Simulação (CSim) da FPS, o primeiro programa de simulação externo à Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein afiliado ao Centro de Simulação Realística (CSR) Albert Einstein, de São Paulo.

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“A simulação médica é fundamental porque é uma oportunidade eficiente de, em um ambiente seguro de aprendizagem, ou seja, sem risco para o paciente, treinar até chegar à excelência. Ajuda também na auto-regulação emocional do profissional e busca diminuir o surgimento de eventos adversos, reconhecidos pela OMS como um problema de saúde pública”, explica Brena Melo, coordenadora do Centro.

Com relação à saúde de gestantes, a simulação ajuda na melhoria da proposta que está incluída nas metas do milênio, estabelecidas pela Organização das Nações Unidas (ONU), conhecida como Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM). A prevenção da hemorragia pós-parto e de outros eventos adversos que possam causar a morte materna é importante para alcançar esse propósito.

Situação de risco

Quando o assunto é a segurança do paciente, os eventos adversos estão, na maior parte das vezes, associados à falha de comunicação ou falta de consciência situacional, e o profissional pode falhar no estado de alerta ou na identificação dos fatores de risco. Brena Melo explica que, “muitas vezes, a equipe de saúde até saberia o que deveria ter sido feito, mas não foi comunicada de maneira adequada ou não reconheceu as situações de risco a tempo”.

“Infelizmente, este tipo de situação não é rara e está geralmente associada a um final de plantão ou mudança de setor, situações com potencial de aumentar as falhas de comunicação. Um profissional de saúde que exerce sua função com competência precisa integrar habilidade, conhecimento e atitude. E, nesse tipo de treinamento de simulação, existe a oportunidade disso ser realizado”, explica a coordenadora, que levou o tema para o 60º Congresso Brasileiro de Ginecologia e Obstetrícia, no Rio de Janeiro, em palestra sobre como o treinamento pode reduzir as mortes maternas no ambiente hospitalar.

Da assessoria

A mortalidade materna registrou uma queda expressiva no mundo nos últimos 25 anos, mas apenas nove países alcançaram as metas da ONU nesta área, segundo um estudo publicado nesta quinta-feira (12) pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

"O relatório mostra que no fim de 2015 a mortalidade materna global terá registrado uma redução de 44% na comparação com o nível de 1990", afirmou Lale Say, coordenadora do departamento de saúde genética da OMS. "É um progresso enorme, mas os progressos são desiguais no mundo porque 99% das mortes acontecem nos países em desenvolvimento", completou durante uma entrevista coletiva.

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Melhorar a saúde das mães era um dos oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) aprovados no ano 2000. O quinto era reduzir em 75% a mortalidade materna entre 1990 e 2015.

Segundo o estudo, publicado simultaneamente na revista médica britânica The Lancet, 303.000 mulheres morreram em 2015 em consequência de complicações durante ou depois da gravidez, durante o parto ou nas semanas posteriores.

Atualmente a taxa de mortalidade materna é de 216 mortes para cada 100.000 nascimentos, contra o índice 385 mortes para cada 100.000 partos em 1990.

As complicações durante a gravidez ou o parto representam a principal causa de óbito entre as adolescentes na maioria dos países em desenvolvimento.

Apenas nove países (Butão, Cabo Verde, Camboja, Irã, Laos, Maldivas, Mongólia, Ruanda e Timor Leste) conseguiram alcançar a meta da ONU. Outras 39 nações registraram "progressos significativos", afirmou Lale Say.

Os maiores avanços aconteceram no leste da Ásia, com uma redução de 72% da mortalidade materna entre 1990 e 2015.

A África Subsaariana continua sendo a região mais afetada, com 66% dos casos (duas mortes em cada três), segundo a OMS. Apesar do número, a situação na região melhorou e a taxa de mortalidade caiu 45% em 25 anos (de 987 mortes para cada 100.000 nascimentos a 546).

Nos países desenvolvidos, a mortalidade materna caiu 48%.

Apesar dos avanços, a ONU estabeleceu uma nova meta: menos de 70 mortes para cada 100.000 nascimentos até 2030.

A cidade do Recife registrou uma redução de mortalidade por complicações durante a gravidez nos últimos quatro anos. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a razão de mortalidade chegou a 40,48 em 2011 em comparação aos 71,87 registrados em 2008, para cada cem mil nascidos vivos.

Os motivos que podem ter contribuído para essa redução foram os avanços no modelo de gestão da Saúde Municipal, as ações do Sistema Único de Saúde (SUS) Recife desenvolvidas na Atenção Básica, como o aumento da cobertura do Programa Saúde da Família, que em 2011 atingiu a marca de 60%, beneficiando quase um milhão de pessoas, além da melhora da qualidade do pré-natal com articulação em rede pública. 

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Para marcar o Dia Nacional de Redução da Mortalidade Materna, que será comemorado na próxima segunda-feira (28), a Unidade de Saúde da Família Planeta dos Macacos I, em Jardim São Paulo, zona oeste do Recife, realizará atividades, a partir das 14h, como palestras, exibição de vídeos e distribuição de material educativo para mais de 80 mulheres que deverão participar do evento. 

A redução da mortalidade materna em 2011 pode ser uma das maiores dos últimos dez anos, de acordo com informações apresentadas hoje pelo Ministério da Saúde. Dados preliminares indicam que, no primeiro semestre do ano passado foram contabilizados 705 óbitos por causas obstétricas. Isso representa 19% a menos do que o registrado no mesmo período de 2010, quando foram notificadas 870 mortes.

Apesar da redução, os indicadores ainda estão longe da meta traçada para 2015, dentro dos Objetivos do Milênio, que é de no máximo 35 mortes maternas por cada 100 mil nascidos vivos. Em 2010, essa relação era de 68. "Não desistimos. Temos de intensificar as ações para redução, mas vamos trabalhar para isso", afirmou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.

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Não há como fazer previsão de qual é a relação de mortes por nascidos vivos no primeiro semestre de 2011, de acordo com Ministério da Saúde. Isso porque eles somente têm números fechados das mortes informadas e não dos nascimentos. A maior redução dos índices foi registrada entre 1990 e 2000, quando a relação de mortes por 100 mil nascidos vivos passou de 141 para 86. Na década seguinte a redução foi menos acentuada.

Entre 2000 e 2010, mortes maternas por aborto passaram de 6,3 por 100 mil nascidos vivos para 4,4 por 100 mil nascidos vivos - uma queda de 32%. Com essa mudança, o aborto passou de 4ª para 5ª causa de mortalidade materna, atrás de hipertensão, hemorragias, infecção puerperal e doenças do aparelho respiratório. O ministro atribui a mudança a uma melhora no atendimento para mulheres vítimas de violência. Atualmente existem no País 557 serviços para fazer esse atendimento - incluindo a oferta de pílulas do dia seguinte, para evitar gravidez indesejada.

Se o ritmo de queda da mortalidade materna no País permanecer nos níveis de hoje, o Brasil só conseguirá atingir a meta pactuada entre os países da Organização das Nações Unidas (ONU) para 2015 após o ano de 2040. A estimativa foi feita em artigo publicado na revista The Lancet.

Segundo pesquisadores do Institute for Health Metrics and Evaluation, da Universidade de Washington, o Brasil está no grupo dos 31 países que devem atingir a meta de redução da mortalidade infantil até 2015.

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No entanto, apenas nove países conseguirão atingir esses dois objetivos do milênio até 2015: China, Egito, Irã, Líbia, Maldivas, Mongólia, Peru, Síria e Tunísia.

O País avançou nos dois indicadores, principalmente graças à implantação do Sistema Único de Saúde (SUS) e à universalização do atendimento. Entre 1990 e 2000, segundo o artigo, a mortalidade de crianças menores de 5 anos caiu a uma taxa de 5,2% ao ano.

"Após esse período, o ritmo diminuiu, mas a tendência de queda ainda é forte e o País deve atingir a meta", afirma Haidong Wang, coautor do estudo.

A mortalidade materna caiu cerca de 2,5% ao ano entre 1990 e 2000. Mas entre 2000 e 2011 a taxa anual foi de apenas 0,3%. "Muito inferior que a média de 3,6% que verificamos no resto do mundo", conta Wang.

Uma das causas apontadas pelo pesquisador é o elevado índice de cesarianas no País - algo em torno de 47%. Na saúde suplementar, o índice chega a 90%, enquanto no SUS é de 37%. O recomendado pela ONU é, no máximo, 15%. A cesariana está mais associada a complicações que podem levar à morte.

Esse fator também é apontado por Alby Duarte Rocha, coordenador do Observatório Regional Base de Indicadores de Sustentabilidade (Orbis). Rocha também ressalta o crescimento no número de mulheres que têm o primeiro filho com idade avançada.

Maria Aparecida Udenal, do Movimento Nacional pela Cidadania e Solidariedade, afirma que 80% das mortes relacionadas à gestação e parto são por causas evitáveis. Segundo elas, as principais são infecção hospitalar e erros durante o atendimento.

Todos esses pontos fazem parte da estratégia Rede Cegonha, um dos principais programas lançado por Dilma Rousseff, afirma Helvécio Magalhães, secretário de Atenção à Saúde do Ministério. Ele admite que não será possível atingir o objetivo do milênio até 2015, mas contesta a estimativa pessimista publicada na revista The Lancet.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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