O estúdio Pixar recorre, pela primeira vez, ao passado de seus personagens, ao narrar, em "Universidade Monstros", o incrível encontro entre dois personagens muito queridos, apesar de monstruosos, o pequeno e esverdeado Mike e seu único olho enorme, e o gigante de pelo azul Sulley, que protagonizaram em 2001 o sucesso"Monstros S.A.".
O 14° longa-metragem do estúdio, comprado pela Disney em 2006 e que já venceu vários Oscar, estreia na sexta-feira nos Estados Unidos e no Brasil. Apesar da Pixar já ter produzido sequências ("Carros 2", "Toy Story" 2 e 3), esta é a primeira vez que lança uma "prequência", ou seja, uma trama que se desenvolve antes do filme original.
##RECOMENDA##
"Monstros S.A.", considerado uma obra-prima de tom poético, criou um mundo de monstros onde a energia é gerada pelos gritos de sustos das crianças. Assim, um exército de criaturas espantosas é enviado com frequência aos quartos dos pequenos para provocar gritos os mais fortes possíveis.
Sulley, uma espécie de híbrido entre um 'Pé Grande' e um urso azul, era um dos principais "assustadores", fielmente auxiliado pelo amigo Mike, o pequenino monstro apelidado pela namorada de "zoiudinho da mamãe".
"Universidade Monstros" mostra o momento em que os amigos se conheceram na faculdade, onde Sulley já se destacava como o melhor monstro do campus e Mike, tímido e trabalhador, sonhava entrar para a elite dos assustadores, apesar das poucas aptidões. "Sempre quisemos contar como Mike quis tanto virar um 'assustador'", explicou à AFP Dan Scanlon, diretor do filme. "Sabíamos que o coração da história era observar como alguém reage quando está diante de uma parede, quando as portas são fechadas para você", completou.
Mas ele destaca que era necessário encontrar a história para contar a ideia. "Tínhamos a universidade, certo, mas o que eles faziam lá?".
Scanlon, que dirigiu seu primeiro longa-metragem para a Pixar, sentia durante os primeiros meses de desenvolvimento que não havia uma verdadeira história. "Havíamos tomado um caminho sem muita substância. Às vezes parecia uma história sem motor, que hesitava e se perdia", disse.
Até que surgiu uma ideia: Mike e Sulley, demitidos do programa de assustadores por mau comportamento, são condenados a integrar o clube de estudantes "Oozma Kappa", para onde são enviados os monstros indesejados e perdedores. "Acredito que quando introduzimos o grupo de perdedores, a equipe Oozma Kappa, a história ganhou vida", disse Scanlon.
"Porque isto deu a oportunidade a Mike e Sulley de tomar os demais sob sua asa. Isto mudou completamente a história e sentimos que estávamos no caminho correto".
De fato, como é habitual, a Pixar consegue ir além do mero prazer visual para abordar temas mais profundos e inesperados para um público jovem, como o de aceitar a dura realidade e, inclusive, aprender a abrir mão dos sonhos.
No entanto, o filme é também uma ode à amizade, que significa transcender divergências e obstáculos. "A amizade ocupa grande parte do filme. Quando conhecemos Mike e Sulley, descobrimos que são muito diferentes do que serão em Monstros S.A.", destaca o diretor.
"De certa forma, o filme mostra como os amigos podem nos ajudar a virar a pessoa que estávamos destinados a ser, em particular quando você é jovem", disse.
"Não apenas podem nos ajudar a encontrar o que somos realmente, quais são nossos talentos, como podem nos transformar em pessoas melhores", completou.