Tópicos | Miss Violence

A Itália não vencia o seu principal festival de cinema desde 1998. Quebrou o tabu de maneira inesperada com o Leão de Ouro concedido ao documentário Sacro GRA, de Gianfranco Rosi. O filme era bem cotado entre críticos (estava em segundo lugar na tabela de estrelinhas do boletim do festival), mas ninguém levava as chances a sério.

O presidente do júri, o grande cineasta Bernardo Bertolucci, entregou o troféu ao seu conterrâneo e quebrou outro tabu ao premiar um documentário pela primeira vez. Assim, Veneza atesta a força do cinema documental. Inclui dois filmes desse gênero em sua mostra principal (Sacro GRA e The Unknown Known, de Errol Morris) e um deles sai vencedor. Quaisquer que sejam as contestações à justiça do prêmio, este é um resultado que ficará para a História.

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Filmes de maior invenção artística foram bem considerados. O grego Miss Violence deu o Leão de Prata de melhor diretor a Alexandros Avranos e a Coppa Volpi de melhor ator ao seu protagonista, Themis Panou. O ultra radical "Stray Dogs" (Vira-Latas), do taiwanês Tsai Ming Liang, ficou com o Grande Prêmio do Júri (o filme estará na Mostra de Cinema em São Paulo, em outubro). E o não menos pontiagudo "A Mulher do Policial", do alemão Philip Gröning, levou o Prêmio Especial do Júri.

O grande favorito, Philomena, de Stephen Frears, ficou só com o troféu de melhor roteiro, de Steve Coogan e Jeff Pope. Além da maravilhosa atuação não premiada de Judi Dench, o texto é mesmo o que o filme tem de melhor, mas provavelmente o projeto em seu todo pareceu um tanto asséptico a mais para o paladar rebelde de Bertolucci.

O prêmio de atriz, que todos davam como certo para Judi Dench, ficou com Elena Cotta, também maravilhosa no seu papel de velhinha teimosa em Via Castellana Bandiera, uma espécie de western à siciliana sem armas. Os americanos, que tinham muitos filmes em concurso, tiveram de se contentar com o Troféu Marcello Mastroianni, para ator emergente, a Tye Sheridan, de 16 anos, em Joe.

O que fica deste festival mediano é uma premiação corajosa. Foram escolhidos alguns dos filmes mais inventivos. Sacro GRA registra a vida de personagens periféricos de Roma, que vivem ou trabalham ao largo do rodoanel que circunda a cidade. O filme acaba sendo muito bonito e sincero. Um presidente do júri com menos força moral que Bertolucci não teria a coragem de premiá-lo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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