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Servidores do Ministério da Transparência, Fiscalização e Controladoria-Geral da União (CGU) protestaram contra a indicação do deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), ex-ministro da Justiça, para assumir a pasta após troca de cargos feita pelo presidente Michel Temer.

Os funcionários deram um abraço simbólico no prédio da CGU, espalharam cartazes na entrada do órgão e afirmaram que não vão deixar o peemedebista tomar posse. Se isso acontecer, eles disseram que vão intensificar os atos contra a permanência de Serraglio no cargo.

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Para os servidores, o fato de o peemedebista ter sido citado na Operação Carne Fraca e ter defendido anistia ao ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) "o desqualificam para o exercício do cargo de ministro da CGU".

"Não é aceitável que um órgão com responsabilidades no âmbito da prevenção e do combate à corrupção receba como dirigente máximo um ministro sob suspeita", diz a nota do Sindicato Nacional dos Auditores e Técnicos Federais de Finanças e Controle. A entidade afirma ainda que, nos últimos anos, a CGU vem sofrendo com "cortes no orçamento".

Serraglio foi demitido do Ministério da Justiça no domingo, 28, para dar lugar a Torquato Jardim, que comandava a pasta da Transparência. O deputado terá uma conversa hoje à tarde com Michel Temer para responder se aceita assumir o novo cargo.

O Planalto insiste para que Serraglio continue no governo e não volte à Câmara, o que tiraria a cadeira do suplente, Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), ex-assessor de Temer que virou alvo da Lava Jato. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O novo titular do Ministério da Justiça e ex-ministro da Transparência, Fiscalização e Controladoria-Geral da União, Torquato Jardim, minimizou o fato de o presidente Michel Temer ter recebido na noite de 7 de março, no Palácio do Jaburu, sem registrar na agenda oficial, o empresário Joesley Batista, dono da JBS. Para ele, faz parte da "cultura parlamentar" do presidente ser "afável e acessível a qualquer hora e qualquer lugar".

Em entrevista na sexta-feira passada, antes da nomeação para a Justiça, Torquato defendeu o "reexame" no Supremo Tribunal Federal da competência do ministro Edson Fachin como relator do inquérito que investiga o presidente. Ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral, ele disse também que é "recomendável" que haja um pedido de vista na retomada do julgamento da ação contra a chapa Dilma-Temer. Procurado neste domingo, o ministro não se manifestou.

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A circunstância do encontro entre Temer e o empresário Joesley Batista não deveria ter sido mais transparente?

O presidente Temer foi procurador-geral do Estado de São Paulo, secretário de Segurança do Estado de São Paulo, 24 anos parlamentar, seis dos quais presidente da Câmara dos Deputados, então ele tem a cultura parlamentar. A cultura do parlamentar é muito informal, ele conversa com quem o procura, porque ele vive do voto. A imagem que qualquer parlamentar tem que projetar é a da pessoa afável, acessível a qualquer hora e qualquer lugar. Isso é da cultura de qualquer parlamentar, em qualquer parlamento, de qualquer país.

Mas receber um empresário que está sendo investigado, à noite, na residência oficial e fora da agenda, não abre margem para questionamento?

A hora eu não me preocupo, porque o parlamentar, você sabe, começa a trabalhar meio-dia e acaba às duas da manhã. Você vai ao Congresso de manhã e está vazio, as sessões duram até depois da meia-noite. Eu diria que a conduta do presidente não foi algo estranho à cultura de um parlamentar.

E não foi algo estranho à cultura de um presidente?

Ele levou para a Presidência a cultura parlamentar. Os generais levaram a cultura do quartel. Cada um leva o seu passado. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso era muito descontraído, ele levava a familiaridade do parlamentar e do professor que pode a qualquer hora conversar com os seus alunos. É uma questão de cultura.

O sr. não acha que isso deve mudar no futuro? A regulamentação do lobby que o sr. tem defendido diz que o contato entre parlamentares e empresários tem de seguir regras e ser pautado pela transparência.

O presidente da República não é servidor público, então não se aplica a ele regras ordinárias do serviço público. É uma questão de cultura. Talvez tenha que mudar a cultura para não se expor tanto.

Ele não deveria ter tido uma posição mais rigorosa diante das revelações de Joesley?

Não posso comentar sem o laudo técnico da fita. Se a fita tem 70 manipulações como fala um dos peritos, e é um perito famosíssimo, o Molina (Ricardo Molina, contratado pela defesa do presidente Temer para fazer uma análise dos áudios), então eu não sei se aquilo ali não é montagem de diálogo, eu preciso esperar o laudo.

Mas se ficar comprovada uma atitude de omissão do presidente?

Eu não comento nada mais até chegar a fita.

Vai demorar 30 dias para a perícia da Polícia Federal ficar pronta...

O Brasil vai ter que esperar 30 dias, senão fica especulação, o assunto é muito sério para ter especulação.

O sr. acha que a gravação não é motivo para investigar o presidente?

Primeiro, precisa ficar esclarecido se o empresário, quando vai falar com o presidente, se ele já estava comprometido com delação ou não. Se ele foi por conta própria, essa gravação é clandestina e ilegal. Se ele já estava em processo de delação, surge um outro problema constitucional muito sério, já que uma ação controlada contra um presidente da República tem que ter a autorização prévia de um ministro do Supremo Tribunal Federal, e isso não houve, sabidamente não houve. Então ela é nula também. E mais, há abuso de autoridade, há crime funcional de quem autorizou a gravação.

No caso, o responsável seria o procurador-geral da República, Rodrigo Janot?

Não sei, não sei quem autorizou, mas que há, há.

O sr. acha que o presidente vai conseguir terminar o mandato?

Vai. Nas próximas quatro semanas, até começar o recesso parlamentar, teremos cinco peças fundamentais neste quebra-cabeça. A primeira é o Congresso. Se o Congresso Nacional votar a reforma da Previdência, a reforma trabalhista, e outros projetos da pauta econômica o presidente terá mostrado que não perdeu a sua capacidade de governo parlamentarista, manteve a parceria com o Congresso, uma conhecida marca do seu governo. O segundo ponto é o julgamento do TSE. É muito razoável, próprio e recomendável que haja um pedido de vista, é uma matéria muito controvertida. É usual haver vista, é responsabilidade pedir vista, é próprio do julgamento, não haverá nada de excepcional nisso. Mas eu acredito que, apesar disso, antes do recesso de julho, o tribunal tenha decidido o processo.

Quais são os outros pontos?

Também precisamos dar continuidade à recuperação da economia. E, como eu já disse, esperar a chegada do laudo técnico sobre a fita que grava a conversa do presidente Temer com o empresário. Aí é uma imensa interrogação. E, por fim, é preciso haver o reexame no STF da competência do relator desse inquérito, porque ele não é Petrobras, ele não é Lava Jato, e a prevenção do ministro Edson Fachin é de Petrobras e Lava Jato, e não para os demais inquéritos.

Por que a mudança do relator é importante?

Porque cada juiz tem a sua experiência. O juiz que recebe uma acusação séria como essa, fundada em um documento não periciado... Muitos juízes prefeririam primeiro ouvir a perícia antes de dar seguimento à ação.

O ministro Edson Fachin erra ao dar seguimento ao processo?

Essa afirmação é sua, não minha. Cada ministro tem a sua experiência. Se vai para um ministro que já foi de primeira instância, ele terá outra experiência, outra percepção de como tratar o processo. A mudança pode ser relevante, ou não, mas é um ingrediente a ser observado.

Se Temer não conseguir vencer essas cinco barreiras, a permanência dele no cargo corre risco?

Isso é especulação, e especulação é justamente o que eu não faço. Eu coloco os cinco ingredientes, e eles têm que ter um resultado, temos que ver primeiro. Não é um dos cinco que vai resolver o todo, mas é a combinação do resultado deles.

O sr. é muito próximo do presidente Temer. Tem conversado com ele? Ele está preocupado?

O pessoal é pessoal (leva a mão à boca e faz um gesto de silêncio).

Se dependesse do entendimento do novo ministro da Justiça, Torquato Jardim, o presidente Michel Temer teria o diploma cassado com a ex-presidente Dilma Rousseff, caso os ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidam pela condenação da chapa no julgamento marcado para o próximo dia 6 de junho.

Escolhido neste domingo para o posto - a menos de dez dias de a Corte analisar o caso - o jurista já defendeu, em artigo de opinião, tese contrária à linha de defesa do presidente no tribunal. No texto, escrito por Jardim e publicado no site de seu escritório de advocacia, em 8 de julho de 2015, o jurista argumentava que "desconstituído o diploma da presidente Dilma, cassado estará o do vice Michel, visto que a eleição do vice é mera decorrência da eleição do titular".

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Os advogados do presidente Temer defendem a separação das contas entre PT e PMDB na ação que julga abuso de poder político e econômico nas eleições de 2014.

Jardim era ministro da Transparência, Fiscalização e Controladoria-Geral da União desde junho de 2016. Ele foi anunciado para o Ministério da Justiça neste domingo, 28, e vai assumir o lugar de Osmar Serraglio (PMDB-PR), que deve ficar com a Transparência. O novo ministro é um respeitado jurista e professor de Direito Constitucional, com atuação em Brasília. Jardim também foi ministro do próprio TSE, entre 1988 e 1996.

O julgamento da chapa foi iniciado no dia 4 do mês passado, quando os ministros - a corte é formada por sete integrantes - decidiram reabrir a fase de coleta de provas e marcar mais quatro depoimentos: Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda (governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma); João Santana, ex-marqueteiro do PT; Mônica Moura, empresária e mulher de Santana; e André Santana, funcionário do casal.

Santana e Mônica afirmaram, em depoimentos prestados à Justiça Eleitoral, que Dilma tinha conhecimento do uso de caixa 2 na campanha, um fato considerado novo por Benjamin.

O processo volta ao plenário com uma nova composição - Admar Gonzaga e Tarcisio Vieira foram efetivados como ministros titulares, substituindo Henrique Neves e Luciana Lóssio, respectivamente. O Palácio do Planalto aposta que a troca favorece a absolvição de Temer.

Demitido neste domingo do Ministério da Justiça, Osmar Serraglio vai assumir o Ministério da Transparência. A pasta ficou vaga com a transferência de Torquato Jardim para a Justiça. Ao manter Serraglio como ministro, o presidente Michel Temer garante que o deputado afastado Rocha Loures (PMDB-PR) continue com prerrogativa de foro. Ex-assessor de Temer, Loures ameaça fazer delação premiada. Ele é investigado pelo STF acusado de receber propina de Joesley Batista, dono do grupo J&F.

Loures pegou o dinheiro com um emissário de Joesley. O empresário chegou a ele por indicação do presidente Temer. Em conversa gravada por Joesley, o presidente Temer cita Loures como alguém que poderia resolver as demandas de empresas do grupo J&F no Cade. Temer nega que tenha avalizado qualquer recebimento de propina.

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Partiu da bancada do PMDB na Câmara o pedido para que Serraglio fosse transferido para a pasta da Transparência. É esse ministério que faz os acordos de leniência com empresas investigadas pela Lava Jato. Se Serraglio não aceitasse o ministério a outra opção seria voltar para a Câmara. Neste caso, como é suplente de Loures, tiraria o deputado do mandato.

O Ministério da Justiça informou neste domingo (1º) ter realmente consultado a Procuradoria-Geral da República (PGR) se havia interesse no conhecimento de um estudo técnico feito pelo Banco do Brasil sobre as implicações econômicas e financeiras da Operação Lava Jato. Esse esclarecimento refere-se à informação publicada hoje pelo jornal Folha de S.Paulo, citando que "em novembro passado, José Eduardo Cardozo (Justiça) pediu que o procurador-geral da República recebesse diretores do Banco do Brasil para discutir as investigações".

Questionado pela Agência Estado sobre esse dado, o Ministério da Justiça informou que no final de 2014, o Banco do Brasil realizou estudo técnico sobre as implicações econômicas (execução de obra pública, emprego, etc.) e financeiras da Operação Lava Jato. O ministério destaca que, na oportunidade, esse estudo foi apresentado aos órgãos governamentais envolvidos diretamente nas apurações (Ministério da Justiça, Advocacia-Geral da União, Controladoria-Geral da União), "tendo sido manifestado pelo Banco do Brasil, na ocasião, interesse de que o estudo fosse igualmente apresentado ao Ministério Público Federal (MPF)".

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Diante de tal contexto, o MJ explica que, responsável pelas relações institucionais com o Judiciário e o Ministério Público, indagou à Procuradoria-Geral da República (PGR) se havia interesse no conhecimento desse trabalho por parte daquele órgão. "Manifestado o interesse, o Ministério da Justiça solicitou, então, ao Banco do Brasil que mantivesse contato direto com o gabinete da Procuradoria-Geral para o agendamento de uma reunião objetivando a apresentação desse estudo técnico", informa o Ministério.

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