Tópicos | Meire Bonfim da Silva Poza

A governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB), aproveitou uma agenda pública nesta terça-feira (12) para rebater as acusações de que teria recebido dinheiro do doleiro Alberto Youssef para antecipar pagamento de precatórios. "Estou indignada (com as acusações)", afirmou, ressaltando que vai tomar providências perante a Justiça para esclarecer o caso.

"Estou há quatro mandatos como governadora do Estado do Maranhão e desafio qualquer empreiteiro, qualquer empresa ou qualquer prestador de serviço a dizer aqui, a dizer a alguém que algum dia me deu algum recurso, algum dinheiro que possa ter me comprado. Porque eu não sou mulher que seja comprada. Eu sou mulher que tenho ideal: que é o meu Estado, que é o Maranhão", afirmou a governadora durante ato de entrega de 60 ônibus escolares para prefeitos dos municípios dos Estado, no Palácio dos Leões, na capital maranhense.

##RECOMENDA##

Em depoimento à Polícia Federal, a contadora Meire Bonfim da Silva Poza, suspeita de envolvimento no esquema desbaratado pela operação Lava Jato, ligou o doleiro Alberto Youssef, figura central das investigações, ao governo do Maranhão. Segundo ela, Youssef negociou diretamente, a mando das construtoras UTC e Constran, o pagamento de R$ 6 milhões em propinas para que o governo maranhense antecipasse o pagamento de um precatório de R$ 120 milhões que beneficiava as empresas.

Roseana disse ainda que não está na política para enriquecer e sim para ajudar os outros. "Eu estou na política não é para me locupletar. Eu estou na política é para ajudar os outros", afirmou. "Eu podia estar muito bem na minha casa, podia muito bem estar tomando conta da minha filha, dos meus netos, mas não, abdiquei disso tudo para estar com vocês nos interiores ajudando as pessoas, porque essa é a minha vida, essa é a missão que Deus me deu", completou.

A governadora atribuiu às acusações um caráter eleitoral. "Fico indignada e não vou admitir que meu nome seja colocado para poder ser manobra política - que está se aproximando aí as eleições."

Ex-contadora de Alberto Youssef, Meire Bonfim da Silva Poza afirmou à Polícia Federal que circulavam com o doleiro "malas e malas de dinheiro" em esquema de lavagem supostamente utilizado por políticos do PT, PMDB e PP, de acordo com reportagem da revista Veja deste final de semana. Segundo ela, as malas de dinheiro saíram da sede de pelo menos três "grandes empreiteiras, sendo embarcadas em aviões e entregues às mãos de políticos".

Meire, por três anos, montou empresas de fachadas e organizou planilhas de pagamento, entre outras funções. Ela afirma, em entrevista à revista, que Youssef se ocupava de fortunas vindas de paraísos fiscais e da sua distribuição aos integrantes da lista de beneficiários. Segundo a ex-contadora, encabeçavam a lista cinco parlamentares, que recebiam pagamentos em dinheiro vivo diretamente do doleiro ou por depósitos bancários que ela mesma fazia.

##RECOMENDA##

Conforme a revista, dois dos integrantes da lista de Youssef respondem a processo no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados: André Vargas (ex-PT) e Luiz Argôlo (ex-PP). Meire afirma ainda que o doleiro teria depositado R$ 50 mil na conta do senador Fernando Collor e que Cândido Vaccarezza (PT-SP) teria contado com a ajuda de Youssef para quitar dívidas de campanha.

Ainda de acordo com a entrevista, um dos "botes" mais ousados do doleiro teria como alvo as prefeituras do PT, e que ele pagaria propina de 10% a cada prefeito que topasse investir em um fundo de investimento criado por ele. Conforme o jornal "O Estado de S. Paulo" noticiou, no depoimento à PF ela citou Paranaguá (PR), Cuiabá (MT), Petrolina (PE), Hortolândia (SP), Holambra (PR) e Tocantins.

A contadora disse também que André Vargas estaria empenhado em conseguir que dois fundos de pensão, o Postalis, dos Correios, e a Funcef, da Caixa Econômica Federal, colocassem R$ 50 milhões em um dos projetos de Youssef, que teria tratado do tema até com o presidente do Senado, Renan Calheiros.

Segundo ela, seu ex-chefe tirava a maior parte de seus lucros do PP, principalmente envolvendo transações da Petrobras. As empreiteiras que prestavam serviços à estatal protagonizavam os negócios. "Uma parte dos recursos que chegavam da OAS era para o caixa dois político", disse na reportagem. Ela contou que o doleiro foi à sede da empresa para entregar uma mala: "Eu tomei um susto, nunca tinha visto tanto dinheiro junto".

Ainda de acordo com Meire, a Camargo Corrêa estaria envolvida com a atividade do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. Também citou a Mendes Júnior, que teria pago R$ 2,6 milhões à GFD Investimentos, empresa de fachada de Youssef, a título de "consultoria sobre a viabilidade de plataformas de petróleo". "A GDF só tinha que fornecer os contratos", afirmou na reportagem.

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando