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O dono da Precisa Medicamentos, Francisco Maximiano, afirmou à CPI da Covid que a Envixia Pharmaceuticals é a responsável pelos documentos que foram apontados como falsos pela Bharat Biotech. Em julho, a farmacêutica indiana anunciou a rescisão de seu acordo com a Precisa para venda da vacina Covaxin ao governo brasileiro. Na ocasião, a Bharat negou ter assinado duas cartas que fazem parte do processo administrativo de compra do imunizante e foram enviadas ao Ministério da Saúde.

Questionado sobre o motivo da recente viagem à Índia, Maximiano afirmou que foi ao país para apresentar "provas" de que os documentos foram recebidos pela Envixia, empresa do exterior que também participou das negociações da compra da vacina. "Fui à Índia apresentar a eles provas de que recebemos documentos da Envixia", respondeu o dono da Precisa.

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Perguntado então se quem teria "promovido as fraudes" seria a Envixia, Maximiano respondeu que sim. Uma das cartas que teriam sido falsificadas dava autorização à Precisa para ser a "representante legal e exclusiva no Brasil com poder de receber todas as notificações do Governo".

O documento aponta que a empresa brasileira estaria "autorizada a participar de todos os processos de aquisição oficiais do Ministério da Saúde da Covaxin (vacina contra o Sars-CoV-2) produzidas pela Bharat Biotech International Limited, negociando preços e condições de pagamento, assim como datas de entrega, e todos os detalhes da operação, formalizando o contrato para nós".

O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), Omar Aziz (PSD-AM), decidiu dar sequência ao depoimento do dono da Precisa Medicamentos, Francisco Maximiano, apesar de o empresário ter decidido ficar em silêncio na maioria dos questionamentos. Aziz, porém, alertou o empresário que há limites para o silêncio garantido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e que poderá adotar medidas se ele se recusar a responder questionamentos dos senadores que não o incriminem. "Me avisem", disse o presidente da comissão aos integrantes do colegiado.

O vice-presidente da comissão, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), havia pedido uma suspensão da reunião para esclarecer os limites do silêncio garantido pelo Supremo Tribunal Federal. Omar Aziz deixou claro que o empresário poderá sofrer consequências. A prisão de Maximiano está no radar do colegiado.

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No mês passado, após a diretora da Precisa Emanuela Medrades ficar em silêncio no início do depoimento, a CPI consultou o Supremo, que esclareceu a limitação do silêncio. Em seguida, Medrades resolveu falar e prestou um novo depoimento. A defesa de Maximiano argumentou que o empresário está no limite da decisão do STF e que obrigá-lo a responder às perguntas é extrapolar a garantia do Supremo.

"Parece que o ministro Fux deixou margem para prisão do depoente que ficar calado", afirmou a senadora Soraya Thronicke (PSL-MS). "Não há silêncio dos inocentes aqui. Nós sabemos ler nas entrelinhas o silêncio. Estamos ficando experts em ler o silêncio daqueles que não são inocentes. Ele sabe que, se falar, vai ter que mentir ou se autoincriminar", disse a senadora Simone Tebet (MDB-MS).

Frederick Wassef na mira

A CPI da Covid também aprovou nesta quinta-feira a quebra de sigilo fiscal de Frederick Wassef, que se apresenta como advogado do presidente Jair Bolsonaro. As informações sobre Wassef precisarão ser fornecidas pela Receita Federal, com dados de empresas em que o advogado possa ter participação, como de faturamento desses negócios.

Autor do pedido de quebra, o relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), afirmou que a partir dos depoimentos colhidos até o momento na comissão, junto às informações coletadas, foram interrelacionados comportamentos, transferências monetárias e ligações societárias entre diversas empresas e pessoas. Na lista apresentada pelo senador estão nomes como de Wassef e Francisco Maximiano.

"E é exatamente nessa esteira que, visando complementar e esclarecer as informações já levantadas anteriormente, faz-se imperiosa a aprovação do presente requerimento. Além de tudo, as pessoas acima relacionadas possuem registros de passagens de recursos e/ou relacionamentos comerciais com origem ou destino na empresa Precisa Comercialização de Medicamentos, seus sócios, familiares destes e outros investigados por esta CPI", afirmou Renan Calheiros.

O dono da Precisa Medicamentos, Francisco Maximiano, afirmou em depoimento à CPI da Covid que o contrato com o Ministério da Saúde para compra da Covaxin previa pagamento diretamente para o fabricante, no caso, a Bharat Biotech, na Índia. O empenho de R$ 1,6 bilhão, porém, foi feito à Precisa, mas o empresário se recusou a dar esclarecimentos sobre o procedimento. Além disso, não respondeu sobre a pressão da empresa para o ministério acelerar a importação da Covaxin.

Maximiano confirmou que o contrato estabelecia a compra de 20 milhões de doses a US$ 15 a unidade, mas não explicou a mudança de preço ao longo da negociação. Ele repetiu a versão dada pela diretora da empresa, Emanuela Medrades, de que o preço foi estabelecido pela companhia indiana e que a Precisa conseguiu fechar um contrato com o valor mínimo exigido pela fabricante.

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A CPI da Covid suspeita da atuação da Precisa como intermediadora e de favorecimento do governo federal a esse contrato na contramão de outros laboratórios, além do aumento no preço ao longo da negociação. O relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL), chamou a atenção para a ausência de informação sobre a remuneração da Precisa na negociação com o laboratório indiano.

Preço mais caro

A controvérsia foi levantada após reunião do ministério com representantes da Bharat Biotech e da Precisa no dia 20 de novembro no ano passado. Na ocasião, segundo registrado no documento intitulado "Memória do Encontro" do ministério, foi informado o valor de US$ 10 com a possibilidade de o preço baixar a depender da quantidade de doses que o governo brasileiro comprasse. Mas o contrato foi fechado em fevereiro deste ano a um preço de US$ 15 por unidade.

O dono da Precisa Medicamentos, Francisco Maximiano, decidiu ficar em silêncio sobre as negociações da empresa com o Ministério da Saúde investigadas pela CPI da Covid. Ele é um dos principais alvos da apuração por ter intermediado a compra da vacina indiana Covaxin. A CPI suspeita de um suposto esquema de corrupção no Ministério da Saúde envolvendo esse contrato.

Amparado por um habeas corpus concedido pela ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), Maximiano tem o aval para ficar em silêncio e não responder a perguntas que possam incriminá-lo. Ele se recuou a falar sobre o contrato com a fabricante da Covaxin, Bharat Biotech, e a remuneração que a Precisa teria com a venda de vacinas para o Brasil.

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No início do depoimento desta quinta-feira (19), Francisco Maximiano se recusou a responder a perguntas do relator do colegiado, Renan Calheiros (MDB-AL), sobre outros contratos, além de vacinas. Após crítica de senadores, ele admitiu que a empresa é fornecedora de preservativos femininos ao Ministério da Saúde.

Além disso, Maximiano afirmou que conhece o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-AL), outro alvo da comissão. Ao declarar que ficaria em silêncio, o dono da Precisa declarou que a escolha garantia sua autodefesa e reforçou "respeito" à CPI.

A mudança súbita do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e de seus filhos em relação à vacina contra a Covid-19 ocorreu coincidentemente quando o Ministério da Saúde fechou a aquisição suspeita de 20 milhões de doses da Covaxin. Depois de enfraquecer a campanha com declarações negacionistas ao longo da pandemia, a família começou a apoiar a imunização quando a compra investigada por superfaturamento de 1.000% em cada dose foi assinada. É o que aponta a coluna do jornalista Guilherme Amado, no site Metrópoles.

Até o dia 10 de março, a principal bandeira da extrema-direita contra o vírus era o falso tratamento precoce, já recomendado pelo aplicativo TrateCov, que reunia medicamentos sem eficácia comprovada para a doença. Cinco dias antes, Francisco Maximiano, sócio da empresa Precisa – intermediária na negociação com o laboratório indiano Bharat Biotech - desembarcou no Brasil.

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De acordo com a publicação, a relação da Família Bolsonaro com Maximiano é antiga e se mostrou próxima no dia 13 de outubro de 2020, quando o senador Flávio (Patriota-RJ) o levou como representante de outra empresa, a Xis Internet Fibra, para uma reunião com o presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES), Gustavo Montezano.

O primeiro a mudar de opinião foi justamente o filho mais velho do presidente. Flávio Bolsonaro pediu ao seu público para compartilhar uma foto do seu pai com a frase "nossa arma é a vacina" nas redes sociais. No mesmo dia, o próprio Jair defendeu a imunização no Palácio do Planalto e garantiu que não poupava esforços para adquirir doses.

Pouco depois, deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) publicou a imagem do Zé Gotinha com uma seringa em formato de fuzil, em alusão à proposta de armar a população amplamente defendida na campanha do pai.

Na denúncia contra o Ministério da Saúde, que culminou na investigação da Polícia Federal contra Bolsonaro por suspeita de prevaricação, o deputado Luis Miranda (DEM-DF) conta que o presidente foi alertado sobre o esquema no dia 20 de março mas não deu uma resposta concreta.

Três dias depois, o parlamentar questionou à assessoria se o presidente havia ficado chateado e foi respondido com a mensagem: "negativo, deputado. São muitas demandas". No mesmo dia, Bolsonaro fez o primeiro pronunciamento oficial em defesa da vacina.

O texto aponta também que ainda em janeiro deste ano, o próprio chefe do Executivo enviou comunicado ao primeiro-ministro indiano Narendra Modi para pressionar por mais agilidade na liberação da Covaxin. Após quatro dias, a Precisa fechou contrato com a Bharat Biotech mesmo com a vacina sem liberação da agência regulamentadora da Índia.

Ao mesmo tempo em que o processo de compra da Covaxin era tocado com emergência pelo Governo Federal, o Ministério da Saúde ignorou mais de 100 e-mails de representantes do laboratório Pfizer que tentavam negociar o envio de doses para o Brasil.

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