A análise de trechos censurados da correspondência entre Maria Antonieta e um homem que se presume ter sido seu amante revelou parte de seus segredos, de acordo com um estudo publicado em uma revista científica americana.
As cartas da rainha francesa foram escritas durante a agitação revolucionária do início dos anos 1790, pouco mais de um ano antes de sua execução na guilhotina, no auge do fervor republicano em Paris.
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A família real estava sob proteção no Palácio das Tulherias após uma tentativa frustrada de fugir da França, mas a esposa de Luís XVI conseguiu contrabandear cartas para seu amigo Axel von Fersen, um conde sueco.
Fersen, um fiel aliado da rainha francesa que havia ajudado a organizar a fuga frustrada, conservou cópias da correspondência, mas alguns trechos estavam apagados e o conteúdo permanecia um mistério até agora.
"Se eram segredos de estado, planos de fuga ou evidências de um caso de amor, este conteúdo presumivelmente sensível tem confundido os historiadores por quase 150 anos", afirma um relatório sobre o projeto publicado na revista americana Science Advances.
Três pesquisadores franceses usaram um método inovador de imagens de raios-X que conseguiu diferenciar entre os distintos tipos de composições de tinta usados no texto original e nas rasuras.
Eles conseguiram revelar trechos escondidos em oito da 15 cartas examinadas e chegaram à conclusão que o censor era o próprio Fersen.
"Ele decidiu manter as cartas em vez de destruí-las, mas cobriu alguns trechos, o que indica que queria proteger a honra da rainha (ou talvez também seus próprios interesses)", destaca o estudo.
O projeto foi revelado no ano passado quando o Arquivo Nacional Francês anunciou que os trechos ocultos mostravam o casal se expressando com o "uso da terminologia do amor"
Mas, embora as cartas tenham sido escritas em linguagem íntima, os pesquisadores disseram que não conseguiram determinar se os trechos revelados sustentam os antigos rumores de um romance entre Maria Antonieta e o nobre sueco.
"Ler além da censura não permite saber a verdade sobre a natureza dos sentimentos deles, pois a interpretação dos textos é sempre questionável", insiste o estudo.
"Porém, a escolha do vocabulário (amado, amigo querido, adorar, loucamente) atesta uma relação particular entre (Maria Antonieta) e Fersen, mesmo que exista uma influência da tempestade revolucionária, que favorece uma certa intensidade emocional", completaram os autores.