A direção do PSD em Belo Horizonte protocolou documento na Justiça Eleitoral mineira nesta quinta-feira (5) confirmando a decisão do partido no Estado de apoiar a candidatura à reeleição do prefeito Marcio Lacerda (PSB). O ato é contrário à orientação da direção nacional da legenda comandada pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, de o partido aderir à campanha do ex-ministro petista Patrus Ananias. Em Minas, o PSD é ligado ao senador Aécio Neves (PSDB) e ocupa cargos inclusive de primeiro escalão no governo do tucano Antonio Anastasia, e corre o risco de sofrer uma intervenção de sua executiva nacional para o cumprimento da decisão tomada na noite desta quarta-feira (4).
"Rechaçamos veementemente qualquer interferência de outros Estados nas decisões de Minas", afirmou o secretário de Estado Extraordinário de Gestão Metropolitana, o deputado federal Alexandre Silveira, secretário-geral dos diretórios mineiro e municipal de Belo Horizonte do PSD. Segundo Silveira, a "decisão tomada em Brasília" de apoiar Patrus foi uma "tentativa de ingerência forte" e uma "agressão à democracia interna" do partido, que já havia decidido, em convenção no último dia 23, aderir à candidatura de Lacerda, que passou a ser comandada por Aécio após a saída do PT da aliança.
##RECOMENDA##O presidente da legenda em Minas, Paulo Simão Safady, no entanto, afirmou que "com absoluta certeza" haverá uma intervenção para que o PSD na capital acate o que foi decidido pela direção nacional. "Isso é uma insubordinação. A decisão do partido não pode ser contestada por alguns de seus integrantes", afirmou o empresário, que estava em Brasília e chegou a Belo Horizonte no fim desta manhã para tentar resolver a questão.
Para os dirigentes do PSD mineiro, a decisão da direção nacional da legenda foi uma manobra orquestrada, com apoio da presidente Dilma Rousseff, para o partido fazer um "gesto ao governo federal", e pelo ex-governador José Serra, adversário de Aécio dentro do PSDB e candidato à prefeitura paulistana com apoio do partido de Kassab. "Estamos convictos do ponto de vista político e jurídico da nossa posição", declarou Silveira.
Ele protocolou nesta manhã no cartório eleitoral a ata de uma reunião feita durante esta madrugada por uma comissão do partido formada pelo grupo ligado a Aécio, na qual pedem apuração da polícia caso seja apresentado à Justiça Eleitoral algum documento no sentido contrário. O secretário ainda descartou a possibilidade de intervenção na legenda. "Esperamos retaliação contra os integrantes do partido, não contra a decisão", disse. O PSD tem direito a 2 minutos e 2 segundos na propaganda eleitoral gratuita e sua bancada mineira é composta por seis deputados federais e oito estaduais.