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Não se sabe exatamente como o reggae chegou ao Brasil. Entre as explicações conhecidas, estão o costume de moradores da região Norte de sintonizar rádios caribenhas que tocavam o estilo; a chegada de marinheiros estrangeiros ao porto de São Luís do Maranhão com discos do gênero que eram trocados com locais; e até mesmo a vinda do cantor Jimmy Cliff ao país em 1969, quando se apresentou no Festival Internacional da Canção. Fato é que a música criada na Jamaica ganhou milhares de adeptos por essas bandas a ponto de ganhar um dia oficial no calendário nacional, instituído por lei: 11 de maio, Dia Nacional do Reggae. 

Já em Pernambuco, o reggae acabou ganhando, recentemente, contornos e sotaques bastante específicos que remetem diretamente a um outro estilo musical de origem recifense, periférica e, por que não dizer, raiz, assim como o ritmo jamaicano: o brega. A banda Breggae, formada pelos músicos Magojulho (voz e baixo), Saw Lima (bateria), Lucas Reis (guitarra), Ed Wav (teclado), Daniel Paulino (trompete) e Rafael Martins (sax) - do Recife e Olinda -, encontrou semelhanças entre os dois gêneros e vem fazendo uma mistura rítmica com o objetivo de valorizar essas culturas além de botar o público para se divertir dançando agarradinho. 

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A Breggae nasceu em 2022 inspirada em uma música em especíal, ‘Agora Vá’, da banda Paixão Brasileira, que despertava em Magojulho a curiosidade de ouvi-la em uma versão reggae.  Ele próprio, acompanhado por amigos, resolveu criar a releitura para matar a curiosidade e acabou com outras cinco versões em seu repertório.

Além da inspiração nessa canção e em artistas importantes de ambos os estilos - como Reginaldo Rossi, Conde Só Brega, Michelle Melo, Banda Sentimentos; e do reggae brasileiro, como Edson Gomes e Mato Seco, entre outras -, o apelo social dos dois e sua forte inserção na cultura do povo brasileiro foi o que suscitou o surgimento da banda. “Minha família é evangélica e aí, a gente não ouvia muita música em casa, então, essa vivência da rua que trouxe pra mim essa bagagem, tanto do brega quanto do reggae. Eu nunca dei um play no brega em casa, mas eu sei cantar todas, é um efeito de pessoas que cresceram no subúrbio do Recife, a gente tem essa cultura, a gente conhece as músicas (porque) elas tocam na rua, na casa dos vizinhos, em todos os lugares, e a gente vai aprendendo e absorvendo com elas”, diz Magojulho em entrevista exclusiva ao LeiaJá. 

Outra grande referência do grupo é a cena reggae do Norte e Nordeste do país, onde se há a tradição de dançar o ritmo em dupla, como se faz no Maranhão. “Essa é uma grande referência do que a gente queria. A gente queria fazer música pra galera dançar coladinho, bem como um reggae mais instigado, baseado no tecnobrega, pra galera instigar. A gente tem essas visões sobre como a gente é influenciado, tanto por artistas fenomenais da música brasileira de reggae e de brega, como por cenas e movimentos de reggae pelo país”, explica o vocalista.

No repertório da Breggae, estão de clássicos do brega a alguns hits mais recentes, como ‘Garota de Programa’ (Brega.com), ‘Me Libera’ (Deja Vu), ‘Um Dia Vai me Procurar’ (Banda Espartilho), e ‘Sem Você Tá Fo**’ (Raphaella Santos e Roginho), entre outras. A banda também já lançou um clipe com a participação especial de uma das vozes mais potentes do brega funk, Rayssa Dias, que além de gravar a música ‘Como a Culpa é Minha' (Banda Torpedo) com o grupo, também atuou no vídeo. 

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No clipe, atuam Magojulho, Rayssa Dias e Cora Fagundes com produção da Subverso Lab em parceria com a MTS Films e Cabra Quente Films. 

Por sinal, a recepção da banda que mistura estilos  tem sido bastante feliz no movimento que é um dos mais importantes e expressivos da cultura recifense. Eles foram banda base e apresentaram uma de suas canções na última edição do ‘Brega Awards’, premiação que reconhece os artistas do meio. “O movimento brega é bastante acolhedor. A gente acabou conhecendo algumas pessoas do brega e essas pessoas recebem a gente muito bem. A gente tinha esse receio, pelo fato de fazer as misturas que  a gente faz, mas a gente sempre teve o intuito de fazer isso como se fosse uma saudação, como se fosse uma homenagem dentro de uma linguagem nossa e acho que tá sendo visto dessa forma”, diz Magojulho. 

No entanto, como tudo que é novo, a música ‘misturada’ da Breggae também passa por estranhamento. Magojulho acredita que, além da “ousadia” de misturar estilos, a própria origem dos dois gêneros também corrobora para que, eventualmente, surja algum preconceito. “O brega, sendo extremamente popular - se brincar, aqui em Pernambuco ele é mais popular que o reggae -, ainda tem muito preconceito em cima por se tratar da representação de uma música periférica, dessas pessoas que saem de suas comunidades e conseguem ascender em suas vidas, mesmo a gente tendo artistas a nível nacional que representam essa música. Esse preconceito acaba caindo na gente”. 

O segredo para driblar o problema, segundo o artista, é focar “em quem curte e em quem se surpreende com a mistura”, além de se basear em um princípio presente nos dois movimentos: resistir. “Aqui no Brasil, a gente tem essa cultura de querer que tudo seja muito elitizado.O reggae é uma música de origem negra, de resistência, mas que também tem suas vertentes que falam de amor, de paixão. O brega também é um sinônimo de resistência, que levou muita porrada no anos 2000. A gente tá falando da cultura que sai da margem e vai pro centro, então a ideia é convergir mesmo essa culturas, independente dos preconceitos. Em algum momento esses preconceitos serão cedidos de tanto que se resistem”.

Um ano

A Breggae acabou de completar um ano de trabalho contabilizando em sua recente história diversas versões, shows, parcerias, conteúdo nas redes sociais e fãs - alguns, inclusive, que chegaram a mudar sua percepção quanto ao brega por conta do repertório do grupo, segundo relatos recebidos pelos músicos. 

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Para o futuro próximo, a banda pretende lançar mais releituras, clipes e, também, música autoral. Sempre com o objetivo de divertir plateias e exaltar e difundir esses “dois gêneros muito sagrados perante o público”: o brega e o reggae, estilo celebrado nacionalmente nesta quinta (11).  É o que promete Magojulho: “Os planos são fazer muito som, lançar muita coisa, se divertir e divertir bastante o público, levar alegria e entretenimento pra galera. Aparecer bem muito pra que vocês vejam bem muito nossa cara por aí e, que dancem bem muito, coladinho, ao som de Breggae”. 

*Fotos: Divulgação/Uhgo

 

O segundo semestre de 2021 começou com uma avalanche de lançamentos musicais. Do rock ao sertanejo, passando pelo reggae e rap, as plataformas de streamings estão repletas de novidades para todos os gostos. Confira algumas delas. 

Amauri Nascimento e Dôctor Vote

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Divulgação

Amauri Nascimento deu nova cara a um clássico da música nordestina, Anjo Querubim. A regravação dá à música uma pegada de balada romântica e homenageia o seu compositor, Petrúcio Amorim. 

Dekão

Divulgação

O rapper paulistano Dekão relembra como eram as noites de ‘rolê’ antes da pandemia do novo coronavírus colocar todo mundo de quarentena. Em Saindo de Casa, ele mistura referências do rap dos anos 1990 com novos conceitos do trap; sob a produção de Mido Hmmd. A faixa conta com a participação de Pedro Qualy, do grupo Haikaiss e com um videoclipe no YouTube do artista. 

Fernando & Sorocaba

Divulgação

A dupla sertaneja homenageia os pais com a canção Papai Chorando. A música ganhou um videoclipe estrelado por Biah Rodrigues, esposa de Sorocaba que, inclusive, está prestes a se tornar papai novamente. Biah está grávida do segundo filho do casal. 

Chapéu de Palha

Divulgação/Demi Brasil

O duo amazonense Chapéu de Palha lança o videoclipe da faixa O amor do mundo inteiro para marcar o atual momento do projeto. Giovanna Póvoas e Helder Cruz escolheram Nova Airão, região metropolitana de Manaus, onde o duo foi formado, como locação do clipe que tem como proposta mostrar os conceitos de leveza e suavidade da dupla. A direção e produção do trabalho são assinados por Ramon Ítalo e Dan Stump. 

Banzé

Reprodução

O trio de rock paulista Banzé decidiu trazer o disco Antes da Queda, lançado em 2008 apenas no formato de CD, para as plataformas digitais. O álbum conta com 11 faixas que, apesar de terem sido compostas há mais de 10 anos, soam muito contemporâneas, trazendo temas como catástrofes naturais e sociais. 

Projeto Boa Nova Ventura

Divulgação/Hugo Muniz

O cantor e compositor pernambucano Hugo Durães, idealizador do Projeto Boa Nova Ventura, homenageia as mulheres importantes de sua vida - e o universo feminino - com o EP Tons de Rosa. O álbum já está disponível nas principais plataformas digitais. 

Jorge Du Peixe

Divulgação/José de Holanda

Homenageando o eterno Rei do Baião, Luiz Gonzaga, o vocalista da Nação Zumbi, Jorge Du Peixe, se jogou no projeto Baião Granfino. Nele, o músico vai fazer releituras de grandes clássicos do Mestre Lua. A primeira faixa, Rei Bantu, já está disponível ao público. 

Luiza Audaz

Divulgação/@vidanumclick

A baiana Luiza Audaz reforça sua estética musical, que mistura eletrônico com música popular brasileira, no novo single Blueberry. A faixa inspirada nas sonoridades oitentistas de Marina Lima tem produção assinada pelo duo paulista Deepleaks.

Tauã Cordel

Divulgação

Misturando elementos do forró às sonoridades do pop e do reggae, o recifense Tauã Cordel apresenta mais uma de suas músicas no estilo “forró good vibes”. A canção nasceu durante um luau realizado em pleno Réveillon na Ilha de Fernando de Noronha. Já disponível nas principais plataformas digitais. 

The Zasters

Divulgação

A pandemia do novo coronavírus e tantos outros eventos que chacoalharam o planeta, recentemente, colocaram a humanidade em dúvida quanto o que estava por vir em um futuro próximo. É sobre isso que versa o novo álbum da banda The Zasters, What Comes Next?. Gravado em home estudio, o trabalho do quarteto tem produção assinada por Rafa Luna e Jules Altoé, ambos vocalistas e guitarristas do grupo. 

Robson Nascimento

Reprodução

O baterista Robson Nascimento visita ritmos como maracatu, frevo, forró entre outras sonoridades brasileiras no disco Vertente. O álbum, carregado com um sotaque de jazz, traz nove releituras de grandes compositores contemporâneos. 

Dani Carmesim

Divulgação/André Insurgente

A cantora e compositora pernambucana Dani Carmesim toca em temas urgentes em seu novo single For Sales. A música faz uma crítica ao ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles denunciando uma série de eventos recentes como as queimadas e outras explorações ao bioma brasileiro.  A faixa foi gravada de forma remota, por conta da pandemia, em parceria com DJ Ramdon e participação do músico André Insurgente.

MagoJulho

Divulgação

Navegando entre o dream pop e o rock alternativo, MagoJulho lança seu primeiro trabalho, o single 2h37, que chega acompanhado de um videoclipe. Com produção assinada pelo próprio artista, a faixa conta com a participação de Cellestino nas guitarras. A captação de vozes, mixagem e masterização são assinadas por MD. 

Bloco do Caos

Divulgação

Misturando reggae com poesia brasileira, a Bloco do Caos lança a faixa Santo Nome. A música versa sobre o amor, fazendo referência ao poeta Carlos Drummond de Andrade, e contando com a parceria da banda Planta & Raiz. 

Nathan Ribeiro

O carioca Nathan Ribeiro abusa do romantismo na faixa Melhor Versão. A música conta com a  participação de MC Sallen, amigo de infância de Nathan, e mixagem de Tadeu Patolla, responsável por alguns dos sucessos da banda Charlie Brown Jr. Melhor Versão chega acompanhada por um videoclipe, disponível no YouTube do artista. 

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