Em depoimento à CPI da Petrobras, o presidente da Sete Brasil, Luiz Eduardo Guimarães Carneiro, disse que foram contratados escritórios de auditoria para averiguar todos os contratos da companhia logo que aconteceu a Operação Lava Jato. "A conclusão é que não foi encontrada nenhuma irregularidade nos contratos da Sete", declarou. Ele informou que o balanço da empresa foi aprovado pela PricewaterhouseCoopers (PwC).
"A Sete é uma coisa real e está acontecendo, gerando milhares de empregos", destacou. Quando as investigações começaram, a empresa estava pronta para assinar contratos de financiamento com o BNDES e os valores seriam, segundo ele, superiores aos recursos do banco à Usina de Belo Monte. Até o momento, nenhum aporte financeiro à Sete foi feito pelo banco público.
##RECOMENDA##Na oitiva, Carneiro disse que a companhia busca sua reestruturação para dar seguimento aos projetos. Ele, no entanto, admitiu que, desde novembro, a empresa não paga os estaleiros. Aos deputados, o executivo disse que ao assumir a Sete Brasil, há um ano, não imaginava que teria de lidar com uma investigação policial da envergadura da Lava Jato.
O presidente da Sete Brasil disse também que a companhia foi "vítima" da corrupção e não teve envolvimento direto com o caso apurado na Operação Lava Jato. "Na minha opinião, a Sete Brasil não teve envolvimento nessa corrupção. Pessoas da Sete Brasil que ocupavam posições de diretoria se envolveram, mas não a Sete Brasil (...). Entendo que a Sete Brasil é vítima de todo esse processo. Ela não participou desse processo", enfatizou.
Para ele, o ex-diretor de Operações da Sete Brasil, Pedro Barusco, e o ex-presidente da companhia, João Carlos Ferraz, não foram "bons" executivos em suas funções. Barusco renunciou ao cargo por motivos de doença e Ferraz não foi reconduzido ao mandato.
Carneiro anunciou que a Sete Brasil deve voltar a operar plenamente a partir do plano de reestruturação financeira, o que deve acontecer no segundo semestre. "A situação da Sete (hoje) é que ela não tem condições de pagar os estaleiros até a reestruturação financeira", declarou.
O executivo contou que os acionistas da Sete Brasil deixaram de aportar recursos desde as investigações da Operação Lava Jato. "Isso gerou um clima de preocupação e incerteza, até que se entendesse melhor a extensão (da Lava Jato) dentro da Sete", explicou.
Na sua opinião, não se pode dizer que os acionistas - entre eles os bancos BTG Pactual, Santander e Bradesco - perderam dinheiro, porque o projeto ainda está em implantação. "Este é um momento transitório de falta de recursos e acredito que vamos superar o problema", afirmou.
Ao voltar a falar sobre a auditoria feita na Sete Brasil, Carneiro contou que até e-mails e celulares dos funcionários da companhia foram copiados e que nada foi encontrado de irregular pelos auditores. "Em todas as auditorias que fizemos, nada pegamos de errado nos contratos, nada pegamos de errado em todos os e-mails das pessoas que hoje estão na Sete Brasil", pontuou. Mencionando os depoimentos divulgados dos delatores do esquema de corrupção na Petrobras, o executivo disse que os acertos teriam sido feitos fora da empresa, e não internamente.
Pressão
Carneiro já depõe há mais de duas horas aos parlamentares e vem sendo questionado sobre sua participação em outras empresas. Apesar de depor na condição de testemunha, e não de investigado, os deputados mantêm a estratégia de pressão, na expectativa de apontar contradições em sua fala. Carneiro vem insistindo que só está na companhia há um ano.
Em tom de ironia, o sub-relator André Moura (PSC-SE) questionou a competência profissional do executivo quando ele revelou que trabalhou na OGX, cujas ações valeriam hoje centavos de reais. "Meu trabalho foi feito com muita competência e não tenho do que me envergonhar desse período", respondeu o executivo, constrangido.