Um alienígena cai na terra. Mas ele não é simplesmente um visitante. Ziggy Stardust é um rockstar e juntamente com sua banda, os Spiders from Mars, quer tomar o planeta azul para si, dominando corações e mentes. Esse é o enredo do filme documental que o Cine Líbero Luxardo, do Centur, em Belém, apresenta no sábado, 23, como uma forma de homenagear o músico e ícone pop David Bowie.
Bowie, que faleceu em 10 de janeiro, apenas dois dias após completar 69 anos, influenciou gerações por meio da sua música, atitudes e liberdade artística. “Ao sublimar-se David Bowie numa nuvem de palavras e música, outra parte fundamental da formação musical-poético-afetiva de minha adolescência se foi. Não lembro ao certo de como comecei a ouvi-lo; é um desses artistas que a gente tem a impressão de ter ouvido sempre, mesmo antes de nascer, em outros planos”, comenta o músico Renato Torres.
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Em “Ziggy Stardust and The Spiders From Mars: A Motion Picture” (veja trailer), a sensação de que aquele homem, sem gênero definido, realmente não pertencia a esse mundo se amplia. O documentarista D.A. Pennebaker observa tudo com sua câmera íntima, que se coloca na plateia e no palco, nos bastidores, por entre os instrumentos de Mick Ronson, Trevor Bolder e Mick Woodmansey, mas especialmente ao lado da persona intitulada Ziggy, o roqueiro espacial que nos fascina. Mergulhamos na atmosfera teatral, permeada por drama, excitação, rock e morte. Vemos a figura maquiada, com o cabelo rubro, deslizar pelo palco, abusando da pantomima, interpretando as músicas como quem nos conta histórias – algumas absurdas, outras deveras humanas – e anuncia o fim dos tempos.
Pennebaker, ao acompanhar do início ao fim o último concerto da banda (ocorrido no dia 3 de abril de 1973, no Hammersmith Odeon, em Londres), produz um filme único, a epopeia cinematográfica do cantor, compositor, intérprete, ator e performer britânico David Bowie. Lançado apenas em 1983, o documentário cativa espectadores familiarizados ou não com as canções do “suicida do rock”, por mostrar um astro no auge, em meio a trocas de figurinos, conversas de bastidores e interpretações estrondosas de sucessos como “Starman”, “Queenbitch”, “Wild eyed boy (from the free cloud)”, “Life on Mars”, “Time” e “Space Oddity”, além de covers inspirados de Jacques Brel (My Death) e Velvet Underground (White Light/White Heat).
Debate - A exibição no cinema localizado na Fundação Cultural do Pará será acompanhada de um debate especial, com a participação de Renato Torres, do radialista e colecionador musical Leo Bitar e da jornalista Danielle Franco, além da mediação da crítica de cinema Lorenna Montenegro. Eles irão comentar o filme e também ampliar a conversa para um bate-papo sobre a importância de Bowie e sua obra e a influência na cultura pop. “Pra mim, a forma como ele captava a música, a poesia, as artes visuais e as reinventava era sensacional e mudou a minha vida. Era uma espécie de arquiteto do som e da beleza, também sendo um alento para aqueles que se sentiam deslocados na década de 70. E com sua obra se tornando muito relevante, ele extrapolou décadas, sendo referência para sempre”, aponta Leo Bitar. Para Dani Franco, Bowie teve uma importância grande na vida de muita gente, mas a que mais fica é que ele viveu para se reinventar e saiu de cena plenamente consciente de quem era: “Ele segue de volta para as estrelas enquanto que nós continuamos aqui, tentando”, finaliza.
SERVIÇO
Cine Líbero Luxardo, no Centur, em Belém, apresenta “Ziggy Stardust: The Motion Picture”. Sábado, 23 de janeiro, às 15 horas. Sessão única seguida de debate. Entrada franca, sujeita à lotação da sala (90 lugares).
Por Lorenna Montenegro, especial para o LeiaJá.