Os soldados Jason Ferreira Paschoalino e Jonas David Rosa, da Polícia Militar mineira, vão ser levados a júri popular pelos assassinatos de tio e sobrinho no Aglomerado do Cafezal, na região centro-sul de Belo Horizonte. Após as mortes, os militares afirmaram que as vítimas teriam aberto fogo contra a guarnição, mas a Polícia Civil constatou que a versão era uma farsa.
As mortes levaram a comunidade a fazer uma série de protestos, inclusive com incêndios em vários ônibus, e a confrontos com as forças de segurança do Estado, que tentaram ocupar a favela para impedir as manifestações. O crime ocorreu em 19 de fevereiro. Na ocasião, os militares alegaram que o auxiliar de enfermagem Renilson Veriano da Silva, de 39 anos, e seu sobrinho, o dançarino Jeferson Coelho da Silva, de 17, estavam com um grupo de traficantes que, usando fardas da PM, atirou nos policiais, que reagiram.
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No local, foram apreendidos dois revólveres com numeração raspadas, além dos uniformes da Polícia Militar. As investigações do caso revelaram que a cena foi forjada e a Justiça decretou a prisão de Rosa e Pachoalino, além de outro soldado e um cabo da PM. Na instrução do processo, os advogados dos réus mantiveram a alegação de "legítima defesa", mas o juiz Guilherme Queiroz Lacerda, sumariante do I Tribunal do Júri do Fórum Lafayette, em Belo Horizonte, concordou com a denúncia do Ministério Público, para quem as vítimas foram executadas "sem qualquer razão útil ou necessária".
O magistrado determinou que os policiais sejam levados a júri e que aguardem o julgamento presos "sem qualquer tipo de regalia", porque, segundo o juiz, a liberdade dos acusados representaria "inequívoco e justificado temor para as testemunhas" do processo. O julgamento ainda não tem data para ocorrer.