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Depois de serem eliminadas e se despedirem do Campeonato Brasileiro, a equipe feminina do Sport está com um novo foco: o Campeonato Pernambucano. As Leoas farão sua estreia no dia 5 de setembro, contra o Porto. A partida será às 20h, no estádio Antônio Inácio de Souza, o Vera Cruz, em Caruaru.

Em 2017, as meninas foram campeãs invictas do Pernambucano e essa é a meta para este ano. Além das jogadoras que atuaram no ano passado, o Sport se reforçou e contratou mais três atletas do Vitória, da Bahia, para a temporada. Entre elas está a zagueira Anne Souza, de 20 anos. Em entrevista exclusiva ao LeiaJa.com, a mais nova atleta do Leão da Ilha do Retiro falou sobre essa nova fase da sua carreira.

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“Esse momento é muito especial para mim. É a primeira vez que eu saio da minha cidade para jogar. Sair de um Leão e vir para outro, a garra tem que continuar a mesma. Eu me sinto em casa aqui. As pessoas são muito carinhosas e carismáticas com a gente”, disse Anne.

Com os olhos voltados para o Estadual, a zagueira rubro-negra falou qual o pensamento do Sport para a disputa.  “A gente espera fazer uma boa estreia e uma boa competição, com a obrigação de ganhar o Pernambucano, mas sem desmerecer nenhuma equipe. O jogo é jogado e a gente precisa dar o nosso melhor e ter a garra que o Sport sempre teve”.

Capitã do Sport na campanha do ano passado no Pernambucano, a também zagueira Bruna Cotrim falou ao LeiaJa.com sobre qual o sentimento de ter deixado o Brasileiro, mas garantiu que o resultado não abalou a equipe para o Estadual. “É muito difícil para a gente disputar um Campeonato Brasileiro e sair desse jeito. Mas agora é hora de trabalhar, focar no Pernambucano e conseguir o título novamente para o Sport”, afirmou. “A preparação está sendo muito boa. Estamos focadas e treinando muito forte todos os dias para nos sairmos bem na competição”, completou.

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Para o treinador Jonas Urias, ser campeãs invictas no último ano aumenta a responsabilidade do Sport para esta temporada. “Quando o adversário vier nos enfrentar, ele vai enfrentar o atual campeão, e pode ter certeza que a dificuldade dos jogos vai ser elevada por conta disso”, afirmou.

“Nosso foco, nossa determinação e nossa preparação para esse Campeonato Pernambucano têm que ser feita com muito cuidado, carinho e responsabilidade para a gente conseguir o bicampeonato”, completou Jonas Urias.

Assim como em toda partida esportiva, seja ela de futebol ou não, a torcida sempre é um ingrediente chave na receita para se vencer um confronto. Para as Leoas isso não é diferente. A zagueira Anne pediu uma atenção a mais para a equipe feminina do Sport.

“Eu queria que a torcida nos olhasse com um olhar especial, porque mulher é especial. O que a gente joga dentro de campo é com um pouco mais qualidade e não brutalidade. Então tem essa diferença. Se a torcida viesse mais vezes ver, ia se sentir satisfeito com o time do Sport”, finalizou.

Considerada uma das maiores promessas do futebol feminino brasileiro, Micaelly Brasil, 16, é o mais novo reforço do Sport. Natural de Autazes-AM, a jovem atleta assinou contrato até 2018 com o Leão e fala da mudança de endereço, que é um dos maiores desafios em sua carreira.

"Estou muito feliz aqui no Sport. Claro que sinto saudade de casa, mas eu escolhi isso. Eu falei para os meus pais que um dia eu ia sair de casa. Teria que deixá-los para ir atrás dos meus sonhos, ir atrás do melhor para eles porque é o que eu quero desde pequena", contou.

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Micaelly destaca a importância de ter o clube investindo no futebol feminino. "É difícil encontrar uma estrutura deste porte, mas hoje o esporte está tendo mais visibilidade. O Sport tem uma estrutura muito boa e não tenho do que reclamar aqui", afirmou.

A camisa 10 da seleção brasileira sub-17 promete retribuir a recepção que teve em Recife. "Cheguei há menos de uma semana, mas já estou gostando bastante. Quero aproveitar tudo que o Sport estão dando para mim e agradecer essa oportunidade que estou tendo. Vou fazer de tudo que puder para ajudar o time, assim como eles estão me ajudando", disse a meio-campista.

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O futebol feminino ainda vive às sombras do masculino no Brasil, mas a lei do Profut, que obriga os clubes a manterem a modalidade em funcionamento para disputar os torneios nacionais, pode trazer uma mudança no quadro. Entretanto, existe uma preocupação de que a imposição possa ter um efeito contrário no pensamento dos dirigentes que regem os times brasileiros.

"Eu vejo como uma medida pública, como se fosse uma política pública, sendo os clubes obrigados à realizar. Eu acho que tudo feito por obrigação corre o risco de ser mal feito. Mas vamos contar com o bom senso, a dignidade e caráter dos dirigentes para fazer um futebol feminino decente, como é no Sport", opina o treinador da equipe feminina do Sport, Jonas Urias.

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Não é que a ideia de garantir a existência da categoria nos clubes seja o problema, e sim a forma como se é cobrado de cada equipe, da menor até os gigantes da elite. "As leis são feitas para ser seguidas, mas exigem precedentes. Imagina só disputar campeonatos quem tem base, vai ser difícil. Uma equipe feito o Santos tem subsídios para este sistema, mas é diferente de um Vitória ou Sport", afirma o técnico do Vitória de Santo Antão, Diego Melo.

Mas ter como pré-requisito é uma medida que agrada. "Essa questão de obrigar é válida, mas atendendo as necessidades de cada clube. Quer jogar o Pernambucano masculino, tem que usar o feminino. Para jogar a Libertadores também, mas entendendo a realidade", completa o técnico do Vitória.

A Federação Pernambucana de Futebol (FPF) aprova a medida e se mostra otimista quanto ao futuro do futebol feminino no Estado. "A Federação vem investindo há mais de cinco anos. O futebol feminino sempre foi visto e prestigiado por nossa gestão. Com essa alteração no Profut, tomou uma dimensão privilegiada e no próximo ano será ainda maior", garante o diretor de futebol amador da FPF, Jorge Vieira.

Vieira crê que a modalidade tende a passar de 'viável' para rentável. "Ele não é inviável em lugar algum. A intenção da lei é fazer com que a modalidade se torne mais rentável. Com o esforço que está sendo aplicado, em três ou quatro anos já teremos um cenário bem diferente", declara.

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É chover no molhado dizer que o futebol feminino não tem tanto espaço quanto o masculino no Brasil. Em Pernambuco, o cenário até parece melhor quando observados os bons resultados do Vitória de Santo Antão que disputa sempre os títulos do Campeonato Brasileiro e da Copa do Brasil. Mas, nos três grandes clubes do Estado, ainda falta muito para que as barreiras sejam quebradas e o esporte receba a atenção e o investimento mínimos para o desenvolvimento.

O surgimento da lei do ProFut renova as esperanças de que os clubes voltem a apostar nos times femininos, já que as agremiações que se inscrevem no programa para refinanciar dívidas com a União são obrigadas a investir nas categorias de base e em equipes de mulheres já a partir de 2018, sendo 2017 um ano de adaptação. Além da legislação, a CONMEBOL também passou a cobrar a existência da categoria para clubes que desejam disputar suas competições: a Copa Sul-Americana e a Taça Libertadores da América.

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Porém, a legislação é branda e, na maioria dos casos, não muda muito a realidade das mulheres no futebol. A falta de um calendário maior, patrocinadores e receita são alguns dos pontos que os clubes alegam para não manter os times femininos. A realidade é dura e são poucas as esperanças de que o cenário possa mudar. Em Pernambuco, aos trancos e barrancos, surgem iniciativas que podem transformar o esporte, mas existe um adversário grande a ser batido; a discriminação. E esta começa dentro dos próprios times do estado.

Timbu tenta engatar

Atual vice-campeão pernambucano, o Náutico está tentando manter o time feminino em atividade, mas o calendário curto estava atrapalhando. Com a criação do Brasileiro, a diretoria alvirrubra espera que fique mais rentável para segurar a barra. Os dirigentes queriam que existisse um calendário para o ano inteiro. O Timbu não tem conseguido resultados satisfatórios a nível nacional, mas chegar a final no estadual de 2016 já mostra que, por menor que seja o investimento, existe retorno.

Neste ano, as alvirrubras confirmaram a participação na Série B do Campeonato Brasileiro e pretendem levar o projeto adiante. Em março, o Timbu irá participar, além do nacional, do Campeonato Pernambucano. Para o segundo semestre, também haverá calendário graças à Copa do Brasil.

A força do Vitória das Tabocas

O Vitória é o maior clube de Pernambuco quando o assunto é futebol feminino. O clube começou a tomar as rédeas do esporte local em 2010, quando bateu o Sport na final do Campeonato Estadual. Desde então, só deu o time da cidade de Vitória de Santo Antão. Foram sete títulos consecutivos, mais grandes atuações na Copa do Brasil, Campeonato Brasileiro e até Libertadores da América da categoria.

"É um projeto que surgiu com o Modesto Roma. O Santos desmanchou o time e ele viu a oportunidade de montar o nosso. Foi assim que tudo começou, em 2005", diz o gerente de futebol do Vitória das Tabocas, Alan Rocha.

Nos últimos anos, o Vitória das Tabocas é o único representante do Estado nas competições nacionais. Porém isso irá mudar com a nova fórmula do Campeonato Brasileiro Feminino a partir de 2017, com as séries A e B, tudo custeado pela Confederação Brasileira de Futebol. Para Alan, esse é o apoio que estava faltando para o esporte deslanchar.

"Esse vai ser o empurrão que estava faltando. Existia uma descriminação, mas isso é coisa do passado. No mundo todo é possível observar essa mudança, o público já abraçou o esporte. O campeonato custeado pela entidade e os clubes lançando seus times vai alavancar o futebol feminino", destacou.

O desempenho do time feminino coloca o Vitória como o segundo maior clube do Brasil. E o grupo da Mata Sul de Pernambuco puxa a Federação Pernambucana de Futebol para a terceira posição no ranking entre federações. Resultados notáveis, para um clube que não tem um terço do poder de investimento dos três grandes da capital. "Em 2017, queremos vencer o Brasileiro e garantir vaga na Libertadores. Nós somos os segundos, queremos o topo", completou o gerente de futebol.

Um forte recomeço

Tradicional no futebol pernambucano, o Leão sempre mostra força em outras categorias, algo que aconteceu por muito tempo. Até 2015, para ser mais preciso. Curiosamente, em 2008, quando o time masculino foi campeão da Copa do Brasil, as leoas chegaram à final da versão feminina, o que mostra se tratar de uma equipe com calibre. O problema é que, por questões estruturais, o clube optou por encerrar as atividades na gestão do presidente João Humberto Martorelli.

Parte da diretoria na época, o atual executivo, Arnaldo Barros, restaurou o departamento, cumprindo promessa de campanha. Formou um elenco formado por jogadoras da seleção brasileira, ex-atletas que foram desligadas do Santa Cruz e também algumas peças que faziam parte do time vice-campeão em 2008. O Sport contratou o melhor técnico do campeonato paulista, pois irá disputar a primeira divisão do Brasileiro neste ano, vaga garantida com a permanência na Série A, pelo masculino. E a confiança para o torneio está tão alta quanto à responsabilidade de dar retorno ao investimento.

"Nossa mentalidade é vencedora. Esperamos jogar de igual para igual com todas as equipes do Brasileiro. Venho de São Paulo, conheço as equipes, os trabalhos e tenho informações para enfrentar todos os times, então nossa expectativa é a melhor possível", disse o treinador Jonas Urias ao LeiaJa.com.

O Sport é segundo o clube que mais vezes venceu o Campeonato Pernambucano de Futebol Feminino com 6 títulos (1999, 2000, 2005, 2007, 2008 e 2009) e foi quem revelou a atual goleira da seleção brasileira, Bárbara.

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Recomeçou, mas terminou outra vez

Após 11 anos, o Santa Cruz reativou o futebol feminino em setembro de 2016, numa empreitada do técnico Farges Ferraz, que a direção do Departamento de Fase/Futsal abraçou à época. O problema é que foram só eles mesmo. O clube passa por uma crise financeira grave e desde que reiniciou as atividades, o departamento só recebia uma baixa ajuda de custo. Todo o resto do dinheiro necessário para a manutenção estava sendo buscado com patrocinadores, fora do Arruda. Não tinha como ser diferente, o Santa voltou a fechar a categoria.

"Existe sim um preconceito, mas não é só no Santa Cruz, é no país inteiro. Praticamente tudo que entra nos cofres vai para o futebol masculino. É algo que dificulta realizar qualquer trabalho dentro do clube nesse sentido. Nem adianta sonhar em ter times de outros esportes no Santa", destacou o diretor do Departamento de Base/Futsal do Santa Cruz, Bleno Porfírio da Cruz Júnior.

O ex-treinador do time feminino e também gestor da modalidade no Santa, Farges Ferraz, crê que a discriminação irá deixar o esporte sempre em segundo plano. O foco em manter apenas o time masculino está matando as chances de desenvolvimento de qualquer outro esporte no Arruda. "A maior parte das pessoas que estão à frente são antigas demais no poder e só pensam em investir no que dá dinheiro. O futsal do clube veio caindo, não há outro esporte amador que receba investimento, o interesse é apenas no futebol profissional", lamentou à época.

A lei do ProFut não mudou muita coisa pelas bandas do Arruda. Apesar do interesse do Tricolor em disputar a Copa Sul-Americana, o que aumenta a pressão para o investimento no futebol feminino, as legislações são brandas e não garantem o bom funcionamento da categoria. "O artigo quarto fala apenas em manter investimentos em categorias de base e feminino, não diz quanto. Ou seja, se eu dou mil reais por mês para cada, já cumpri as exigências. Essa lei não nos protege como deveria, seja feminino ou base. Se estivesse destacado um percentual em cima dos ganhos totais do clube, existiria sim um investimento real, mas esse, definitivamente, não chega nem perto do ideal", destacou Bleno.

Em fevereiro de 2017, o Santa fechou mais uma vez o departamento feminino, alegando, em nota, que nunca houve contrato com as atletas e que a responsabilidade era toda da gestão do projeto. E o clube apenas iria ceder a marca. Algo que já realiza com o Fut7. Além disso, a direção acusa os responsáveis de má gestão e que nem mesmo com um incentivo financeiro viu melhoras, por isso encerrou a parceria. Por conta do ProFut, no próximo ano o Tricolor irá ser obrigado a contar com a equipe, porém ainda não se sabe como essa questão será tratada pela diretoria. Por enquanto, as atletas seguem sem clube (exceto as que acertaram com o Sport) e o departamento permanece inativo.

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Com o time feminino de volta às atividades, o Sport já começa o trabalho com grandes anseios. Vice-campeão da Copa do Brasil, em 2008, e segundo maior campeão estadual, o rubro-negro tem tradição em disputar títulos na modalidade. E, mesmo com um elenco recém-formado, o novo treinador vê as leoas em condições de entrar no Brasileiro para vencer.

"Nossa mentalidade é vencedora. Esperamos jogar de igual para igual com todas as equipes do Brasileiro. Venho de São Paulo, conheço as equipes, os trabalhos e tenho informações para enfrentar todos os times, então nossa expectativa é a melhor possível", comentou Jonas Urias.

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O comandante foi eleito o melhor treinador do Campeonato Paulista em 2016, treinando o Centro Olímpico. "Eu não esperava, mas quando a supervisora chamou eu aceitei de imediato. É um clube importante no cenário brasileiro e tem peso. Foi muito rápido, aceitei na hora e, em poucos dias, cheguei em Recife. Depois pensei no lado pessoal, o quanto seria difícil vir, mas a questão profissional falou mais alto eu estou bem satisafeito", revelou.

Jonas tem 27 anos e dedicou sete deles ao futebol feminino. A frente do Centro Olímpico-SP ajudou a desenvolver mais de 25 atletas que chegaram à seleção brasileira. Trabalhou com as categorias de base e, em sua primeira temporada na equipe profissional, foi coroado com dois títulos.

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Com atividades retomadas em 2017, o futebol feminino do Sport iniciará oficialmente sua temporada nesta segunda-feira (6). Jogadoras e comissão técnica da equipe rubro-negra serão apresentadas no auditório da sede da Ilha do Retiro, com direito a presença do presidente do Leão, Arnaldo Barros. A equipe disputará neste ano competições como Campeonato Pernambucano e Campeonato Brasileiro.

Logo após a apresentação, as meninas iniciarão as atividades de preparação no campo auxiliar da Ilha do Retiro. O time será comandado pelo paulista Jonas Urias. Contratado recentemente, ele possui no currículo o prêmio de melhor comandante no Campeonato Paulista feminino de 2016 e é bacharel em esportes pela Universidade de São Paulo (USP).

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No elenco, o treinador irá contar com algumas peças importantes que têm passagens pela Seleção Brasileira de base, como a meia Ariadna, que defendeu a equipe sub-17, e as zagueiras Bruna e Giovana, a lateral Amanda Brandão, e a atacante Ingrid, todas jogadoras do time sub-20. Além das jovens, o time será formado por atletas do próprio clube, e de estados como Rio de Janeiro, Maranhão, Espírito Santo e São Paulo.

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