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Em menos de 140 caracteres, simples como uma Blitzkrieg Bop, a vida de Johnny Ramone pode ser definida da seguinte forma: pedreiro desempregado compra guitarra, monta banda e entra para a história. Se estivesse vivo, o âncora dos Ramones, morto em 2004, vítima de câncer de próstata, certamente não se incomodaria com tal resumo. Descomplicação era seu nome do meio. Assim foi até a morte, pouco antes da qual o roqueiro de Long Island, considerado pela Rolling Stone um dos 20 melhores guitarristas de todos os tempos, resolveu preencher as lacunas.

No livro Commando - A Autobiografia de Johnny Ramone, escrito enquanto batalhava a doença, e lançado no País recentemente pela editora Leya, Johnny narra a ascensão dos Ramones pela mesma ótica proletária, sem firulas, com que construiu a primeira banda punk da história. Desde o início, em 1974, quando Johnny foi demitido de um emprego de construção civil com a implementação da ação afirmativa, que obriga empresas a terem quotas para as minorias, não havia conceitos minimalistas premeditados. Juntou-se com Tommy, um amigo da escola, Dee Dee e Joey. Gostavam de rock, não de blues, ou jazz, apenas rock puro. Chuck Berry, Little Richard, um pouco de Stones e nada mais.

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Ninguém sabia tocar. Aprenderam a nadar pulando na água. "Nossas canções saíam de um espaço de influência pura de rock. Elas tinham de ser simples. Éramos forçados a tocar desse modo devido a nossas habilidades musicais limitadas", escreve. A banda de três acordes, como era chamada pelos detratores, debutou no hoje lendário e glamouroso CBGB’s, berço de visionários setentistas como Television e Patti Smith, que na época, era "apenas um barzinho velho e seboso no Bowery".

Mas se faltava qualidade técnica, não faltava visão aos Ramones, que desde o início mostravam um afiado instinto pop. Surgiram em meio à emperiquitada cena de glam rock nova-iorquino, com cortes de cabelos semelhantes, nomes fáceis de lembrar, e uma certa dose de purpurina para não ficar de fora. Aos poucos lapidaram o visual histórico: Johnny tinha uma jaqueta de couro Perfecto, os outros começaram a usar tênis Converse, jeans surrados não eram difíceis de encontrar... o resto é história. Mas se aparentavam desleixados, as memórias retratam um grupo extremamente conscientes do pacote que vendiam.

Certa vez, ainda no início, filmaram uma de suas apresentações no CBGB's. Ao assistirem, fizeram algumas mudanças. "Tommy e eu avaliávamos o que fazíamos e como poderíamos melhorar", conta. "Joey ainda dava chutes, ficava de joelhos e cantava, e fazia aquela coisa de bicha roqueira. Era terrível, simplesmente ridículo. Assim, falamos para ele apenas ficar em pé e segurar o suporte do microfone".

A técnica de guerrilha que Johnny desenvolveu para tocar a sua Mosrite de um só captador, com stacatos estridentes, passou a influenciar diversas bandas de punk inglesas, e pode ser ouvida até em discos de New Wave e na onda de heavy metal britânica, em bancadas como Iron Maiden. Kirk Hammett, do Metallica, e Eddie Vedder, do Pearl Jam, também os citam como inspiração. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

COMMANDO - A AUTOBIOGRAFIA DE JOHNNY RAMONE

Tradução: Lucia Brito

Editora: Leya (176 páginas, R$ 44)

John Cummings pode não ser um nome muito conhecido, mas Johnny Ramone com certeza o é. Sai neste mês de fevereiro no Brasil a autobiografia dele que, sem sombra de dúvidas, é um dos maiores ícones do rock'n'roll. Commando é um relato do próprio Johnny, onde ele tenta mostrar nuances diferentes das que a mídia e seu comportamente deixaram através dos anos.

Além dos textos escritos por ele, o lançamento conta com prefácio de Tommy Ramone, epílogo de Lisa Marie Presley e uma análise álbum a álbum da discografia dos Ramones. O posfácio fica a cargo de John Cafiero e Linda Ramone, com quem Johnny teve um affair.

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Guitarrista e líder dos Ramones, Johnny era considerado o menino problema do seu bairro, beberrão e chegado a confusões, nunca nem pensou em entrar para uma banda até perder seu emprego em 1974. O nome Ramones foi inspirado em Paul Ramon, nome usado por Paul McCartney quando se registrava em alguns hóteis. Commando tem 176 páginas e sai no Brasil pela editora LeYa.

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