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A boliviana Luciana Campos, de 27 anos, nunca pensou que um dia teria sua filha beijada pelo papa. Morada da favela do Pavãozinho desde que chegou ao Rio, há oito anos, ela trabalha em Copacabana todos os dias vendendo artesanato. Sua primeira filha, Emili, nasceu faz pouco mais de um mês e acompanha a mãe todo dia, já que ela não tem ninguém para cuidar do bebê enquanto trabalha.

Depois de ver o papa passar na sua frente duas vezes nessa última semana - e beijar um monte de bebês nesse trajeto -, Luciana resolveu arriscar. Pediu que sua sobrinha levasse Emili a frente da multidão. Ela conseguiu abrir caminho entre um grupo de argentinos e entregou o bebê a uma voluntária. "Não acredito que deu certo. Ela levantou minha filha e o papa parou e deu um beijo na testinha dela", contou.

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A família de Luciana é católica e frequenta uma capela que celebra missa em espanhol na mesma favela em que vive, para a comunidade andina que vive ali. "É emoção demais", afirmou. 

Jorge Bergoglio manteve o mesmo olhar simples e sincero e as mesmas atitudes de proximidade com o povo antes e depois de se tornar Papa Francisco, segundo jornalistas argentinos que o acompanharam durante anos, enquanto este ainda era cardeal em Buenos Aires.

"Diz-se que este Papa está surpreendendo. Mas para quem cobria informações religiosas na Argentina não é uma surpresa. Ele sempre foi assim, simples e sincero. Coerente no que diz e no que faz", disse o jornalista Sergio Rubín, do jornal argentino "El Clarín", coautor de uma biografia sobre Bergoglio ("O Jesuíta"). "Não é marketing. É o Jorge Bergoglio de sempre".

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Rubín disse que começou a pensar no livro depois que Bergoglio ficou em segundo lugar no conclave de 2005, que elegeu Joseph Ratzinger como Pontífice. Não havia a menor perspectiva de que algum dia ele pudesse se tornar Papa, disse. Mas sua devoção aos pobres, o contato com o povo e a força que vinha de sua humildade estavam entre as características que o tornavam um bom personagem para ser biografado.

"Era para ser a memória de um grande cardeal", disse. "Ele não gosta de aparecer e, quando o abordamos pela primeira vez sobre o livro, saiu correndo. Como jornalistas, insistimos. Na terceira vez, cedeu".

Durante dois anos, os autores Rubín e Francesca Ambrogetti se encontraram uma vez por mês com o religioso para discutir temas como Cultura, Igreja, Educação, história familiar e etc.

O padre Gustavo A. Sanchez, diretor do projeto "A Voz dos Hospitais" e repórter da radio Brazos Abiertos (Braços Abertos), de Buenos Aires, Alejandro D'Alessandro, também participaram de uma coletiva de imprensa hoje e compartilharam suas experiências com o Santo Padre.

O fotógrafo Enrique Cancas, também do "Clarín", relatou não ver mudanças na postura do Papa Francisco. Cancas o acompanha há dez anos, inicialmente como fotógrafo freelancer. Segundo ele, no entanto, nos últimos três anos foi sentida uma grande transformação na forma como Bergoglio era tratado, ganhando cada vez mais projeção, embora mantivesse a mesma postura humilde.

Cancas trouxe uma foto de presente para Francisco, com quem se encontrou durante a Jornada Mundial da Juventude. "Eu disse: Jorge, te trouxe uma foto", contou. A imagem mostra o close de um jovem em vigília, exibindo uma foto de Francisco e símbolos do seu time de futebol de coração, San Lorenzo. "Sempre se manteve humilde e sincero".

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