O verão rejuvenesceu as criações apresentadas neste sábado (26) na Semana da Moda de Milão, com vestidos mais confortáveis, frescos e divertidos para a próxima temporada, seja no estilo informal de Roberto Cavalli, no esportivo de Bottega Veneta ou no despir chique de Jil Sander e Ermanno Scervino.
Todos os olhares se voltaram para o aguardado desfile de Cavalli, fundador da marca, que pela primeira vez esteve ausente da passarela. O estilista toscano, de fato, cedeu sua casa de alta-costura ao fundo de investimentos italiano Clessidra. À frente da mesma o sucedeu Peter Dundas, que teve a responsabilidade de retomar o bastão da marcha, renovando-a por completo.
##RECOMENDA##Mal chegou, o estilista norueguês propôs uma ruptura total com o tradicional estilo glamouroso e extravagante de Cavalli. O tom sensual e a pegada 'rock' da marca ainda estavam presentes, mas em uma versão totalmente renovada, que lembra mais a Just Cavalli, Nº 2 da empresa.
As estampas em "animal print", marca registrada da grife, foram mantidas, mas em estilo "digital", quase abstrato, com cores de verão. O habitual trabalho artesanal apareceu apenas esboçado.
O guarda-roupas, sobretudo, passou por uma revolução de alto a baixo. Saíram os vestidos de sereia e de noite, entraram as roupas básicas, fáceis de usar no dia a dia: jaquetas curtas e vestidos em denim de diversos tons tie and dye (rosa, glicina, celeste), leggings e vestidos super-justos, shorts, parcas em nylon ultraleve e T-shirts. Para a noite, vestidos supercurtos com caudas longas e leves.
A vela inspira
Informalidade e conforto também predominaram na coleção esportiva de Bottega Veneta, que apresentou roupas pensadas para a vida ao ar livre. Calças de 'jogging' em tecido aveludado combinaram com sweat-shirt e colete com zíper, também aveludados, estampados com uma "camuflagem" sutilmente militar.
O estilo safári se fez presente com jaquetas e saias estampadas em estilo leopardo com inserções de couro preto ou vestidos em gabardina e cardigãs em cashmere estampados com a mesma estampa de folhas.
Os tecidos em crochê, decorados com anéis metálicos, fizeram alusão à vela. Este esporte náutico inspirou particularmente o diretor criativo Tomas Maier, que apresentou longos vestidos em técnica nylon, ao estilo do tecido de paraquedas, decotados nos ombros e amarrados no pescoço e nas costas com nós de marinheiro. Estas cordas, típicas dos veleiros, também apareceram nos acabamentos e em vestidos confeccionados em patchwork de materiais rústicos.
Criador da Jil Sander, Rodolfo Paglialunga também brincou com laços, que se entrecruzaram nas costas para sustentar vestidos de cetim fluido ou com cintos de fechos metálicos.
Vestidos e saias retos se ajustaram de forma sensual ao corpo, assim como casacos longos. Às vezes, um ombro, barriga ou costas nus revelaram o corpo através de um jogo de mostra e esconde, enquanto o olhar das modelos era escondido por um chapéu de palha.
O mesmo espírito lânguido marcou a coleção de Ermanno Scervino, que deu ênfase à lingerie, de rendas e peças transparentes de um lado, e um vestuário mais cotidiano, inclusive esportivo, do outro, com macacões e conjuntos de aviador confortáveis e sem frufrus.
Um leve ar oriental paira nas criações de Antonio Marras, que nos conduz a uma viagem entre a Armênia e o Irã. Dominada por cores em tons de cobre, toda a coleção se apoia em um equilíbrio entre formas relativamente simples e materiais preciosos, entre os quais se destacou o ouro.
No domingo será a vez, em particular, de Marni, Dolce & Gabbana, Salvatore Ferragamo e Trussardi.