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Filosofia e literatura. Sofisticado e popular. Regional e universal. A obra de Alceu Valença, que completa 77 anos na semana que vem, mistura elementos que fazem do músico pernambucano um artista consagrado. Em entrevista à Agência Brasil, na semana de lançamento de sua primeira biografia, obra do escritor Julio Moura, o multiartista reflete sobre as principais influências profissionais e de vida. A raiz em São Bento do Una, no interior pernambucano, é uma chave importante de leitura de sua poesia em instrumentos, incluindo sua voz poderosa e arretada.

Agência Brasil - Como compreender todas as influências de sua obra?

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Alceu Valença - Eu não vou trair a minha música e a minha maneira de pensar. A minha influência passa pela cultura que advém da África, dos indígenas e da Península Ibérica. Eu não sou anglófono, apesar de entender que musicalmente eles são ótimos. Mas eu não tenho nada a ver com isso. Eu só saio fazendo a minha coisa o tempo todo, fazendo do jeito que eu quero, da maneira que eu quero e naquilo que eu acredito.

Agência Brasil - A sociedade incorporou sua música em diferentes momentos, como Anunciação, por exemplo, cantada para diferentes objetivos. Você vê com bons olhos?

Alceu Valença - Anunciação é uma obra aberta. Quando uma criança canta, ela está pensando em algo. Quando alguém canta pelo amor perdido, é outro olhar. É uma música cheia de esperança.

Agência Brasil - Sua obra mistura elementos populares e de sofisticação. Como você vê isso?

Alceu Valença - Pensando assim, eu fui uma pessoa que eu li muito. Eu adorava filosofia. Cada pessoa tem a sua circunstância. Como diz o espanhol Ortega Y Gasset: “Eu sou eu e minhas circunstâncias”. Ninguém vai ter a mesma circunstância do que eu. Eu acredito na coisa que faço. Sempre acreditei. Não tenho essa história de ficar orgulhoso. Nem em sucesso que sobe à cabeça. 

Agência Brasil - Alguma música significa mais para você?

Alceu Valença - Na verdade, não. A minha preferida é o conjunto da obra. Cada música tem o seu momento. Pelas ruas que andei é o reflexo do Alceu Valença que morou no Recife. Anunciação é uma música que surgiu em Olinda, também no meu caminhar. Eu estava com uma flauta e comecei a aprender sozinho. Um dia eu fui para a rua e, de repente, comecei a tocar. Nem sabia que estava tocando uma música. Alguém falou que era uma música linda. Eu peguei um papel e escrevi a música. Eu estava também inspirado no meu passeio por Olinda, aonde eu saí pela rua. Fui no Mosteiro de São Bento e depois voltei pra casa. Quando vou fazer uma música, eu não fico pensando o que é que eu estou fazendo.

Agência Brasil - Mas o que inspira esse intelecto?

Alceu Valença - Eu lia Fernando Pessoa com 16 anos. Eça de Queiroz eu lia também. Vamos dizer que Carlos Drummond de Andrade foi outro que me influenciou e me comoveu. Como diz (o filósofo) José Ortega Y Gasset, eu sou eu e minhas circunstâncias. As minhas circunstâncias todas estão dentro da minha obra. Tudo que eu vivenciei está dentro do meu trabalho e sempre esteve.

Agência Brasil - A invasão da tecnologia é algo bom ou ruim?



Alceu Valença - É bom para que todo mundo se expresse. Só que, como profissão, pode virar uma outra coisa.

Agência Brasil - Mas a inteligência artificial é um risco?

Alceu Valença - Eu já falava isso antes (sobre os riscos). (Será possível) ter uma entrevista, que peguem a minha voz. Na música, (pode ter) plágio. Só que é um plágio muito bem feito. A inteligência artificial pode ser um grande problema.

Agência Brasil – Como você analisa as redes sociais?



Alceu Valença - Eu tenho muito medo dessa questão das fake news [informações falsas]. É [algo] muito complicado. Você pode fazer uma edição e lascar meu nome. Acontece também dentro da internet uma coisa chamada viral. Eu notei uma coisa interessante analisando depois. Eu estava lá no Rio de Janeiro (na época das Olimpíadas) na frente de uma padaria. Eu passei com a minha mulher para o outro lado. De repente, eu vi o som de Anunciação. Eu cantei na hora. Deu um viral. Não houve ensaio nenhum. Nada. [Por outro lado], quando cheguei em Portugal fazendo show um ano depois, teve um momento que a gente foi gravar com equipamentos muito bons com câmeras maravilhosas. Gravamos uma música, Coração bobo. E aí botaram na rede social e não aconteceu nada. Entendeu? Coração Bobo estava muito mais bem gravada. E a mal gravada que deu mais repercussão.

Nesta sexta-feira (1º), é celebrado o Dia Internacional da Música, que visa destacar uma das maiores formas de artes existentes no mundo. A data foi concebida em 1975 pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), ao lado da organização não governamental International Music Council.

Além da questão artística, muitos profissionais encontram na música uma motivação de trabalho. O vocalista e guitarrista da banda paulista Rolls-Rock, Eduardo Costa, está envolvido no meio musical desde a sua infância, além de ter uma motivação por parte de seu pai, que também é músico. “Apesar de ter feito faculdade de ciência da computação, eu sempre tive muito mais gosto pela música e sabia que seria muito mais feliz fazendo o que eu gosto”, comenta.

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Costa vive de música há 19 anos e carrega consigo inspirações como Jimmy Page, Eddie Van Halen (1955-2020), Steven Tyler, Paul McCartney e Glenn Hughes. Além deles, o músico destaca colegas de profissão brasileiros, entre eles João Kurk (1950-2017), Giba San, Fabio Cirello e Paschoal Appolário. Para Costa, o músico paulistano está sempre em uma jornada para tocar em lugares que ofereçam boas estruturas e bons caches.

“Acredito que esses sejam os maiores desafios, mas, antes de tudo isso, tem muita coisa a ser feita. É preciso ter uma banda onde todos os integrantes pensem iguais, queiram a mesma coisa e falem a mesma língua, para que seja possível arredondar os interesses e ensaios”, afirma.

Outro que também transformou a arte sonora em profissão foi o publicitário e músico da banda Elfara, Matheus Calchi, que enfatiza não saber o que faria caso não trabalhasse com música. “Não tive nenhuma influência na família, simplesmente o mosquitinho picou e já era. Desde os meus oito anos de idade, eu já sabia o que queria”, destaca.

Entre suas diversas influências, está o seu professor, músico, compositor, engenheiro de som e produtor musical Paulo Anhaia. “O cara não sabe brincar com música, produziu os melhores discos no Brasil”, declara Calchi. De maneira geral, Calchi acredita que a profissão musical proporciona diversos desafios, entre eles, o alto custo dos instrumentos. “O país não incentiva, ainda mais hoje em dia que é difícil ver uma criança que deseje ganhar um violão. A gente trabalha porque ama mesmo, tem que ser meio louco pra trabalhar com arte”, lamenta.

Na visão do compositor, doutor em música e coordenador de graduação musical Sergio Molina, a atuação na área no século XXI exige cada vez mais conhecimento, que possibilite uma atuação diversificada. “É necessário estar pronto para atender as demandas que venham de diferentes subáreas, como interpretação e performance, criação, trilhas, regência, uso de tecnologia e área didática”, explica.

De acordo com o professor, o espaço de atuação é cada vez mais ocupado por profissionais graduados e pós-graduados, com capacidade de refletir, dialogar e propor soluções criativas no mercado de trabalho. “E é justamente essa ampla visão da área que um estudo organizado de música possibilita”, finaliza.

O Ibovespa acelerou o ritmo de queda na última hora do pregão desta quarta-feira, 28, largando de vez o patamar dos 86 mil pontos em torno do qual ficou oscilando na maior parte da sessão de negócios. O movimento espelhou o mau humor vindo de seus pares em Wall Street, cujos índices foram pressionados pelo sentimento de cautela dos investidores diante da divulgação, nesta sexta-feira, de dados sobre gastos de consumo e mais um depoimento do novo presidente dos Estados Unidos, Jerome Powell.

O índice à vista encerrou em baixa de 1,82%, aos 85.353,59 pontos. Com as perdas de hoje, o Ibovespa ainda encerrou fevereiro com uma valorização de 0,52% e acumula alta de 11,72% em 2018. Em todo ano passado, o porcentual de valorização foi de 26,8%.

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Na maior parte do dia, as commodities ditaram o movimento de perdas lá fora com influência no mercado acionário doméstico. O recuo tanto do minério de ferro quanto do petróleo infringiu perdas para os papéis de empresas correlatas.

O minério de ferro, com o preço recuando mais para perto dos US$ 76 a tonelada no porto de Qingdao, na China, arrastou as principais mineradoras em Londres e, por aqui, a Vale. Os papéis da mineradora brasileira, em baixa durante todo o dia, aceleraram a queda quase no fim do pregão em meio a notícias de que a companhia prepara uma oferta subsequente (follow on) para a venda da fatia que o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, Previ, detém na empresa.

"Hoje foi aquele dia sem agenda relevante do ponto de vista nacional e quem vem, de fato, puxando o mercado são os ativos como da Vale, que seguiu as mineradoras lá fora", notou Roberto Indech, analista-chefe da Rico Corretora.

No meio do dia as cotações do petróleo aprofundaram perdas amparadas nos dados do relatório de estoques da commodity, de gasolina e a produção do Departamento de Energia (DoE, na sigla em inglês) nos Estados Unidos, que aumentaram acima da previsão dos analistas. Única das blue chips em alta desde o início do pregão, naquele momento, as ações da Petrobras passaram a operar no negativo e ajudaram, juntamente com o setor financeiro, a ampliar as perdas do Ibovespa.

Neste sábado (21), a cantora Mart'nália sobe ao palco do Baile Perfumado, nova casa de shows do Recife localizada no Prado, para apresentar seu mais recente álbum, produzido pelo músico Djavan. O disco, intitulado Não Tente Compreender, é de surpreender os fãs da cantora, acostumados com fortes doses de samba. Dessa vez, Mart'nália mostra influências do rock, MPB, soul e jazz. Composições de Marisa Monte, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Nando Reis, Zélia Duncan, Paulinho Moska e até Lula Queiroga, entre outros, estão presentes no novo trabalho.

A cantora vem acompanhada de Ivan Machado (contra-baixo), Antonio Guerra (teclados), Tuca Alves (violão /guitarra), André Siqueira (percussão), Luiz Brito (percussão/cavaco), Theo Zagrae (bateria) e vocais de Dandara Ventapane, Analimar Ventapane e Jussara Silva. Para os que pretendem cair no samba, não vão faltar no repertório canções como Cabide, Ela é a Minha Cara, além de sucessos de grandes sambistas, entre eles, o pai da cantora, Martinho da Vila. A banda Samba de Luxo também se apresenta nesta noite, trazendo interpretações de mestres do samba como Cartola, Adoniran Barbosa, Noel Rosa e Ataulfo Alves.

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Serviço
Mart'nália
21h
Baile Perfumado (rua Carlos Gomes, 390 - Prado)
R$ 60 (inteira) e R$ 35 (meia), à venda nas lojas Chilli Beans, Passadisco, Tax e Avesso
Informações: 81 3441-1241

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