A imprensa estatal chinesa acusou, neste domingo (12), a presidente de Taiwan, que foi reeleita no dia anterior por uma grande maioria para um segundo mandato, de "trapacear" e tentou desacreditar sua vitória, vista com desprezo por Pequim.
Tsai Ing-wen, que fez campanha contra o autoritarismo de Pequim, venceu a eleição presidencial de Taiwan no sábado (11) com 57,1% dos votos, apesar da campanha de intimidação econômica e diplomática do poder comunista para isolar a ilha.
"Taiwan mostrou ao mundo o quanto amamos nosso modo de vida livre e democrático e nossa nação", disse Tsai à imprensa quando anunciou sua vitória.
Os meios de comunicação em Pequim, estritamente controlados pelo governo comunista, relativizaram, porém, o impacto desta vitória e questionaram sua legitimidade.
"Obviamente, essa não é uma eleição normal", comentou em um editorial em inglês a agência oficial Xinhua.
Tsai e o Partido Democrata Progressista (PDP) recorreram a "táticas sujas como trapaça, repressão e intimidação para obter votos", escreveu a agência sem fornecer explicações para as suas acusações.
Um outro editorial da Xinhua, publicado em chinês, acusou Tsai Ing-wen de ter comprado votos e disse que "forças obscuras externas" eram parcialmente responsáveis pelos resultados das eleições.
A vitória de Tsai Ing-wen, que obteve 8,1 milhões de votos, mais do que nas eleições presidenciais de 2016, foi "apenas um golpe de sorte", considerou a Xinhua.
Taiwan, uma ilha com cerca de 23 milhões de pessoas, está politicamente separada da China há sete décadas.
No entanto, é considerada um país independente apenas por algumas capitais, cujo número diminuiu nos últimos anos.
A China considera Taiwan uma de suas províncias e prometeu um dia recuperar seu controle, à força, se necessário.
As tensões são altas entre as duas margens do Estreito de Taiwan, porque Tsai se recusa a reconhecer o princípio da unidade de Taiwan e da China dentro do mesmo país - como reivindicado pelo poder comunista.
Para o Global Times, jornal chinês de tom nacionalista, essas tensões são "orquestradas" por Tsai Ing-wen e seu partido "para despertar o medo entre os taiwaneses em relação à China continental".
Desde que Tsai Ing-wen chegou ao poder em 2016, Pequim lançou uma campanha de intimidação econômica e diplomática contra Taiwan, na expectativa que isso levasse os eleitores a apoiar um candidato mais favorável ao poder de Pequim - sem sucesso.
A diplomacia chinesa, por sua vez, emitiu neste domingo uma declaração concisa sobre a reeleição de Tsai Ing-wen.
"Aconteça o que acontecer (...) os fatos são imutáveis: existe apenas uma China no mundo e Taiwan faz parte da China", disse Geng Shuang, porta-voz do ministério das Relações Exteriores.
"A posição do governo não vai mudar", acrescentou Geng.