Tópicos | imigração clandestina

A descoberta dos corpos de 39 chineses em um caminhão frigorífico, perto de Londres, na quarta-feira (23), soma-se a vários dramas de imigração clandestina registrados na Europa nos últimos anos.

Relembre abaixo as mais graves destas tragédias:

- 58 mortos em Dover -

Em 18 de junho de 2000, funcionários de aduanas do porto inglês de Dover descobriram, em um caminhão que acabava de atravessar o canal da Mancha, 58 cadáveres debaixo de um carregamento de tomates.

O caminhão, com placa holandesa, havia feito a travessia a bordo de um ferry, partindo do porto belga de Zeebrugge.

Confinados em um contêiner, 54 homens e quatro mulheres com idades entre 16 e 43 anos, todos chineses, morreram por asfixia. Apenas dois deles conseguiram sobreviver.

Em 2002, o motorista holandês que, segundo a acusação, provocou a morte dos imigrantes ao fechar a pequena saída de ventilação da cabine, foi sentenciado a 14 anos de prisão por homicídio culposo e por tráfico de pessoas.

Já o chefe da organização, um cidadão turco, recebeu uma pena de 10 anos e meio de prisão.

- 71 mortos na Áustria -

Em 27 de agosto de 2015, a polícia encontrou um caminhão frigorífico abandonado em uma estrada na Áustria, em Parndorf, perto da fronteira com a Hungria. Dentro do veículo, havia 71 corpos de homens, mulheres e crianças, que já entravam em estado de decomposição.

A investigação apontou, rapidamente, que eram migrantes que fugiam dos conflitos na Síria, no Iraque e no Afeganistão. Eles haviam sido embarcados no veículo no dia anterior por traficantes de pessoas na Hungria, não muito distante da fronteira com a Sérvia.

Amontoados em 14 m2, com menos de 30 m3 de ar para respirar, faleceram em menos de três horas neste compartimento hermeticamente fechado, quando ainda transitavam por território húngaro, relataram os legistas.

Com este episódio, os investigadores expuseram uma rede de contrabando de migrantes liderada pelo afegão Samsoor Lahoo. Assim como seus dois principais cúmplices e o motorista do caminhão, três búlgaros, foi condenado à prisão perpétua em junho de 2019.

O drama, que comoveu a opinião pública internacional, abriu naquele ano o caminho para uma acolhida em massa de refugiados na Europa.

Vários casos similares foram registrados nos últimos anos, em particular na Itália, na Holanda e na Irlanda.

Na Inglaterra, em agosto de 2014, 34 afegãos com desidratação e hipotermia, entre eles 13 garotos e um adulto já sem vida, foram encontrados em Tilbury (leste) no interior de um contêiner proveniente da Bélgica.

A prisão do italiano Mirco Folli, ocorrida na última terça-feira (14), no bairro de Piedade, em Jabotão dos Guararapes, assim como o fato dele ser procurado da Interpol, pegou muita gente de surpresa. O italiano, que vai responder por exploração para a prostituição e o favorecimento de imigração clandestina, estava atuando como técnico do time feminino do Recife Rugby Club e era tesoureiro da federação do esporte no Estado.

Em entrevista ao LeiaJá, as atletas treinadas por Folli tiveram a mesma reação: surpresa. Segundo uma das capitãs do time, Renata Barros, o treinador nunca demonstrou envolvimento com algum tipo de crime. “Ele tinha o maior respeito com a gente. Nunca falou nada estranho, nem nunca tivemos problemas com ele”, assegura. A segunda capitã do clube, Núbia Minhaqui, reitera Barros. “Até agora estou chocada. Faz cinco anos que convivo com Mirco. A gente sempre viajava e ele nunca tocou nesses assuntos de imigração”, diz.

##RECOMENDA##

Mirco estava no clube de rúgbi desde 2009 e já havia conquistado diversos títulos. Após uma eliminação de um torneio em São Paulo, em agosto de 2014, ele decidiu sair do cargo. “Ele não gostava quando o time não se esforçava. Nesse ponto ele era explosivo, reclamava muito, mas de uma forma normal”, relata Renata Barros. De acordo com a jogadora, após a saída do italiano o time começou a fazer más campanhas nas competições e Mirco foi chamado novamente para treiná-las. O primeiro treino do técnico após o retorno ocorreu no último sábado (10). Ele participaria de outro ontem, mas não compareceu.

Para outra jogadora do clube, Patrícia Bodeman, ainda é difícil acreditar no envolvimento do treinador. “Sinceramente, eu não acredito que ele tenha feito isso não. Quem está todo dia com ele também não deve acreditar”, comenta. Núbia também está incerta. “Eu até comentei que não era possível, que devia ser outra pessoa e a polícia estava confundindo. Ele era um paizão”, conclui a capitã.

O LeiaJá também conseguiu conversar rapidamente com a esposa de Folli, a brasileira Maria Risoneide. Segundo ela, o que está sendo divulgado não é verdade. “A história que estão contando está distorcida”, resume. Risoneide não quis dar detalhes de quais seriam os equívocos da história, dizendo apenas que precisaria consultar sua advogada antes de dar maiores esclarecimentos.

Empresário – Além de treinar o Recife Rugby Club, o que fazia de graça, Folli também era dono de uma pizzaria e restaurante no bairro de Candeias, a Ristorante Pizzeria Paesano. O estabelecimento (foto), que tem página em rede social, completou dois anos este mês e conta com seis funcionários. “O restaurante dele sempre foi lotado porque ele tratava todo mundo bem”, comenta a jogadora Patrícia Bodeman.

Prisão – Mirco Folli foi preso por volta das 10h de ontem em seu apartamento. Além de exploração para a prostituição e favorecimento para imigração clandestina, ele também foi acusado por porte ilegal de arma de fogo e crime financeiro, tendo recebido uma pena de dez anos e sete meses em 2012, quando já estava no Brasil. Folli frequentava a Polícia Federal regularmente para atualização de dados cadastros. Há três anos ele voltou à Itália para o enterro do pai e diz não ter sofrido nenhum tipo de impedimento. Mirco Folli foi encaminhado para o Centro de Observação e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel) onde aguarda a extradição para a Itália.

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando