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Após vestir peruca no plenário da Camara para criticar a abertura da mulher trans na sociedade, o deputado Nikolas Ferreira (PL) negou que seu discurso foi transfóbico. Em pleno Dia Internacional da Mulher, nessa quarta-feira (8), o parlamentar bolsonarista reforçou estereótipos em sua fala e, em tom pejorativo, disse que se chamava "Nicole" para poder discutir sobre a temática. 

Diante da cobrança de parlamentares pela cassação do seu mandato e da notícia-crime protocolada pelo PSOL, na madrugada desta quinta (9), Nikolas usou as redes sociais para classificar a resposta à sua fala como "histeria e narrativa". 

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"Não há transfobia em minha fala. Elucidei o exemplo com uma peruca (chocante). O que passar disso é histeria e narrativa", escreveu em seu perfil. Ele ainda disse que defendeu o espaço das mulheres nos esportes e de não ter um "homem" no banheiro feminino. 

Nikolas ainda foi repreendido pelo presidente Arthur Lira. O Ministério Público Federal acionou a Câmara para que seja apurada a existência de 'violação ética'. 

O presidente Jair Bolsonaro reconheceu nesta quarta-feira (18) a gravidade da crise do novo coronavírus, mas pediu para se evitar a "histeria" e adotar medidas de prevenção básicas para deter o avanço do vírus, que já contagiou dois dos seus ministros e o presidente do Senado.

"Minha obrigação como chefe de Estado é de antecipar a problema, levar a verdade à população, mas que a verdade não ultrapasse o limite do pânico", disse Bolsonaro em coletiva, usando uma máscara de proteção, assim como os ministros.

Pelo segundo dia consecutivo, ocorreram "panelaços" em várias cidades, em protesto contra o presidente e sua gestão da crise.

Dois membros do seu gabinete contraíram o vírus: o ministro da Segurança Nacional, Augusto Heleno, e o de Minas e Energia, Bento Albuquerque.

Ambos integraram a comitiva que acompanhou Bolsonaro em uma viagem oficial aos Estados Unidos entre os dias 7 e 10 de março. Até o momento, há 17 infectados por coronavírus que fizeram parte da comitiva aos EUA.

"A verdade está ai, é uma questão grave, mas não podemos entrar no campo da histeria", insistiu Bolsonaro, que começa a mostrar preocupação em relação à pandemia.

No último domingo, Bolsonaro saiu do Palácio do Planalto para cumprimentar vários simpatizantes que participavam de um protesto em apoio ao governo, em meio a um chamado global para se evitar aglomerações.

O segundo teste de coronavírus feito pelo presidente deu negativo. As tensões políticas levaram partidários e adversários de Bolsonaro a convocar panelaços nesta quarta à noite.

Até o momento, o ministério da Saúde confirmou quatro mortes e 428 infectados por coronavírus.

São Paulo e Rio de Janeiro, os estados que concentram o maior número de casos, decretaram essa semana estado de emergência, e tomaram medidas como a suspensão das aulas, a restrição de funcionamento do comércio e o fechamento das atrações turísticas, como o Cristo Redentor.

- Dias difíceis -

"Teremos dias difíceis. Dias duros pela frente. Agora, serão menos difíceis se cada um de vocês se preocupar consigo, seus parentes e seus amigos. Somente dessa forma, seguindo os preceitos ditados pelo Ministério da Saúde, como, em primeiro lugar medidas básicas de higiene, poderemos alongar a curva da infecção de modo que (...) os hospitais possam atender aqueles que necessitarem", disse o presidente.

Pouco depois foi confirmado um novo caso, o do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, de 42 anos, que também contraiu o vírus e está em "isolamento domiciliar", segundo sua assessoria.

O governo decretou o estado de "calamidade pública" para poder aumentar o gasto público e reforçar o auxílio na área da saúde, assim como fornecer auxílio econômico aos setores mais vulneráveis.

O governo ampliará os programas de assistência social e implementará um programa de apoio às empresas para conter os impactos sobre a economia.

As incertezas provocam fortes reações na Bolsa de São Paulo, que desde o início da epidemia já apresentou queda de até 40%. O dólar, por sua vez, fechou em R$ 5,20.

Depois de já ter feito pouco caso do novo coronavírus e, inclusive, ter contrariado as recomendações de prevenção do vírus, o presidente Jair Bolsonaro declarou, nesta terça-feira (17), que há uma "histeria" em relação à doença. 

A declaração foi feita em entrevista à rádio Super Tupi, a qual o presidente apontou que as medidas que estão sendo tomadas por governadores estão prejudicando a economia do país. 

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"Esse vírus trouxe uma certa histeria. Tem alguns governadores, no meu entender, posso até estar errado, que estão tomando medidas que vão prejudicar e muito a nossa economia. A vida continua, não tem que ter histeria", disse.

Além disso, Bolsonaro revelou que fará uma "festinha de aniversário" em comemoração os seus 65 anos que completará no próximo dia 21 de março. "Eu faço 65 anos daqui a poucos dias. Vai ter uma festinha tradicional aqui. Até porque eu faço dia 21 e minha esposa dia 22. São dois dias de festa aqui", anunciou. 

No domingo (15), Bolsonaro foi ao encontro de manifestantes que realizavam um ato contra o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF). A decisão do presidente foi de encontro às orientações médicas para evitar eventos com aglomerações de pessoas e também do próprio ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Bolsonaro agora aguarda o resultado de um novo exame do novo coronavírus feito hoje.

Diante do coronavírus, é aconselhável evitar a psicose, mas também a sua banalização: na maioria dos casos, o COVID-19 é uma doença benigna, mas também tira vidas entre os mais frágeis e pode acabar saturando hospitais, com consequências dramáticas.

Quem está mais exposto?

A mortalidade claramente aumenta com a idade: isso é o que demonstra uma ampla análise publicada em 24 de fevereiro por pesquisadores chineses na revista médica americana "Jama".

Dos quase 45.000 casos confirmados, a taxa média de mortalidade foi de 2,3%, sem mortes entre crianças menores de 10 anos. Até 39 anos, a taxa é muito baixa, 0,2%. Aumenta para 0,4% entre os quadragenários, 1,3% entre 50-59 anos, 3,6% entre 60-69 anos e 8% entre 70-79 anos.

Pessoas com mais de 80 anos são as mais expostas, com uma taxa de mortalidade de 14,8%.

Outro fator de risco é o fato de sofrer uma doença crônica, como insuficiência respiratória, doença cardíaca, câncer, histórico de AVC...

Um estudo chinês publicado na segunda-feira pela revista “The Lancet”, envolvendo 191 pacientes, estudou fatores associados ao risco de mortalidade.

“Uma idade avançada, o fato de apresentar sinais de sepse (ou septicemia, infecção generalizada) ao chegar no hospital e doenças subjacentes como hipertensão e diabetes foram fatores importantes associados à morte dos pacientes”, afirmou um dos autores, o doutor Zhïbo Liu.

Mas as pessoas mais expostas ao novo coronavírus não devem entrar em pânico.

“Quando uma pessoa infectada morre aos 85 anos, o coronavírus não é o que a mata”, mas muitas vezes “as complicações sofridas por seus órgãos que não estavam mais funcionando adequadamente”, afirma Michel Cymes, médico e figura televisiva na França.

O mesmo vale para pacientes com doenças crônicas.

Para o professor francês Jean-Christophe Lucet, o risco diz respeito principalmente a pacientes que sofrem de formas severas dessas doenças. “Devemos ser extremamente claros” sobre este ponto, enfatiza à AFP.

Quantas pessoas podem morrer?

Segundo o estudo de 24 de fevereiro, a doença é benigna em 80,9% dos casos, grave em 13,8% e crítica em 4,7%.

Do número total de casos confirmados no mundo, o COVID-19 matou cerca de 3,5% dos pacientes, com disparidades entre os países. O último número oficial de mortos é superior a 5.000.

Mas essa taxa não é confiável, já que se ignora o número de pessoas realmente infectadas. Como muitos pacientes quase não apresentam sintomas ou são assintomáticos, o número de infectados é provavelmente muito maior do que o detectado e, portanto, a taxa é certamente mais baixa.

Se considerarmos uma estimativa que inclui casos não detectados, “a taxa de mortalidade é de cerca de 1%”, afirmou Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Doenças Infecciosas dos EUA, na quarta-feira.

No entanto, o perigo de uma doença depende não apenas de sua letalidade, mas também de sua capacidade de expansão.

Mesmo com uma taxa de mortalidade de 1%, “esse número pode ser consistente se 30 ou 60% da população estiver infectada”, diz Simon Cauchemez, do Instituto Pasteur de Paris.

Por outro lado, entre os 130.000 casos registrados desde o início da pandemia no mundo, mais da metade já foi curada, segundo a Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos.

Quais as diferenças com a gripe?

Apesar de compartilhar sintomas como febre e tosse, o coronavírus não é como uma “simples” gripe.

Em primeiro lugar, parece mais letal, já que a gripe tem “uma mortalidade de 0,1% e esta doença é 10 vezes mais mortal”, segundo Fauci. A OMS estima que a gripe deixa a cada ano entre 290.000 e 650.000 mortes em todo o mundo.

Além disso, os especialistas temem que formas graves do COVID-19 possam afetar uma parte maior da população do que a gripe.

O COVID-19 “não é uma simples gripe, pode se manifestar seriamente em pessoas não tão velhas”, enfatiza o número dois do ministério da Saúde da França, Jérôme Salomon.

De acordo com um estudo chinês – em um pequeno número de pacientes, de 1.099 – 41% dos casos graves tinham entre 15 e 49 anos e 31% entre 50 e 64 anos (em comparação com 0,6% para menores de 14 anos e 27% para os maiores de 65 anos).

Além disso, diferentemente da gripe, “não estamos protegidos” contra o COVID-19, Salomon lembra: “Não há vacinas, não há tratamento” e o ser humano não é naturalmente imunizado contra esse novo vírus.

Os vírus da gripe e do COVID-19 têm em comum que sua propagação é combatida da mesma maneira em nível individual.

Essas são as medidas de precaução: evitar apertar as mãos, beijar, lavar as mãos com frequência, tossir e espirrar na cavidade do cotovelo ou em um lenço descartável, usar máscara quando estiver doente...

Os hospitais ficarão saturados?

É o principal perigo da pandemia: um aumento brusco dos casos, o que levaria a um fluxo maciço de pacientes nos hospitais, causando a superlotação.

Isso não apenas complicaria a hospitalização de pacientes críticos com COVID-19, mas também de todos os outros. A situação pioraria se a equipe médica começasse a ser infectada, deixando de cuidar dos pacientes.

“Devido a esse duplo fator – uma sobrecarga de trabalho com menos funcionários –, os pacientes com patologias urgentes não poderiam ser tratados a tempo e correriam o risco de morrer”, explica à AFP o médico belga Philippe Devos, especialista em reanimação.

Nas redes sociais, muitos médicos alertam para o risco de saturação dos hospitais.

Esses especialistas lembram aos usuários da internet a importância de cada um aplicar as medidas para combater o coronavírus, com alertas no Twitter.

A comunidade médica procura, dessa forma, chamar a atenção para a responsabilidade de cada um, a fim de frear a epidemia prolongando-a ao longo do tempo. Desse modo, o "boom" será menos abrupto e o volume de pacientes simultâneos não sobrecarregará o sistema hospitalar.

- E os animais de estimação?

O caso de um cão diagnosticado “um pouco positivo” em Hong Kong com um dono infectado levantou a questão de possíveis contágios entre o ser humano e os animais.

Mas os cientistas insistem no fato de que este é um caso isolado e que não serve para tirar conclusões.

“À luz do conhecimento científico disponível, não há evidências de que animais de estimação ou de gado tenham um papel importante na disseminação do vírus SARS-CoV-2”, estimou a agência francesa de segurança sanitária ANSES na quarta-feira.

Segundo seus especialistas, a detecção do vírus nas cavidades nasais e orais do cachorro de Hong Kong não é prova de infecção do animal. Em vez disso, estão considerando a possibilidade de um “contágio passivo” (sobrevivência do vírus sobre uma mucosa sem que se reproduza), apesar de exigir estudos complementares.

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