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Após mais de uma década no comando, Carlos Eduardo Rodrigues sai da Globo Filmes. Diretor-executivo das Organizações Globo para o cinema, Rodrigues vai ser substituído por Edson Pimentel. O novo diretor trabalha na Globo desde 1979 e ocupava até agora a direção de planejamento estratégico e controle de entretenimento. Criada em 1998, a Globo Filmes já produziu 130 filmes, como Tropa de Elite 2, Se Eu Fosse Você e 2 Filhos de Francisco.

Um dos motivos da mudança foi à polêmica entre o diretor-executivo e o cineasta e crítico Kléber Mendoça Filho, diretor do filme O som ao redor. A confusão começou a partir de uma declaração de Kléber em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, na qual afirmou: "Se meu vizinho lançar o vídeo do churrasco dele no esquema da Globo Filmes, ele fará 200 mil espectadores no primeiro final de semana", fazendo uma crítica à inconsequência entre a megaestrutura e aporte financeiro dos filmes da Globo.  

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As redes sociais estão repercutindo com força uma polêmica entre o diretor-executivo da Globo Filmes, Cadu Rodrigues, e o cineasta e crítico de cinema Kléber Mendonça Filho, diretor do longa-metragem O som ao redor. São muitos os posicionamentos, compartilhamentos e comentários a favor de um lado e outro, inflamando o embate.

Tudo começou com uma declaração de Kléber em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, na qual afirmou: "Se meu vizinho lançar o vídeo do churrasco dele no esquema da Globo Filmes, ele fará 200 mil espectadores no primeiro final de semana", fazendo uma crítica à discrepância entre a megaestrutura e aporte financeiro dos filmes da Globo e as produções ditas independentes, como as dele próprio. Para Kléber, a distribuidora faz mal à cultura cinematográfica brasileira e pasteuriza a fruição de filmes pelo público que muitas vezes "não sabe nem exatamente o porquê de ter ido ver aquilo".

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As declarações do cineata pernambucano causaram uma reação forte do diretor-executivo da Globo Filmes, Cadu Rodrigues. Ele lançou um desafio público a Kléber: "produzir e dirigir um filme e fazer 200 mil espectadores com todo o apoio da Globo Filmes! Se fizer, nada do nosso trabalho será cobrado do filme dele", disparou Rodrigues, completando que "Se não fizer os 200 mil, assume publicamente que, como diretor, ele talvez seja um bom crítico".

As farpas não pararam por aí. Kléber respondeu ao desafio afirmando que "O valor de um filme, ou de um artista, não deveria residir única e exclusivamente nos número$", e foi além nas críticas iniciais, ao escrever no facebook que "O sistema Globo Filmes faz mal à idéia de cultura no Brasil, atrofia o conceito de diversidade no cinema brasileiro e adestra um público cada vez mais dopado para reagir a um cinema institucional e morto". O pernambucano ainda resolveu lançar um desafio em resposta ao representante da Globo: que a disribuidora use seu alcance e poder para investir em cineastas e projetos novos, que não se resumam a bilheterias expressivas.

Todo o debate personificado pelo diretor-executivo e pelo cineasta traz uma discussão mais profunda e, certamente mais importante do que os egos e pessoas envolvidos. A polêmica trouxe à tona um tema exaustivamente citado e debatido entre os envolvidos com o cinema brasileiro, quiçá mundial. O suposto antagonismo entre o "cinema de arte", feito em sua maioria por produtores independentes ou de pequeno e médio porte, e os "blockbusters", focados no retorno financeiro e número de espectadores.

A indústria cinematográfica é a que mais movimenta dinheiro no mundo das artes. A onipresença de Hollywood atesta o poder e a influência que essa indústria tem. Neste embate do cinema brasileiro, explicitam-se os dois lados da produção audiovisual do país e, algo raro, chocam-se as duas vertentes de forma clara, em vez dos muxoxos geralmente proferidos pelos cineastas que não contam com a estrutura de distribuição e propaganda de uma Globo Filmes, bem como da ignorância solene da distribuidora para com produções que não atendem o seu perfil.

Importante ressaltar que ambos têm algo em comum, inescapável nos dias de hoje no Brasil: o aporte de dinheiro público. Sem ele, nem um nem outro estaria onde está. Se cinema é só negócio, o que aconteceu com a "sétima arte"? E se é só arte, como viabilizá-lo financeiramente?

Ao levantar o desafio, o gerente-executivo da Globo Filmes, Cadu Rodrigues, deixou claro qual a régua com que mede os filmes e cinestas. E deu um belo tiro no pé, ao dar uma publicidade gratuita ao filme de Kléber Mendonça Filho, certamente proporcional ao tamanho da própria distribuidora. Já Kléber, em seu contra-desafio, deixou claro que não é a megaestrutura da Globo em si o problema. Afinal, que cineasta não gostaria de ter seu filmes exibidos em centenas de salas em todo o Brasil e com uma intensa campanha publicitária?

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