Foi velado neste domingo, no Cemitério São João Batista, em Botafogo, no Rio, o corpo do antropólogo Gilberto Velho, de 66 anos, morto no último sábado. O acadêmico foi vítima de um Acidente Vascular Cerebral (AVC), enquanto dormia em seu apartamento em Ipanema, na zona sul do Rio. Pioneiro na pesquisa de questões urbanas na antropologia que inspiraram uma série de estudos nessa área, Velho atuou no programa de pós graduação do Museu Nacional até a sua morte. O corpo será cremado nesta segunda-feira.
"Ele era uma referência na área de antropologia social e figura de destaque no Museu Nacional. A comunidade científica está muito abalada com essa significativa perda", disse o ex-diretor do Museu, Sérgio de Azevedo. O antropólogo Roberto DaMatta, amigo de Velho por mais de 30 anos, disse que ele introduziu novas maneiras de se analisar a cidade. "Antes da obra do Gilberto, falava-se pouco em estudar a cidade de um ponto de vista qualitativo, em que se destacassem, de maneira mais precisa, as características da vida urbana como o anonimato e a impessoalidade, que nos levam a questões de democracia, escolha, individualismo e papel do cidadão", afirmou.
##RECOMENDA##Velho era conhecido pela dedicação ao ensino e à pesquisa. "Era um pensador brilhante e, acima de tudo, generoso com seus amigos e as novas gerações de antropólogos. Gilberto incentivava a publicação de novas pesquisas de antropologia urbana", disse a diretora executiva da Editora Zahar, Mariana Zahar. O antropólogo escreveu e organizou 16 livros, publicou mais de 160 artigos, e foi o diretor de importantes coleções na área: a Biblioteca de Ciências Sociais, na antiga Zahar Editores, e a coleção Antropologia Social, na Jorge Zahar Editor.
Tendo ocupado cargos importantes em instituições renomadas na área de Ciências Humanas, Gilberto Velho era Professor Decano do Departamento de Antropologia Social do Museu Nacional da UFRJ e membro da Academia Brasileira de Ciências. "A vida acadêmica foi a ocupação central da vida dele", disse DaMatta.