Na Bélgica, um prato típico de batatas fritas foi deixado de lado com o contexto da pandemia, o que gerou uma crise no setor. Com o acúmulo de mais de 750.000 toneladas de batatas - suficientes para encher 30.000 caminhões -, a população foi convocada a comer o tubérculo, pelo menos, duas vezes por semana.
No país, uma receita de batatas fritas duas vezes faz sucesso em bares e restaurantes. De acordo com o secretário-geral da Belgapom, uma empresa da indústria de batatas, a maior queda nas vendas foi na apresentação congelada, que corresponde a cerca de 75% da demanda de batata na Bélgica.
##RECOMENDA##“O que estamos tentando fazer é evitar o desperdício de alimentos, porque toda batata perdida é uma perda”, garantiu o diretor da Belgapom, Romain Cools, à emissora CNBC. Ele destacou que vem tentando fechar acordos com supermercados para dar vasão ao estoque parado. Por outro lado, apontou que os outros 25% da produção - composta por batatas frescas e salgadinhos - assumiram um bom índice de vendas na pandemia.
Em busca de meios para evitar o agravamento da crise, o diretor relatou que toda cadeia de produção precisou ser alterada. “Também pedimos aos agricultores que não plantassem tantas batatas para a próxima temporada, porque acreditamos que esta temporada levará alguns meses extras a partir do próximo ano, adiando o processamento”, explicou
Antes do surto do novo coronavírus, a indústria seguia firme. “A indústria estava indo bem, as exportações estavam indo bem - então, em meados de março, tudo desmoronou. As batatas caíram de cerca de 135 euros (cerca de R$ 805) por tonelada para 15 euros (aproximadamente R$ 89) por tonelada”, enfatizou o diretor. Ele ainda garante que, embora gerem custos, o excedente que não pôde ser processado em ração animal ou biocombustível, foi enviado para Europa Central e África.
Por conta da situação, pela primeira vez as empresas buscaram ajuda na Comissão Europeia. “Em 30 anos, nunca estive em contato com a comissão para tentar encontrar soluções ou subsídios para apoiar o setor - nunca pedimos nada”, disse. “O que estamos experimentando agora nunca aconteceu no setor de batatas na Europa. Este é um risco que ninguém poderia imaginar”, complementou Cools.