Imagem mostra a tempestada vista do espaço. A expectativa é que ela comece a tocar a terra a partir de quinta-feira. (Foto: HO / NASA / AFP)
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“O noticiário tem informado sobre a situação alertando que devemos nos preparar para o pior. Não tem água e nem pão nos supermercados", relatou o mecânico brasileiro Adalberto Ferreira Tedder, 32. Ele mora há dois anos em Charlotte, cidade mais populosa do estado norte-americano da Carolina do Norte, região que está na rota do furacão Florence, que atingirá a costa leste dos Estados Unidos, entre a noite de quinta-feira (13) e a manhã de sexta (14).
Mais de um milhão de pessoas receberam um alerta de evacuação para deixar suas casas e cinco Estados declararam emergência – Virgínia, Maryland, Carolina do Sul, Carolina do Norte e Washington DC. Florence pode ser o primeiro furacão de categoria 4 a chegar à Carolina do Sul desde Hugo, em 1989. "Estou ordenando a evacuação obrigatória, não voluntária, obrigatória", declarou McMaster, governador da Carolina do Sul, em entrevista coletiva pouco após Florence se fortalecer a um furacão de categoria 4 - de um máximo de 5, na escala de Saffir Simpson, com ventos de 215 km/h, de acordo com o último boletim do Centro Nacional de Furacões (NHC), que tem sede em Miami.
A expectativa é de que Florence seja uma das tempestades mais intensas a alcançar a costa sudeste dos EUA em décadas. A ordem de evacuação, no entanto, já foi oficializada apenas para as cidades localizadas no litoral. “Precisamos de alimentos que não precisem ser cozidos, como pães, comida enlatada, salgadinhos ou bolachas. Também temos que ter velas e baterias para as lanternas. Eles vão cortar a energia, o gás e a água”, afirmou o mecânico brasileiro, que ainda aguarda um posicionamento oficial para saber se precisará deixar a casa em que vive, durante a passagem do furacão.
Prateleiras de supermercado em Charlotte vazias. (Foto: Adalberto Ferreira/Divulgação)
Outra brasileira natural de São Paulo que também está apreensiva e tomando medidas urgentes para se proteger do fenômeno é a empresária Vivian Carneiro, 43. Ela mora com a família na cidade de Cary, também na Carolina do Norte, a 240 quilômetros da costa leste e diz que as medidas de precaução foram tomadas. “Temos água, comidas, carro com tanque cheio. A gente teve opção de sair da cidade, mas preferimos ficar”, explicou Vivian, confiante na passagem sem grandes danos do furacão.
Ela mora nos Estados Unidos há dois anos e é a primeira vez que irá enfrentar um furacão, porque até então só presenciou tormentas tropicais. O aviso das autoridades locais é que as famílias precisam se abastecer de comida e permanecer em locais seguros da casa, longe das janelas. “Retiramos todos os móveis externos pois podem voar e também amanhã à noite vamos encher as banheiras de água para usarmos para escovar os dentes, lavar o rosto e no vaso sanitário”, detalhou. Os supermercados das comunidades próximas ao litoral têm registrado longas filas nas últimas horas e grande procura por água potável, lenha e pilhas e baterias.
Para Vivian, o principal medo é o da enchente, já que a previsão é de muita chuva. “Nem o solo e nem as galerias aguentam tanta chuva. Temos que montar uma mochila com os documentos principais e alguns brinquedos para crianças, além de roupas para no caso de uma evacuação de última hora”, disse. "Esta é uma das piores tempestades que afetará a costa leste em muitos anos", escreveu o presidente Donald Trump no Twitter. "Preparem-se, tenham cuidado e fiquem seguros", recomendou.
Os supermercados das comunidades próximas ao litoral têm registrado longas filas nas últimas horas e grande procura por água potável, lenha e pilhas e baterias. Foto: Vivian Carneiro/Divulgação)
A paulista Heidi Andrade Voelker, 45, gerente de operações em uma companhia química, se mudou para Concord, na Carolina do Norte há oito anos. Ela conta que a situação é assustadora e vários amigos precisaram evacuar, principalmente os que moram em Charleston, na Carolina do Sul, e em Wilmington, na Carolina do Norte. “Não precisamos evacuar, mas eu moro em uma área onde tem um riacho e dependendo da quantidade de chuva corremos o risco de alagamento. Em meu bairro, estamos todos nos preparando para o pior, fazendo barricadas de areia para tentar minimizar possíveis danos”, contou à reportagem do LeiaJa.com.
Em 2017, os EUA foram atingidos por vários poderosos furacões. O Maria matou cerca de 3 mil pessoas em Porto Rico. O Harvey fez 68 vítimas e causou danos estimados em 1,25 bilhão de dólares (aproximadamente R$ 5,2 bi) com enchentes em Houston. Os especialistas do Centro Nacional de Furacões (NHC) alertaram que o ciclone se intensificará ainda mais nas próximas 24 horas e é “extremamente perigoso”. “O tamanho do Florence é assombroso”, advertiu o diretor do NHC, Ken Graham. Ele também acrescentou que “poderia facilmente cobrir de nuvens vários Estados. Isto não é só um evento costeiro”, observou. Byard apontou que a recuperação deverá ser a longo prazo. “Não será uma tempestade da qual nos recuperemos em poucos dias”, alertou.
A nutricionista Mayara Fachina, 26, que vive na Virgínia e trabalha como “Au pair”, programa para cuidar de crianças no exterior, há três meses, descreve que a situação na região onde vive segue tranquila, mas com muitas precauções. “Os donos da casa onde moro compraram bastante comida e durante a furacão devemos ficar no porão porque é mais seguro. Eu estou muito nervosa porque é a primeira vez que vou passar por isso e minha família também está apreensiva no Brasil. Por enquanto está tranquilo, mas as fortes chuvas devem chegar logo mais por aqui”, acrescentou.
Caso o furacão chegue com força às Carolinas do Sul e do Norte, isso poderia trazer prejuízos de mais de US$ 20 bilhões, segundo estimativa da Wells Fargo Securities.
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