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O escritor finlandês Arto Paasilinna, que ficou conhecido mundialmente por seu livro "O ano da lebre", morreu aos 76 anos, anunciou nesta terça-feira seu editor.

Paasilina, autor de 35 obras traduzidas para dezenas de línguas, nas quais estão muito presentes os bosques de seu país, vendeu oito milhões de livros em meio século de carreira.

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Nascido em 20 de abril de 1942, Paasilina, que também foi jornalista, faleceu na véspera "em uma casa de repouso em Espoo", na região de Helsinki, informou a editora finlandesa WSOY.

"Paasilinna era muito popular na França, onde o comparavam ao prêmio Nobel de literatura colombiano Gabriel García Márquez.

"Continuava escrevendo apenas por prazer", declarou seu filho Petteri, citado pela imprensa finlandesa.

Seus romances tragicômicos sobre a vida nos países nórdicos contam aventuras como a de um geômetra senil e seu companheiro de viagem e a de um jornalista que adota uma lebre com a pata quebrada.

"Como escritor quero exagerar as coisas e é mais fácil fazê-lo com as pessoas do meu país do que buscar em outros lugares (...). Os humanos em geral estão um pouco loucos, de uma maneira comovedora, e os finlandeses, ainda mais, talvez mais que os outros", disse à AFP em 2005.

Um filme finlandês em defesa dos refugiados e o chileno "Una mujer fantástica" (Uma mulher fantástica, tradução livre), um apelo à tolerância, são os favoritos ao Urso de Ouro, que será anunciado neste sábado no Festival de Cinema de Berlim, marcado pelas críticas a Donald Trump.

A classificação da revista especializada Screen e a imprensa alemã concentram suas apostas em "The other side of hope" (O outro lado da esperança, tradução livre), do finlandês Aki Kaurismaki, e no filme de Sebastián Lelio.

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Resta saber a decisão do júri, presidido pelo diretor holandês Paul Verhoeven ("Instinto Selvagem", "Elle"), que será divulgada às 18h00 GMT (16h00 de Brasília).

Dezoito filmes aspiram ao Urso de Ouro, assim como aos da Prata, que premiam o melhor ator e atriz, entre outras categorias.

Tradicionalmente militante, a Berlinale deste ano se converteu em um palco contra o protecionismo e o desejo de Donald Trump de restringir as entradas nos Estados Unidos.

"Vocês têm que saber que há muitas pessoas no meu país que estão dispostas a resistir", disse a atriz americana Maggie Gyllenhaal, integrante do júri.

"Temos que garantir que nos conectamos com todas as parcelas dos Estados Unidos que estão resistindo", disse por sua vez o ator mexicano e integrante do júri Diego Luna, em um ato de rejeição às barreiras, realizado simbolicamente diante do Muro de Berlim.

O espírito inconformista se refletiu em muitos filmes apresentados durante o Festival, que começou no dia 9.

"O outro lado da esperança", que obteve as melhores pontuações da crítica, narra o encontro entre Khaled, um refugiado sírio que está, contra a sua vontade, na fria Finlândia, e um homem divorciado de sua mulher alcoólatra que o ajudará.

O jornal britânico Daily Telegraph admirou este filme "maravilhoso e comovente" protagonizado pelo ator sírio Sherwan Haji.

O público continuará "assistindo a este filme por muito tempo depois que (o presidente sírio Bashar) al-Assad tiver entrado para a história", disse o alemão Die Welt.

No ano passado, o júri liderado por Meryl Streep recompensou "Fogo no Mar", que falava sobre os refugiados e os habitantes que os recebem diariamente na ilha italiana de Lampedusa, que atualmente disputa o Oscar de melhor documentário.

- Transexualidade -

Quatro anos depois que seu filme "Gloria" levou o Urso de Prata de Melhor Atriz (Paulina Garcia), o chileno Lelio volta a brigar pelos maiores prêmios da Berlinane com um retrato de uma mulher transexual, um hino à tolerância.

Recompensado com o prêmio Teddy do festival, destinado aos filmes que se concentram na temática LGBT, "Uma mulher fantástica" conta a história de Marina, a quem o seu entorno, condicionado pelo preconceito e ignorância, a impede de se despedir dignamente de seu parceiro Orlando, que morreu repentinamente.

"A intenção é pegar alguém rejeitado pela sociedade e filmar esta pessoa da forma mais elegante e íntima possível. É um ato de amor cinematográfico", disse o diretor chileno, que vive em Berlim.

Marina é interpretada pela atriz transexual Daniela Vega, e um eventual prêmio de melhor atriz seria um acontecimento sem precedentes.

"Joaquim", do brasileiro Marcelo Gomes e baseado na figura histórica de Joaquim José da Silva Xavier, o "Tiradentes", que lutou contra o colonialismo português nos século XVIII, também concorre na competição oficial.

O filme "é um apelo à resistência, para uma sociedade mais justa", disse Gomes, que apresentou uma carta em nome de 11 cineastas brasileiros na qual denunciam que a cultura no Brasil está ameaçada pelo governo do presidente Michel Temer.

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