O presidente estadual do PSOL e deputado estadual, Edilson Silva, se posicionou nesta segunda-feira (4), após crítica de seu correligionário, José Gomes, sobre elogios feitos a empresa Odebrecht. Em nota, o psolista se disse surpreso com a publicação do militante e explicou que o agradecimento à empreiteira é fruto do reconhecimento do diálogo aberto e um “gesto de educação doméstica” pela realização da Festa da Lavadeira.
Segundo Edilson Silva, a gratidão a empresa Odebrecht também não representa alinhamento político, ou “muito menos qualquer tipo de doação financeira”.
##RECOMENDA##Confira a nota de Edilson Silva na íntegra:
Nota do mandato do deputado Edilson Silva
Fomos surpreendidos por uma publicação na imprensa dando conta de uma postagem do filiado do PSOL Zé Gomes Neto, acerca de uma declaração do deputado estadual do PSOL Edilson Silva, que agradeceu à empresa Odebrecht por esta ter contribuído no acolhimento da manifestação cultural e religiosa promovida pelo movimento Salve a Lavadeira no Paiva. Diante da publicação, esclarecemos o seguinte:
1-O mandato do deputado Edilson Silva assumiu o compromisso com seus eleitores de viabilizar o retorno da Festa da Lavadeira à Praia do Paiva. Este compromisso tem a ver com um debate sobre direito à cidade, higienização social, privatização de espaços públicos e intolerância religiosa. Neste sentido, nosso mandato está com o sentimento de dever cumprido, pois conseguimos mobilizar partes fundamentais neste processo de retorno da manifestação ao seu local original. Nos próximos anos, vamos trabalhar para manter e ampliar a manifestação no seu lugar de origem;
2-A Odebrecht é a empresa responsável pela Reserva do Paiva. Nosso mandato tem feito duras críticas ao conceito segregador deste empreendimento e, como parte das críticas, tem encampado uma forte luta para devolver a Festa da Lavadeira ao seu lugar original. Após três anos sem a festa realizada no bairro, finalmente conseguimos retomar aquele território para a população e para os povos de terreiro;
3-Nesse processo, nosso mandato, em conjunto com o movimento Salve a Lavadeira no Paiva, conseguiu abrir um processo de diálogo que envolveu o Ministério Público, a Prefeitura do Cabo de Santo Agostinho, a Polícia Militar, o Corpo de Bombeiros e a empresa Odebrecht. Em função de questões de prazos legais, o Poder Público não pode envolver-se na realização da manifestação neste ano. Contudo, em um diálogo direto com a Odebrecht, conseguimos convencer a empresa da importância da Festa para a cultura e religiosidade local. Solicitamos dela que garantisse aquilo que seria da competência da Prefeitura do Cabo de Santo Agostinho: a terraplanagem do terreno e a melhoria do acesso para carros, ônibus e pedestres. E a empresa realizou o que solicitamos;
4-Diante deste quadro e do sucesso que foi nossa retomada deste território, nosso pontual agradecimento à Odebrecht é apenas um gesto de educação doméstica, de civilidade e de aposta no prosseguimento de um diálogo específico em relação a esta manifestação cultural e religiosa. Nossas críticas e enfrentamentos que temos com segmentos empresariais, como as empreiteiras, não podem nos cegar para processos de diálogos que não raro se apresentam. Sem disposição para o diálogo, não se conquista legitimidade para os enfrentamentos.
5-O pontual agradecimento à empresa Odebrecht não representa alinhamento político, muito menos qualquer tipo de doação financeira. Este mandato popular foi conquistado na luta e nas ruas, em plena consonância com as diretrizes e o posicionamento do PSOL. O titular deste mandato, o deputado Edilson Silva, é fundador do PSOL e o mais antigo membro de sua Executiva Nacional, sendo um dos guardiões dos princípios que norteiam a legenda. Portanto, são infundadas as críticas do Sr. Zé Gomes.
Recife, 04 de maio de 2015