O presidente do Banco Central da Áustria, Ewald Nowotny, disse que os governos europeus deveriam acelerar o investimento para apoiar a recuperação da zona do euro. Segundo ele, isso seria mais eficaz do que o Banco Central Europeu (BCE) comprar grandes volumes de bônus governamentais na tentativa de fazer as taxas de juro de longo prazo baixarem.
Nowotny, que também é membro do Conselho Diretor do BCE, disse ter a expectativa de que o euro continue a enfraquecer diante das principais moedas por causa das previsões de que a instituição manterá uma política monetária mais frouxa do que as de outros bancos centrais. "Devido às tendências diferentes nas políticas de juros, há uma grande probabilidade de que isso leve a uma depreciação adicional do euro", afirmou Nowotny em entrevista coletiva paralela à reunião do Fundo Monetário Internacional (FMI).
##RECOMENDA##A inflação anual foi de 0,3% na zona do euro, muito abaixo da meta de até 2% do BCE. O indicador fez crescer nos mercados financeiros a expectativa de que o BCE recorra a medidas mais agressivas de estímulo nos próximos meses, para prevenir deflação e recessão, basicamente por meio de compras de bônus governamentais dos países da zona do euro, de modo a fazer crescer a oferta de moeda na economia.
O presidente do BCE, Mario Draghi, voltou a levantar essa possibilidade em entrevista nesse sábado (11), ao dizer que a instituição "está pronta a fazer tudo o que esteja dentro de seu mandato". As compras de bônus são possíveis pelas normas do BCE, mas enfrentam forte oposição por parte do governo e do banco central da Alemanha (Bundesbank), por causa de temores de inflação.
Nowotny disse ainda que há opções melhores para a Europa. Ele citou uma proposta do presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, de criação de um programa de investimentos de 300 bilhões. "Se houvesse uma grande crise, as coisas poderiam ser diferentes. Mas na situação atual, acredito que faz mais sentido discutir esses programas de investimento do que a perspectiva de relaxamento quantitativo", afirmou.
O banqueiro central austríaco também pediu paciência até que as medidas de estímulo já anunciadas pelo BCE tenham efeito na economia. "Não acho que devamos ser conduzidos por alguns comentaristas e produzir uma nova iniciativa a cada mês. Sou muito a favor de uma abordagem estável e acho que é isso o que estamos fazendo", acrescentou.
Falando dois dias depois de o FMI dizer que a probabilidade de uma nova recessão na zona do euro está em 40%, Nowotny mostrou mais otimismo. Segundo ele, os testes de estresse dos bancos da zona do euro, conduzidos pelo BCE e que deverão ter seus resultados divulgados no fim de outubro, deverão ajudar a aliviar as preocupações quanto à saúde financeira do setor e levar a uma ampliação da concessão de crédito.
"Não devemos dramatizar as coisas excessivamente, e isso vale especialmente para a zona do euro. Tivemos revisões para baixo nas previsões de crescimento, mas ainda não há recessão na zona do euro como um todo e nossa expectativa é de que em 2015 as taxas de crescimento sejam claramente mais altas", acrescentou. Fonte: Dow Jones Newswires.