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Preocupada com o ritmo fraco de crescimento da economia este ano, a presidente Dilma Rousseff anuncia amanhã medidas para reforçar e acelerar as compras governamentais, apurou a Agência Estado. O governo entende que ampliando os gastos em algumas áreas poderá dar um estímulo adicional aos investimentos e, com isso, melhorar o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB). O anúncio do novo pacote de estímulo à economia foi antecipado nesta terça-feira pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Fernando Pimentel, que não deu detalhes.

As compras públicas serão preferencialmente da indústria nacional em setores com alto poder de dinamização da economia, como Saúde, Defesa e Educação. O governo poderá antecipar aquisições já previstas no Orçamento e utilizar o mecanismo de margem preferencial, pela qual pode pagar até 25% mais caro nos processos de licitação para aquisição de produtos fabricados no Brasil. Por este mecanismo, o governo pode adquirir produtos dos setores têxtil, confecção, calçados, fármacos e medicamentos e para retroescavadeiras e motoniveladoras.

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IPI.

Na mesma solenidade, a presidente Dilma deve anunciar a prorrogação da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para produtos da linha branca (fogões, geladeiras, máquinas de lavar e freezer), além de móveis, luminárias, lustres e papel de parede.

O benefício para estes setores terminaria neste sábado. A medida foi anunciada há três meses para estimular o consumo e garantir a manutenção dos empregos.

O presidente do Moinho Pacífico, Lawrence Pih, disse hoje que a desoneração para o setor de massas será integralmente repassada ao consumidor. As massas, que eram tributadas com alíquota de PIS/Cofins em 9,25%, terão o imposto zerado até 31 de junho de 2012. Com o decreto, o macarrão deverá ficar quase 10% mais barato ao consumidor final. "Houve um compromisso entre o nosso segmento e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, de que o repasse ao consumidor se daria na forma de redução do preço dos produtos", afirmou.

Embora não traga ganhos para as empresas do setor na margem, a medida deve beneficiá-las em termos de faturamento, com o provável aumento das vendas de massas, diz Pih. "É bem provável que haja aumento do consumo, e isso será evidentemente bom para todas as empresas. Afinal, para a população de renda mais baixa, quase 10% a menos no preço final faz toda a diferença."

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Com o compromisso de repasse total da desoneração ao consumidor, Pih avalia que o aumento do consumo não vai gerar novas pressões inflacionárias. "O efeito será mínimo. Não só não haverá pressão inflacionária como haverá queda de preço", afirmou. De acordo com ele, a desoneração não afetará o preço da farinha de trigo, pois foi apenas renovada até 31 de dezembro e já estava em vigor desde 2008.

Para o presidente do Moinho Pacífico, o pacote do governo vem em um momento importante, quando a crise externa está começando a afetar a economia brasileira. "É um pacote muito bem-vindo. O governo está tomando medidas na direção correta", afirmou, citando também a redução da taxa básica de juros, decidida ontem em reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), para 11% ao ano. Segundo ele, são ações condizentes com a meta do Ministério da Fazenda de crescimento de 5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2012. "Acredito que o ciclo de queda de juros não parou ainda e pode haver mais cortes."

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou hoje pela manhã uma série de medidas de estímulo à economia brasileira, como reduções do Imposto sobre Produto Industrializado (IPI) para produtos eletrodomésticos da linha branca e da alíquota do Regime Especial de Tributação (RET) incidente nos imóveis que fazem parte do programa "Minha Casa Minha Vida". Mantega anunciou ainda o 'imposto zero' para massas alimentícias, o barateamento de empréstimos e também incentivos para o mercado financeiro como a isenção do IOF a estrangeiros nas aplicações em bolsa de valores no Brasil.

"Não deixaremos que a crise internacional contamine a economia brasileira. Mesmo com crise internacional, temos condições de tomar medidas necessárias para que economia brasileira continue o crescimento. Nossa força continua na demanda interna", explicou o ministro, garantindo que as medidas adotadas vão permitir que o Brasil cresça 5% em 2012. "Tudo isso permite que o País continue criando empregos. Hoje, o Brasil é um dos que mais gera empregados no mundo", disse.

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Linha Branca

No pacote de incentivos anunciados por Mantega estão reduções do IPI para uma série de produtos eletrodomésticos da linha branca. No caso do fogão, a incidência do IPI passa de 4% para zero. No de geladeira, de 15% para 5%. No da máquina de lavar, de 20% para 10% e no caso das lavadoras semi automáticas, os tanquinhos, de 10% para zero. "Os produtos da linha branca são os principais produtos manufatureiros", afirmou.

De acordo com o ministro, as reduções já valem para os produtos que estão nas lojas hoje. As medidas ficarão em vigor até o dia 31 de março de 2012. "Os produtos beneficiados são os que possuem selo A de qualidade energética, os que consomem menos energia. Estamos dando um sinal importante para que os produtores continuem melhorando eficiência dos produtos", disse. As medidas, conforme o ministro, serão publicadas no Diário Oficial da União em edição extraordinária ainda hoje.

Construção civil

Na área de construção civil, a alíquota do Regime Especial de Tributação (RET) incidente nos imóveis que fazem parte do programa "Minha Casa Minha Vida" cairá de 6% para 1%. "O normal era 7%, passamos para 6% e agora vai 1%", disse o ministro durante entrevista coletiva para anunciar as mudanças.

O governo também decidiu ampliar a faixa de valor do imóvel sobre a qual incide o tributo diferenciado. Até então, o limite era de R$ 75 mil e agora foi elevado para R$ 85 mil. "Estamos ampliando a escala para R$ 85 mil. É a mesma coisa que fizemos com Simples, estamos ampliamos a faixa", comentou Mantega. Ele lembrou que a construção civil possui um regime especial de tributação diferente de outros setores. "PIS e Cofins já estão envolvidos no RET."

Massas alimentícias

O pacote anunciado nesta manhã pelo governo prevê imposto zero para as massas alimentícias. Segundo o ministro da Fazenda, as massas que atualmente pagam PIS/Cofins de 9,25% passarão a pagar alíquota zero até 31 de junho de 2012.

Além disso, a desoneração do trigo, da farinha e do pão francês está sendo renovada até dezembro de 2012. "Assim, o brasileiro pode cozinhar a massa mais barata no fogão mais barato em uma casa que é mais barata", brincou o ministro.

Financiamento ao consumo

Com o objetivo de baratear os empréstimos e, assim, aumentar a demanda no Brasil, o governo anunciou também a redução do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) cobrado no financiamento ao consumo de 3% para 2,5%. "Estamos reduzindo meio ponto e ontem o Banco Central também reduziu o juro básico em meio ponto porcentual. Poderíamos, então, somar meio com meio e, assim, vamos ter redução total de um ponto", disse.

Mantega disse que a redução do imposto está alinhada com a estratégia do governo de baratear o crédito no Brasil. "Seguimos com a trajetória de redução do custo financeiro que ainda é alto no Brasil. As prestações para aquisição de bens ficarão cada vez mais baixas."

O ministro estima que a desoneração de IOF para crédito para pessoa física representará uma renúncia para o governo de R$ 130 milhões no próximo ano. Segundo ele, as medidas na área da construção civil representarão a recusa de R$ 59 milhões por ano e, no caso do segmento de massas, de R$ 284 milhões. Especificamente para farinha de trigo e pão, a renúncia será de R$ 528 milhões em 2012 inteiro, conforme o ministro.

"As outras (renúncias) não estão aqui, mas estarão no Diário Oficial", disse. Isso ocorreu, de acordo com Mantega, porque "algumas coisas" foram mudadas de última hora ontem. "Ficou faltando, por exemplo, o cálculo da redução do IPI para a linha branca, que será fornecido em seguida", explicou.

IOF Zero

O governo isentou os estrangeiros de pagar IOF nas aplicações em bolsa de valores no Brasil. Na compra de ações, esses investidores atualmente são taxados em 2% de IOF e, a partir de agora, pagarão zero de imposto.

"Para ajudar a financiar as empresas brasileiras, estamos reduzindo esse tributo. Esse é um importante mercado para captar recursos para as empresas brasileiras", disse, ao comentar que o dinheiro captado no mercado acionário é mais barato que o obtido em outros instrumentos de crédito. Mantega lembrou ainda que o governo havia aumentado essa alíquota para os estrangeiros no passado, para evitar excessos, mas que agora a situação mudou.

O governo desonerou também o investimento estrangeiro nas debêntures de infraestrutura. Debêntures são títulos de dívida emitidos por empresas. Até agora, essa operação pagava 6% de IOF. A partir de agora, a alíquota será zero. Segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o recurso captado por essas debêntures tem de ser direcionado para projeto de infraestrutura e não paga Imposto de Renda.

"São títulos de longo prazo e pagavam 6% na realização do câmbio (para o estrangeiro). Agora, estamos tirando os 6%", disse. "Essas são as medidas que tínhamos para tomar e que se somam a outras. O Banco Central já havia reduzido a necessidade de capital para financiamentos de prazo mais curto, medida que beneficia o setor automobilístico que poderá vender com mais de 36 meses com custo menor", lembrou.

O governo montou um pacote de investimentos para colocar na rua em 2012, dentro de sua estratégia para alcançar uma taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 5%, apesar da crise internacional. Novas concessões de rodovias, os leilões dos aeroportos, investimentos da Petrobras, a segunda etapa do programa Minha Casa Minha Vida e o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL) fazem parte do cardápio.

Enquanto em 2011 o crescimento econômico foi puxado pelo consumo, no próximo ano o motor deverá ser o investimento. Esse é o plano de voo que está sobre a mesa da presidente Dilma Rousseff. A ordem é que o governo dê um sinal positivo ao setor privado. Assustadas com a crise econômica e com o baixo nível de atividade no País neste fim de ano, as empresas estão suspendendo e adiando planos de expansão.

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Assim, estão no forno mais duas medidas de desoneração tributária. Uma vai cortar tributos de investimentos em equipamentos de infraestrutura de telecomunicações, como a instalação de cabos e fibras ópticas.

A estimativa divulgada pelo Ministério das Comunicações é que a desoneração prevista aumentará os investimentos em R$ 20 bilhões no período que começa no ano que vem e vai até 2016. Nesse período, o governo abrirá mão de arrecadar R$ 4 bilhões. O outro corte tributário em preparação beneficiará a cadeia do etanol. Nesse caso, a medida tem também um impacto sobre as perspectivas de inflação, uma vez que o álcool foi um dos vilões dos preços este ano. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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