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A personalidade de sete réus da Lava Jato foi analisada nas alegações finais entregues pela força-tarefa da Operação Lava Jato à Justiça Federal. Para os nove procuradores que subscrevem o documento de 152 páginas, os empreiteiros Dalton Avancini, Eduardo Leite e João Auler e o policial federal Jayme de Oliveira, o 'Careca', foram gananciosos. O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, segundo a Procuradoria da República, 'não resistiu ao instinto de construir um patrimônio milionário às custas da administração pública'.

"Suas ações foram movidas a fim de buscar exclusivamente o bom desempenho da empresa a que serviam e, consequentemente, as suas ascensões funcionais dentro da Camargo Corrêa. Foram, pois, gananciosos. Ademais, todos possuem excelente formação acadêmica e qualificação, com discernimento acima do homem médio", aponta a Procuradoria, se referindo a Avancini, Leite e Auler. "Tinham mais condições, portanto, de não apenas perceberem a gravidade de suas condutas como também de recusarem o seu envolvimento em tais práticas ilícitas. Dalton e Leite, porém, claramente arrependeram-se de suas condutas, o que é revelado não apenas pelas suas colaborações, mas também do conteúdo de seus interrogatórios. Tal fato será sopesado na fase adequada da dosimetria."

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Dalton Avancini e Eduardo Leite firmaram acordo de delação premiada e admitiram o pagamento de propina no esquema de corrupção instalado na Petrobras e desbaratado pela força-tarefa da Lava Jato. Memoriais representam a fase final da ação criminal. Nesse documento os procuradores reiteram, basicamente, o que já sustentaram na denúncia apresentada à Justiça, mas reforçam o pedido de condenação com provas colhidas ao longo da fase de instrução do processo, entre os quais depoimentos e documentos periciados.

O Ministério Público Federal também criticou a postura de Paulo Roberto Costa, já condenado em uma das ações da Lava Jato pelos crimes de organização criminosa e lavagem de dinheiro. Delator da Lava Jato, Paulo Roberto Costa está em prisão domiciliar desde outubro de 2014. Em seus depoimentos ele escancarou o esquema de corrupção na Petrobras e revelou o envolvimento de deputados, senadores e governadores no recebimento de dinheiro ilícito.

"Deve-se ser considerado em relação a PRC o fato de ser engenheiro da Petrobras, com ótimo salário, muito acima do valor médio ganho pelo brasileiro, com previdência garantida e conjunto patrimonial confortável. Embora elevado grau de instrução e discernimento, não resistiu ao instinto de construir um patrimônio milionário às custas da administração pública (em prejuízo da coletividade)", afirmou a Procuradoria.

Jayme 'Careca' é acusado de entregar dinheiro vivo a mando do doleiro Alberto Youssef, personagem central e delator da Lava Jato. Apontado como 'carregador de malas', ele afirmou em depoimento à Justiça que era "apenas um office boy" de Youssef. 'Careca' teria realizado pelo menos 31 entregas em espécie. Na contabilidade do doleiro, chamada "Transcareca", há indicativos de que ele entregou R$ 13 milhões, além de US$ 900 mil e mais 365 mil euros.

"É policial federal, recebendo salário do Estado acima do valor médio dos brasileiros e praticou os fatos narrados na denúncia em total confronto com os valores e normas que se comprometeu a respeitar. Agiu, pois, por ganância, sustentando a prática de crimes de poderosa organização criminosa", afirma a Procuradoria. "Além disso, tinha conhecimento que suas atividades se dirigiam a alimentar grande esquema criminoso, envolvendo parlamentares inclusive, fato que vai de encontro com sua função de policial, que deveria zelar pela não violação de bens jurídicos protegidos pelo direito penal."

Sobre Alberto Youssef, a Procuradoria disse: "Pesa contra Youssef ainda o fato de ter dedicado a sua vida à prática de crimes, sempre envolvido nos maiores casos de corrupção do país, como o caso Banestado e agora a Lava Jato", disseram os procuradores.

Adarico Negromonte também é acusado de entregar dinheiro vivo a mando do doleiro. Ele afirmou à Polícia Federal que não era entregador de dinheiro do doleiro. Para os procuradores, "a personalidade de Adarico deve ser considerada de forma negativa, visto que também tinha conhecimento que suas atividades alimentavam vultoso esquema criminoso, envolvendo inclusive parlamentares."

João Auler nega envolvimento com o cartel e pagamento de propinas. Jayme Careca, em depoimento à Justiça Federal, negou ser 'distribuidor' de propinas a mando do doleiro Alberto Youssef. Ele disse que entregava 'envelopes lacrados' a pedido de Youssef, sem saber, porém, o conteúdo.

A CPI da Petrobras começará a ouvir os empreiteiros investigados pela Operação Lava Jato a partir da próxima terça-feira, 19. Os primeiros da lista são o presidente da Camargo Corrêa, Dalton Avancini, e Erton Medeiros Fonseca, diretor da Galvão Engenharia.

Na quinta-feira, 21, serão ouvidos o vice-presidente da Camargo Corrêa, Eduardo Hermelino Leite, e Gerson de Mello Almada, vice-presidente da construtora Engevix. Na semana seguinte, os parlamentares pretendem ouvir o presidente do Conselho de Administração da Camargo Corrêa, João Ricardo Auler, e o presidente da OAS, José Aldemário Pinheiro Filho, na terça-feira, 26. Dois dias depois, acontecerão os depoimentos de José Ricardo Nogueira Breghirolli, funcionário da OAS suspeito de distribuir dinheiro do esquema de corrupção, e do diretor financeiro da OAS, Mateus Coutinho de Sá Oliveira.

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O presidente da CPI da Petrobras, Hugo Motta (PMDB-PB), deixou para 1º de junho os depoimentos de Ricardo Pessoa, dono da UTC, e Sérgio Cunha Mendes, vice-presidente da Mendes Júnior.

O empreiteiro Ricardo Pessoa, da UTC Engenharia, ficou em silêncio na tarde desta segunda feira, 4, diante do juiz federal Sérgio Moro, que conduz as ações penais da Operação Lava Jato. Apontado como 'presidente' do clube vip das construtoras que formaram cartel para assumir o controle de contratos bilionários da Petrobras, Pessoa foi intimado para depor nos autos do processo em que é acusado por corrupção e lavagem de dinheiro.

Pessoa foi preso dia 14 de novembro de 2014, quando estourou a Operação Juízo Final, sétima fase da Lava Jato. Na semana passada, o Supremo Tribunal Federal acolheu pedido de habeas corpus do criminalista Alberto Zacharias Toron, que defende o empreiteiro, e revogou o decreto de prisão preventiva. O STF, por 3 votos a 2, autorizou o empreiteiro a ficar em regime de prisão domiciliar, mas sob monitoramento de tornozeleira eletrônica.

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A força tarefa da Lava Jato atribui a Pessoa o papel de coordenador do cartel de empreiteiras que pagava de 1% a 3% em contratos da Petrobras, por meio de diretores indicados pelo PT, PMDB e PP, que tinham como destino partidos e políticos. O prejuízo estimado até agora à estatal petrolífera é de R$ 6 bilhões, desviados entre 2004 e 2014.

Nesta segunda feira, 4, Ricardo Pessoa poderia rebater as acusações que pesam contra ele, mas por uma estratégia da defesa ficou em silêncio.

"Entendemos que era aconselhável o sr. Ricardo Pessoa se manter em silêncio porque estamos coletando novas provas para mostrarmos sua inocência", declarou o criminalista Alberto Zacharias Toron. "Até que esses novos elementos estejam maduros optamos por orientar o sr. Ricardo Pessoa a permanecer calado."

A Justiça Federal inicia na manhã desta segunda-feira (4) os interrogatórios dos executivos das maiores empreiteiras do País denunciados no bilionário esquema de corrupção e desvios na Petrobras.

Dalton dos Santos Avancini, Eduardo Hermelino Leite e João Ricardo Auler, da Camargo Corrêa, serão os primeiros a serem ouvidos pelo juiz federal Sérgio Moro, que conduz os processos da Operação Lava Jato, em Curitiba.

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À tarde, será a vez do presidente da UTC Engenharia, Ricardo Pessoa, acusado de ser o coordenador do cartel de empreiteiras que pagava de 1% a 3% em contratos da Petrobras, por meio de diretores indicados pelo PT, PMDB e PP, que tinham como destino partidos e políticos. O prejuízo estimado até agora é de R$ 6 bilhões - desviados dos cofres públicos entre 2004 e 2014.

É a primeira vez que os executivos alvos da Lava Jato irão depor formalmente ao juiz Sérgio Moro, como réus dos processos. Dois deles, Avancini e Leite - presidente e vice-presidente da Camargo Corrêa - fizeram acordo de delação premiada e já confessaram crimes e apontaram novos fatos aos investigadores da força-tarefa do Ministério Público Federal.

Considerado o maior escândalo de corrupção do País, o juiz federal começa a partir de junho a sentenciar os executivos de empreiteiras, dentro do primeiro pacote de denúncias formais dos procuradores da Lava Jato mirando o grupo empresarial que sustentava o ciclo de desvios da Petrobras, com dinheiro desviado da própria estatal.

São 25 executivos e funcionários de 6 das 16 empreiteiras acusadas de cartel nos contratos da Petrobras dentro desse primeiro pacote de processos criminais. As ações (cinco ao todo) foram abertas em dezembro de 2014, após denuncias do Ministério Público Federal serem aceitas por Moro.

Pelo rito processual, após os interrogatórios, o MPF terá prazo para fazer suas alegações finais de acusação e depois os acusados terão tempo para suas defesas - antes que o juiz comece a elaborar suas sentenças pela condenação ou absolvição dos réus. Até agora, apenas um processo da Lava Jato envolvendo a Petrobras foi julgado.

Os interrogatórios desta segunda-feira fazem parte do processo envolvendo a Camargo Corrêa e a UTC. Para a tarde, estão previstos ainda os interrogatórios dos réus Waldomiro de Oliveira (laranja do doleiro Alberto Youssef), Márcio Andrade Bonilho (do grupo Sanko, laranja dee Youssef), Adarico Negromonte Filho, irmão do ex-ministro de Cidades Mário Negromonte e entregador de propina, e Jayme Alves de Oliveira Filho, o Careca - policial federal que também era transportador de dinheiro de Youssef.

Juízo Final

Batizada de Juízo Final, as ações que começam sua fase final são da sétima etapa da Lava Jato - que mirou pela primeira vez o braço empresarial do esquema de corrupção na Petrobras. São réus nos processos executivos da Camargo Corrêa, Engevix, Galvão Engenharia, Mendes Júnior, OAS e UTC.

As acusações tratam da corrupção e dos desvios comprovados pela força-tarefa da Lava Jato em contratos apenas da Diretoria de Abastecimento - que era cota do PP no esquema e dirigida pelo primeiro delator do caso, Paulo Roberto Costa.

Na semana passada, o ex-diretor de Abastecimento e o doleiro Alberto Youssef foram os primeiros réus desses processos a serem interrogados por Moro. Ao juiz, Costa confirmou o esquema de corrupção e cartel na estatal. "Nos contratos envolvendo o cartel, a propina era generalizada."

Dois dos nove executivos presos na 7ª Fase da Operação Lava Jato em novembro de 2014 deixaram a cadeia na manhã desta quarta-feira (29). O dono da UTC Engenharia, Ricardo Pessoa, e o vice-presidente da Engevix, Gerson Almada, que estavam na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, foram transferidos do sistema fechado para a prisão domiciliar.

Eles foram investigados pela PF sob suspeita de integrarem o esquema de corrupção na Petrobrás, desmontado pela força-tarefa. A partir de agora, Pessoa e Almada serão monitorados por uma tornozeleira eletrônica 24 horas por dia enquanto os processos estão sendo julgados.

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Os sete outros presos estão no Complexo Médico-Penal de Pinhais, na Região Metropolitana da capital paranaense e, permanecem no local, no aguardo da escolta da PF.

Os executivos passarão para regime de prisão domiciliar depois de decisão tomada nessa terça pela 2.ª Turma do Supremo Tribunal Federal A decisão foi proposta pelo relator do caso, ministro Teori Zavascki, durante julgamento de habeas corpus do dono da UTC Engenharia, Ricardo Pessoa. Depois, Zavascki propôs estender a decisão a outros oito empreiteiros que também foram presos na mesma etapa da operação, o que acabou sendo acatado.

Além de Pessoa, da UTC, vão também para prisão domiciliar o presidente da OAS, José Aldemário Pinheiro Filho; o diretor da empreiteira, Mateus Coutinho; o diretor internacional da empresa, Agenor Franklin Magalhães Medeiros; um funcionário dela, José Ricardo Nogueira Breghirolli; o presidente do conselho da Camargo Corrêa, João Ricardo Auler; o vice-presidente da Mendes Junior, Sergio Mendes e o vice-presidente da Engevix, Gerson Almada.

Nove empreiteiros presos na sétima fase da Operação Lava Jato, deflagrada em novembro do passado, devem deixar a carceragem da Polícia Federal, em Curitiba (PR), na manhã desta quarta-feira, 29. Os executivos passarão para regime de prisão domiciliar depois de decisão tomada nessa terça pela 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal.

A decisão foi proposta pelo relator do caso, ministro Teori Zavascki, durante julgamento de habeas corpus do dono da UTC Engenharia, Ricardo Pessoa. Depois, Zavascki propôs estender a decisão a outros oito empreiteiros que também foram presos na mesma etapa da operação, o que acabou sendo acatado.

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Além de Pessoa, da UTC, vão também para prisão domiciliar o presidente da OAS, José Aldemário Pinheiro Filho; o diretor da empreiteira, Mateus Coutinho; o diretor internacional da empresa, Agenor Franklin Magalhães Medeiros; um funcionário dela, José Ricardo Nogueira Breghirolli; o presidente do conselho da Camargo Corrêa, João Ricardo Auler; o vice-presidente da Mendes Junior, Sergio Mendes e o vice-presidente da Engevix, Gerson Almeida.

Entre as dez empreiteiras mais contratadas pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), apenas uma - a Queiroz Galvão - é alvo da Operação Lava Jato, da Polícia Federal. Isso não significa, porém, que as construtoras que respondem por mais de R$ 12,3 bilhões em contratos com o órgão do Ministério dos Transportes não estejam na mira de outras investigações - e em alguns casos já com condenações, como se vê nas auditorias do Tribunal de Contas da União (TCU).

Com base no levantamento das empresas mais contratadas pelo Dnit, a maioria delas desconhecida do público em geral, o Estado checou os processos movidos pelo tribunal. Dono de um dos maiores orçamentos da União, o Dnit tem sido acusado pelas empresas de atrasar pagamentos e medições de obras desde novembro do ano passado.

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O balanço mostra que pelo menos quatro construtoras - Sanches Tripoloni, Queiroz Galvão, Torc Terraplenagem e Sulcaterinense Mineração - são alvo de processos que cobram ressarcimento aos cofres públicos por irregularidades e superfaturamento. Esses processos, conhecidos como "tomada de contas especial" (TCE), só são instalados pelo tribunal quando há provas suficientes de efetivo dano financeiro à União.

Com R$ 2,258 bilhões em contratos com o Dnit, a Sanches Tripoloni é a segunda no ranking das obras do Dnit, só atrás da Construtora Centro Minas (CCM). Entre os 14 processos nos quais é citada, três se referem a tomada de contas. Em um deles a companhia já chegou a ser condenada a pagamento de multa e ressarcimento.

A empreiteira Torc Terraplenagem, mencionada em nove processos, é alvo de quatro TCEs, com condenação em uma delas. As tomadas de contas envolvem ainda um processo contra a Sulcaterinense Mineração e 15 processos contra a Queiroz Galvão. Na lista dos dez líderes em contratos com o Dnit, apenas duas - Construtora Brasil e Consórcio Isolux Corsan - ainda não foram investigadas. Na liderança, a CCM acumula mais de R$ 2,285 bilhões em contratos com a autarquia. Já sofreu cinco processos, mas em nenhum foi condenada.

Outro lado

O Estado enviou perguntas a cada uma das dez empreiteiras citadas na reportagem. Mencionada em dois processos do TCU, sem condenação, a Técnica Viária Construções, controlada pela empresa Castellar, ocupa a 7.ª posição entre os contratos do Dnit. Por meio de nota, a empresa declarou que tem 800 funcionários nas obras da autarquia e que, depois de dois anos consecutivos de crescimento, prevê um ano estável de execuções.

A Isolux Corsan informou que os negócios com o Dnit representam hoje 800 km da carteira de projetos rodoviários do grupo. A empresa é dona da concessão da Via Bahia (BR-324), em parceria com a Infravix e, em 2013, venceu a licitação para obras em 195 km da rodovia BR-381, em Minas Gerais. A empresa Sulcatarinense Mineração informou que não iria se manifestar. Por meio de nota, a Queiroz Galvão declarou que "não divulga informações sobre seus contratos por questões de confidencialidade".

As demais empresas, contatadas por telefone e por e-mail, não responderam.

A Justiça Federal, em Curitiba, inicia na tarde desta quarta-feira, 25, os depoimentos de defesa das primeiras ações penais contra os empreiteiros acusados de corrupção na Petrobras. Os processo envolvem também os ex-diretores de Abastecimento Paulo Roberto Costa e de Internacional Nestor Cerveró - no caso do pagamento de propina de navios-sonda.

O juiz federal Sérgio Moro ouve hoje o depoimento de uma testemunha de defesa indicada pelo doleiro Alberto Youssef, um dos réus do processo.

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A ação penal de trata da acusação da força-tarefa da Lava Jato contra executivos da empreiteira Engevix - uma das 16 integrantes do cartel acusado de corrupção na Petrobrás.

O líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho (PE), classificou como "indevidos" os encontros que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, realizaram com emissários de empreiteiros que são alvo da Operação Lava Jato.

"É parte de uma estratégia que visa obstacular e impedir o aprofundamento das investigações. Eu acho que é indevido", afirmou Mendonça ao Broadcast Político.

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Conforme revelou nesta sexta-feira, 20, o jornal O Estado de São Paulo, executivos das construtoras envolvidas na Lava Jato pedem intervenção política de Lula para evitar o colapso das empresas. Okamotto recebeu por exemplo João Santana, diretor da Constran, que pediu socorro pelas dificuldades vividas pela companhia. Antes de ser preso pela força-tarefa da Operação Lava Jato, o presidente da OAS, Léo Pinheiro, pediu ajuda a Lula.

Mendonça alegou ainda que as conversas com o ex-presidente "se conectam" com as reuniões que o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, manteve com advogados das empresas.

"São coisas que se conectam com a pressão sobre o ministro da Justiça, que recebeu advogados (dos executivos das empreiteiras) fora das agendas oficiais. Há todo um ambiente de pressão sobre o poder Judiciário, seja na primeira instância ou no âmbito do Supremo Tribunal Federal. É uma estrutura sendo movimentada com o intuito de abafar o caso".

PSDB

Para o deputado Marcus Pestana (PSDB-MG), embora o ex-presidente Lula possa receber quem queira, é preciso ficar atento para possíveis interferências dele no governo. "É possível imaginar o teor da conversa. Todos os empresários ficaram assustados com o desfecho do mensalão, quando os agentes privados tiveram punição maior do que os políticos. Não é difícil imaginar que haja ameaças embutidas. Certamente não foi um ameno chá das cinco".

O Ministério Público Federal (MPF) denunciou criminalmente oito executivos ligados ou que já pertenceram aos quadros das empreiteiras Mendes Júnior e OAS sob a acusação de desvio de dinheiro da obra da avenida Água Espraiada, hoje rebatizada de Jornalista Roberto Marinho, na zona sul, durante a gestão do ex-prefeito Paulo Maluf (1993/1996). Segundo a denúncia, parte dos recursos foi enviada para contas em paraísos fiscais em favor de Maluf.

Os executivos são acusados de peculato e lavagem de dinheiro. Seis são da Mendes Júnior: Jesus Murillo Valle Mendes, diretor presidente do grupo, Jefferson Eustáquio, diretor superintendente, Angelo Marcos de Lima Cota, diretor administrativo, Sidney Silveira Lobo da Silva Lima, diretor regional, Joel Guedes Fernandes e Rosana de Faria Oliveira.

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Outros dois denunciados são da OAS: Carlos Manoel Politano Laranjeira, diretor financeiro da holding OAS Participações, entre 1993 e 2000, e José Adelmário Pinheiro Filho, diretor superintendente e administrador da Construtora OAS naquele período. Também são acusados dois nomes da cúpula da antiga Emurb (Empresa Municipal de Urbanização): Fernando Kurkdjibachian e Célio Bernardes.

Maluf, deputado federal pelo PP, não está entre os denunciados porque contra ele já corre ação penal sobre o caso no Supremo Tribunal Federal (STF). Ele é citado na denúncia criminal, porém, como beneficiário de verbas desviadas dos cofres públicos.

A denúncia criminal, subscrita pela procuradora da República Ana Cristina Bandeira Lins e protocolada na Justiça Federal em 22 de maio, narra especificamente a conduta das empreiteiras no esquema, a partir de inquérito da Polícia Federal.

O inquérito federal é um desdobramento da ação que o ex-prefeito responde no Supremo por lavagem de dinheiro. Em ação civil que tramita na 4.ª Vara da Fazenda Pública e que também subsidiou a investigação criminal, o Ministério Público Estadual informa que foram gastos US$ 600 milhões na obra. Do montante, segundo "relatório de propina" que consta dos autos, 37% foram desviados.

"A presente investigação decorre de desmembramento dos autos criminais em trâmite (contra Maluf) no STF pelos ilícitos referentes ao desvio de recursos públicos no curso da construção da Avenida Água Espraiada."

O inquérito criminal teve origem com o compartilhamento de provas de inquérito civil e da ação de improbidade na 4.ª Vara da Fazenda - em 2004, a Justiça bloqueou R$ 5 bilhões de Maluf e das empreiteiras.

"Os autos foram desmembrados da ação penal (do STF) para identificar a autoria das demais pessoas físicas que participaram de tais fatos criminosos", ressalta Bandeira Lins. "As empreiteiras se associaram para a prática habitual de crimes contra a administração pública, evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Subcontratavam empresas que emitiam notas fiscais por serviços não realizados ou lançados a preço bem maior. Tais empresas devolviam às empreiteiras grande parte dos recursos recebidos, aproximadamente 90%, através de cheques ao portador."

"As empreiteiras convertiam os recursos desviados em dólares e procediam ao acondicionamento de tais moedas em embalagens dissimuladas, caixas de uísque, bombons, pacotes de presente, para entrega-los a Reynaldo de Barros (então presidente da Emurb, já falecido)", sustenta a Procuradoria. "Barros distribuía tais recursos a Maluf e, após a assunção de Celso Pitta (prefeito entre 1997 e 2000, falecido), a este também. O dinheiro era destinado a contas não declaradas no exterior, como a Chanani e a Falcon, visando ocultação de sua origem e localização."

Outro lado

O ex-prefeito Paulo Maluf afirmou que as obras da Água Espraiada não foram contratadas pela Prefeitura, mas pela antiga Emurb. "As obras foram realizadas há vários anos e as contas relativas às mesmas foram aprovadas pelo Tribunal de Contas do Município e pela Câmara Municipal. Portanto, há um engano na postura da procuradora da República", disse Maluf, por meio de sua assessoria de imprensa.

A Mendes Júnior disse que não tem conhecimento da acusação criminal. Por meio de sua assessoria de imprensa, a empresa informou: "A Mendes Júnior Engenharia desconhece a denúncia. Por isso, não irá se manifestar, vez que o processo criminal citado refere-se a pessoas físicas e não a pessoa jurídica."

O criminalista Luiz Flávio Borges D'Urso, que defendeu a Tecla Transportes - subcontratada pela Mendes Júnior -, declarou: "Os dirigentes sequer foram ouvidos na fase de inquérito, mas a empresa cumpriu o que lhe cabia com relação ao que foi contratado e recebeu o valor referente aos serviços."

Fernando Kurkdjibachian, ex-diretor administrativo da Emurb, não foi encontrado. Célio Rezende Bernardes, que era diretor de obras da Emurb, não respondeu aos recados deixados em sua casa. A OAS não se manifestou. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

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