As células humanas ou embriões que passam por um processo de edição genética não devem ser usadas para estabelecer uma gravidez - disse nesta quinta-feira um painel científico internacional, pedindo limites rígidos sobre a controversa pesquisa.
A declaração da comissão organizadora da Cúpula Internacional sobre Edição Genética Humana foi emitida após três dias de reuniões na capital dos Estados Unidos para discutir as possibilidades e os perigos de novas técnicas de edição genética que tornam possível alterar características genéticas e potencialmente acabar com certas doenças.
No entanto, eles não chegaram a pedir uma moratória sobre a tecnologia de baixo custo e de alta precisão amplamente conhecida como CRISPR/Cas9.
Ainda assim, o risco de alterar permanentemente o DNA humano levanta preocupações éticas e de saúde significativas, escreveu o grupo que inclui centenas de cientistas de 20 países, incluindo Grã-Bretanha, China e Estados Unidos.
"Pesquisas básicas e pré-clínicas intensivas são claramente necessárias e devem continuar, sujeitas a regras éticas e legais apropriadas", disse o comunicado.
"Seria irresponsável proceder qualquer utilização clínica de edição da linha germinativa" a menos que as questões de segurança sejam compreendidas e "existe um vasto consenso social sobre a adequação da proposta", acrescentou o grupo.
"Se, no processo de pesquisa, embriões humanos ou células da linha germinativa do gene sofrerem edição, as células modificadas não devem ser utilizadas para estabelecer uma gravidez".
O grupo advertiu que se as alterações genéticas forem introduzidas na população humana, elas "seriam difíceis de remover e não permaneceriam dentro de qualquer comunidade ou país".
Eles também levantaram a possibilidade de que "'melhorias' genéticas permanentes para os subgrupos da população poderiam exacerbar as desigualdades sociais ou serem usadas coercivamente".
O grupo apelou a um fórum internacional em curso para orientar a pesquisa nos próximos anos.
Preocupações éticas sobre o processo aumentaram desde o anúncio, em abril, de que pesquisadores chineses haviam modificado um gene defeituoso em dois embriões humanos não viáveis.
Segundo Jacob Corn, diretor científico da Innovative Genomics Initiative, o parecer do grupo foi "muito responsável".
O parecer "também é ousado o bastante para reconhecer que poderemos um dia ser capazes de lidar com esse assunto, embora leve um tempo".