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Só será possível vislumbrar algum potencial de melhora para a economia brasileira por volta do terceiro trimestre do ano, quando o ajuste fiscal promovido pela nova equipe econômica já estiver consolidado e for possível ter uma ideia melhor da condição da economia global. A avaliação é do economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, que participa nesta manhã do seminário "Perspectivas Comerciais, Econômicas e Políticas para 2015", promovido pela Câmara Americana de Comércio.

Segundo Gonçalves, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e o restante da equipe econômica sabem que o ajuste que eles começam a implementar tem impacto na economia, já que tanto o aumento de impostos como o corte de gastos diminuem o consume de famílias e governo. Nesse cenário, só os investimentos poderiam fornecer algum estímulo para a atividade, apesar de não haver perspectiva de retomada dessa área no curto prazo. "Eles estão conseguindo passar uma sinalização adequada, de quais são as linhas das novas políticas, mas sabem que essas medidas têm um problema vicioso. Quando se aumenta imposto e corta gastos, a economia cai ainda mais", comenta.

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Segundo ele, o novo programa de relaxamento quantitativo (QE, na sigla em inglês) do Banco Central Europeu (BCE) deve ter um impacto líquido negativo para o Brasil, já que tende a desvalorizar o euro e tornar as exportações europeias mais competitivas. Ele reconhece que a medida deve ter um impacto no real e outras moedas emergentes, que também perderiam terreno ante o dólar, mas não vê grandes possibilidades para os produtos brasileiros. "Podemos até pensar que o QE vai ajudar a economia europeia a crescer mais, o que significa mais importações. Mas eles têm uma tradição protecionista muito grande, especialmente na agricultura e agropecuária, que são as áreas mais competitivas do Brasil", aponta.

Rui Nogueira, sócio-diretor da Patri Políticas Públicas, que participou do mesmo painel de Gonçalves, também não vê perspectivas positivas para o Brasil no curto prazo. Ao mesmo tempo, porém, ele não acredita que a fragilidade da economia possa levar a presidente Dilma Rousseff a desistir dos ajustes. "Vai ter muito choro, muitas reclamações, incluindo dentro do PT, mas eu não vejo muita possibilidade de retrocesso nessas medidas, simplesmente porque não há como continuar com o que vinha sendo feito", afirma.

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