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De vestido vermelho, sapato 'Chanel', e tornozeleira eletrônica, a doleira Nelma Kodama publicou uma foto em seu perfil no Instagram, mostrou a Coluna do Estadão.

A doleira foi presa no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos/Cumbica, na madrugada de 15 de março de 2014, quando tentava embarcar para Milão, na Itália, com 200 mil euros escondidos na calcinha.

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Entre suas emblemáticas aparições, está um depoimento à CPI da Petrobrás em 2015, em que cantou trecho de uma música de Roberto Carlos para explicar como era sua relação com o doleiro Alberto Youssef.

"Sob meu ponto de vista, eu vivi maritalmente com Alberto Youssef do ano de 2000 a 2009. Amante é uma palavra que engloba tudo, né? Amante é esposa, amante é amiga", disse. "Tem até uma música do Roberto Carlos: a amada amante, a amada amante. Não é verdade? Quer coisa mais bonita que ser amante? Você ter uma amante que você pode contar com ela, ser amiga dela.", disse, durante o depoimento.

Em seguida, a doleira cantarolou 'Amada Amante', sucesso do Rei da Jovem Guarda em 1971.

Dois anos depois de deixar a prisão em Curitiba e cinco dias antes de ver 38 imóveis leiloados pela Justiça, Nelma Kodama diz achar a venda dos apartamentos "injusta", mas que não guarda ressentimentos da Operação Lava Jato. Uma das primeiras presas na operação, a ex-doleira deseja ainda "boa sorte" ao ex-juiz federal Sérgio Moro, que a condenou a 18 anos de prisão, no Ministério da Justiça e traz ainda sugestões de nomes de Curitiba para ele compor sua equipe na Esplanada. Delegado Márcio Anselmo, responsável pela sua prisão, é um deles.

"Desejo a ele boa sorte, que consiga, de fato, prender os corruptos que saquearam os cofres públicos", afirmou Nelma, lembrando que política é "muito complicado" e diferente da magistratura.

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A ex-doleira classifica como "extremamente competentes" Erika Marena, indicada para coordenar o Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional, e Luciano Flores, que assume o comando da PF no Paraná. De quebra, apresenta suas sugestões.

"Acho que ele (Moro) deveria convocar o Márcio Anselmo, que tem uma expertise muito grande, principalmente em crime financeiro e é uma pessoa que admiro muito. Fica a sugestão." Anselmo foi delegado da PF responsável por iniciar as investigações da Lava Jato e pela prisão de Nelma. Outra "sugestão" da ex-detenta é Newton Ishii, o "japonês da Federal", que aposentou neste ano. "Ele é magnífico".

Conhecida pelo episódio em que cantou "Amada amante", de Roberto Carlos, na CPI da Petrobras, quando questionada sobre seu relacionamento com o doleiro Alberto Yousseff, Nelma ficou presa de março de 2014 a junho de 2016, quando fechou acordo de delação premiada com os procuradores da Lava Jato.

Os hóspedes de um hotel em Jaguaré, na zona oeste de São Paulo, talvez não saibam, mas podem estar em um quarto de propriedade de Nelma Kodama. A Justiça determinou o leilão na próxima segunda-feira, dia 10, das 38 unidades que pertencem à ex-doleira, condenada por lavagem de dinheiro, organização criminosa, evasão de divisas e corrupção ativa.

O valor de cada quarto é de R$ 152 mil - bem menor que os 200 mil euros (mais de R$ 850 mil em valores atualizados) que Nelma levava na calcinha quando foi presa pela Polícia Federal, no aeroporto de Guarulhos, tentando deixar o País, em 2014.

"No meu coração, acho que é injustiça", lamenta Nelma a respeito do leilão dos apartamentos. "Eu queria as unidades para a minha sobrevivência, para ter uma renda. No final da minha vida, eu doo", afirmou. Hoje ela cumpre pena em regime semiaberto diferenciado, no qual usa tornozeleira eletrônica.

"Ninguém assaltou, como, por exemplo, ex-governadores do Rio de Janeiro fizeram com a saúde pública. Não acumulei R$ 100 milhões, R$ 200 milhões tirando dinheiro de merenda, segurança pública. Todos os dias eu levantava e ia trabalhar".

A renda de Nelma vem hoje de sua empresa, em que atua como "personal advisor", e faz consultoria de finanças pessoais e empresariais, gestão de carreira e consultoria de imagem.

Os advogados da ex-doleira chegaram a recorrer da venda dos imóveis no Supremo Tribunal Federal (STF), mas o pedido foi negado pelo ministro Edson Fachin. Até o fim da semana, pretendem entrar com um novo recurso na Corte.

A defesa pede que passem a valer os termos da primeira delação de Nelma, fechada com a Polícia Federal - em que ela poderia ficar com os apartamentos do prédio no Jaguaré e com o apartamento em que vive.

Por causa do imbróglio entre PF e Ministério Público, a doleira fez um segundo acordo, em que os imóveis seriam leiloados, mas posteriormente, o Supremo decidiu que a PF também poderia fechar acordos de colaboração.

O valor inicial dos apartamentos, cobrado na primeira etapa do leilão, nesta terça-feira, 4, era de R$ 190 mil. Mas como apenas uma unidade foi vendida - para um morador de Brasília -, os outros podem ser arrematados por R$ 152 mil no site do leiloeiro, na próxima segunda-feira. As unidades do apartamento tampouco serão suas primeiras: em 2015, um Porsche branco de Nelma foi a leilão, pelo valor de R$ 200 mil.

"O Brasil é movido a corrupção", afirmou na manhã desta terça-feira, 12, a doleira Nelma Penasso Kodama, condenada a 18 anos de prisão nos processos da Operação Lava Jato, em depoimento à CPI da Petrobras, em Curitiba. "Uma vez que parou a corrupção, parou o Brasil. Faltou água, é a Lava Jato. Subiu a energia, foi a Lava Jato", afirmou Nelma, que é doleira confessa e está presa em Curitiba, desde que foi deflagrada a operação, quando tentava embarcar para a Itália com 200 mil euros escondidos na calcinha.

"Uma corrupção cobre a outra corrupção. É o que chamamos no meu mercado de bike. Um santo cobrindo o outro. Quebrou o vício, o círculo, aí o País entrou em crise. O País entrou em uma recessão", afirmou Nelma.

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Conhecida como 'Dama do Mercado', ela foi condenada pelo juiz federal Sérgio Moro, que conduz os processos da Lava Jato, a 18 anos de prisão e multa por liderar um esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas que teria movimentado de forma fraudulenta R$ 221 milhões em dois anos e enviado para o exterior outros de U$S 5,2 milhões por meio de 91 operações de câmbio irregulares.

"Eu tenho vergonha de dizer hoje que sou doleira, de ter participado disso tudo. Eu admiro a atuação do juiz federal Sérgio Moro, mesmo sendo condenada a uma pena pesada. Eu o admiro, eu acho que estão tentado virar, falando que há desemprego, recessão, porque pararam as obras", afirmou a doleira.

"Se for necessário que haja desemprego ou recessão para acabar com corrupção… vamos lá, somos brasileiros."

Nelma está detida em Curitiba desde março de 2014, quando foi presa com 200 mil euros na calcinha tentando embarcar para a Itália. Ela começou a prestar depoimento aos deputados da CPI da Petrobrás, em Curitiba, por volta das 10h da manhã desta terça-feira, 12. Os parlamentares estão na capital do Paraná para ouvir 13 alvos das investigações que estão presos.

"Eu sou doleira, comprava e vendia moedas no mercado negro. E isso vai constar no termo de colaboração que estou firmando", afirmou a doleira.

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