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Policiais federais e membros do Ministério Público Federal cumprem hoje (10), em São Paulo, nove mandados de busca e apreensão contra suspeitos de operações ilegais de câmbio. A operação 'Clãdestino' é um desdobramento das operações Eficiência (desencadeada em 2017) e Câmbio, Desligo (em 2018).

As duas operações investigaram a existência de um esquema de evasão de divisas e lavagem de dinheiro, obtido em esquemas de corrupção no governo fluminense durante o governo de Sérgio Cabral.

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Segundo a Polícia Federal, a operação de hoje tem o objetivo de reunir provas sobre membros de uma mesma família, que atuavam como uma organização criminosa voltada para a prática de operações ilegais de câmbio.

Os mandados foram expedidos pela 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro.

Documentos entregues por delatores da Operação Câmbio, desligo mostram que 35 doleiros movimentaram milhões de dólares por meio de 260 offshores com contas abertas em 97 bancos espalhados por 29 países. As transações foram feitas por meio do sistema financeiro paralelo comandado por Dario Messer, considerado o "doleiro dos doleiros".

A reportagem teve acesso a parte da documentação entregue ao Ministério Público Federal (MPF) pelos doleiros Cláudio Barboza (Tony) e Vinícius Claret (Juca Bala), ambos funcionários de Messer. Como o material é parcial, não é possível mensurar o valor total que passou pelas offshores, mas, segundo o MPF, o grupo de doleiros teria movimentado US$ 1,6 bilhão entre 2007 e 2016.

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A Câmbio, desligo é um desdobramento da Lava Jato no Rio de Janeiro. A operação foi deflagrada em 3 maio e prendeu vários doleiros. Apontado como líder do esquema, Messer é considerado foragido da Justiça desde então.

"Os colaboradores Juca (Bala) e Tony funcionavam como verdadeira instituição financeira, fazendo a compensação de transações entre vários doleiros do Brasil", afirmaram os procuradores da República da força-tarefa da Lava Jato no Rio.

Segundo o MPF, ele atuava como um "doleiro dos doleiros, indicando clientes que necessitavam de dólares (compradores) e que necessitavam de reais".

A China lidera o ranking dos países com mais contas em nome de offshore utilizadas pelo grupo criminoso. Além de 42 contas sediadas na China, o MPF encontrou outras 59 em bancos sediados em Hong Kong, que é uma região administrativa chinesa. Dessas offshores, a maioria (24) mantinha contas no Hong Kong and Shangai Banking Corporation (HSBC) de Hong Kong. Outras 13 companhias eram beneficiárias de contas no Hang Seng Bank. A reportagem procurou a Embaixada da China, em Brasília, mas não obteve retorno.

Na segunda colocação está a Suíça, com 56 contas. Em terceiro lugar está os Estados Unidos, com 38 offshores com contas abertas em bancos do país. A reportagem procurou a Embaixada da Suíça, em Brasília, mas não obteve resposta. A reportagem também entrou em contato com o escritório de comunicação dos EUA para as Américas, mas não houve retorno até a conclusão desta edição.

Os dados revelam o potencial da Câmbio, desligo. Para se ter uma ideia, enquanto a Operação Lava Jato, iniciada em Curitiba, mirava quatro doleiros, a apuração da força-tarefa do Rio, apenas na primeira fase, avançou contra 35 deles que atuavam por meio de um sistema financeiro ilegal.

Nos bastidores, por causa do tamanho do esquema e dos personagens envolvidos, a Câmbio, desligo é considerada a maior investida contra doleiros desde o caso Banestado.

Nacionais. Entre os bancos com contas em nome de offshores utilizadas pelos doleiros estão dois brasileiros: o Itaú e o Bradesco. As offshores Amber Corp e Eternal Legend aparecem no material apresentado pelos delatores como beneficiárias de contas no Banco Itaú Europa. A primeira está atrelada ao doleiro Flávio Dib e a segunda aos irmãos Renato e Marcelo Chebar.

Por meio de nota, o Itaú informou que cumpre as regras de prevenção à lavagem de dinheiro em todos os países em que opera e que reporta às autoridades locais eventuais operações suspeitas.

No caso do Bradesco, são quatro empresas com contas na filial do banco em Luxemburgo. Uma delas, em nome de Ho Jung So, aparece ligada ao doleiro Chaaya Moghrabi. Outras duas, Karia Investments e Noryea Finance, são creditadas a Cláudio Sá de Freitas. A Southsea Estates, por sua vez, é citada como do doleiro Richard van Oterloo.

O Bradesco disse que não iria comentar o assunto.

A reportagem não conseguiu contato com a defesa dos doleiros citados. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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