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Com a determinação judicial para que os moradores do Edifício Holiday, localizado em Boa Viagem, deixem o prédio devido problemas estruturais, a maioria dos moradores e comerciantes garante que não deixará o local. Para eles, o prazo de cinco dias é inviável. Equipes da prefeitura e uma comissão de moradores prestam assistência às famílias.

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Há 56 anos morando no 2° andar, com a esposa e quatro filhos, Ibege Frazão, de 73 anos, afirma que não deixará o edifício. "Não tenho destino. O pior já está acontecendo, sem água e no candeeiro", relatou. O proprietário do bar mais antigo do condomínio também conta que ainda não foi negociado nenhum tipo de indenização.

Um dos participantes da comissão dos moradores Fernando Leão mora há 37 anos no prédio e garante que os 2.500 moradores não vão ceder. "A gente não invadiu. Isso aqui foi comprado! Nós não estamos pedindo esmola", afirmou.

"É revoltante! A gente não tem para onde ir. Eles tão tirando o que a gente lutou. Eu mesma batalhei a vida toda por isso, e moro aqui há 50 anos", relatou a moradora do apartamento 112, Luzinete Silva, que reitera o sofrimento vivido para quitar as dívidas apenas com o Bolsa Família.

Equipes da prefeitura estão no local oferecendo assistência aos que desejam sair. A intenção é realocar os moradores em abrigos do município. O secretário executivo da Defesa Civil Coronel Cassio Sinomar explicou o trabalho realizado pelas equipes. "Com a interdição, o que cabe à prefeitura é dar esse apoio logístico às pessoas que desejam se deslocar para um local. A gente sabe que é dificultoso conseguir um caminhão", esclareceu.

Sem vontade alguma de deixar o lar para ficar em um abrigo, a moradora do apartamento 128, Girlene Santos, revela a preocupação de deixar sua residência. "Nem os idosos querem ir. A preocupação também é com nossos móveis. Eu mesma não deixo minhas coisas nesses abrigos, é capaz de se perder", finalizou.

As famílias do edifício contam com apoio de voluntários. Um deles é o engenheiro Lupercio Luizines, que mora em um prédio a frente do Holiday e se solidarizou com a situação. Ele explica que o projeto inicial apontava que a edificação teria 27 andares, porém, apenas 17 foram construídos, o que - segundo ele - garante uma margem de segurança estrutural de aproximadamente 40%, porcentagem que "é muito tratando-se de engenharia".

Há duas semanas ele ajuda os moradores e afirma que já conseguiu melhorias com a retirada de alguns componentes elétricos até o 7° andar, para que tudo seja refeito do zero. Ele exemplifica: "se em um hospital for necessário trocar a rede elétrica, vão retirar os pacientes também?", questionou.

Outro grupo de apoio presente é o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). A coordenadora estadual Cristiane Pedrosa defende a moradia digna aos residentes e reafirma que sua equipe está à disposição das famílias para que continuem em seus lares.

Mesmo com alguns optando pela mudança, a maioria aguarda uma reconsideração judicial e uma nova vistoria, visto que modificações já foram realizadas pelos próprios moradores, sob supervisão do engenheiro voluntário.

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