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O deputado norte-americano, Ako Abdul Samad, participou de um bate-papo informal com políticos pernambucanos e representantes de entidades sociais. O encontro foi realizado esta quinta-feira (13), em um restaurante no centro do Recife.  De acordo com a integrante do conselho administrativo da ONG Novo Jeito, Maria Eduarda Mello, a proposta era reunir pessoas que tivessem relação com a área social, para que o deputado Democrata  pudesse falar um pouco do trabalho que realiza nos Estados Unidos e conhecer as iniciativas locais. “Escolhemos um ambiente descontraído para que todos ficassem a vontade para conversar com Ako Abdul Samad. Ele terá a oportunidade de falar um pouco dos projetos no parlamento dos EUA e no terceiro setor, por meio da ONG Creative Vision,  fundada por ele, que tem o objetivo de transformar a vida de milhares de jovens envolvidos no mundo das gangues”, pontuou Maria Eduarda.

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Dentre os participantes, estavam os deputados estaduais Betinho Gomes (PSDB), Waldemar Borges (PSB), os vereadores  Raul Jungmann (PPS), André Régis (PSDB), Eurico Freire (PV) e Priscila Krause (DEM), além de representantes da AACD e movimento quilombola. Priscila ressaltou a importância do intercâmbio político-social para a construção de uma sociedade mais democrática  e humanitária. “É muito importante a gente ter essa troca de experiência com pessoas que vivem outra realidade social, mas que tem problemas e trabalham para transformá-la para melhor”, afirmou Krause, exaltando o trabalho desenvolvido pela ONG Novo Jeito. “Eles têm uma iniciativa fantástica, pois tentam fazer com que as pessoas enxerguem que os problemas sociais não são apenas uma obrigação do poder público, porque cada um pode fazer a sua parte”. 

Durante o bate-papo, o deputado norte-americano ressaltou que a política serve como ponte para  a luta em prol das causas dos direitos humanos, cujo o objetivo principal é ajudar as pessoas. “Sou mais ativista dos direitos humanos que político, pois acredito que os interesses da população têm que vir em primeiro lugar”, pontuou.  O aliado de Barack Obama ainda criticou a maneira que os políticos atuam no parlamento. “Eles (políticos) brigam politicamente entre si e não se preocupam com o principal, que é a população e agem como estivesse numa arena. Os políticos precisam passar por cima das ideologias e entender que política não é tudo, pois o principal é pensar no bem estar das pessoas”, concluiu Samad. 

Em entrevista concedida ao Portal LeiaJá, o Democrata falou quando começou o interesse pela área social e a importância do debate para a construção de uma sociedade mais justa e menos desigual. Ele também comentou sobre o cenário político-econômico dos Estados Unidos e a relação que o país tem com o Brasil.

Confira a entrevista com o deputado norte-americano Ako Abdul Samad:

Como o deputado recebeu o convite para participar da segunda conferência VOX? É  a primeira vez que vem ao Brasil para participar de evento do gênero? 

É a primeira vez que venho ao Brasil. E no primeiro contato com o país poder proferir palestra sobre um tema que eu busco defender, é mais gratificante ainda. Recebi o convite através de Fábio, da ONG Novo Jeito, quando ele visitou a nossa ONG Creative Vision. É uma honra está aqui pela primeira vez  e mais honra ainda  pelo trabalho que o Novo Jeito tem feito. Através desse contato com eles a gente tem tido oportunidade de aprender também a forma como eles trabalham e que tem transformado a vida de tantas pessoas nesses dois anos de atuação.

Qual a importância de estimular o debate sobre empreendedorismo social e voluntariado?

Infelizmente nós temos uma sociedade dividida. Precisamos fazer com que ela se junte para executar um trabalho que faça a diferença de fato na vida das pessoas. Esse tipo de debate dar a chance não só de fazer caridade, mas une as duas pontas para que trabalhem juntas. Isso forma uma sociedade mais homogenia, porque não importa se você está no Brasil, Estados Unidos ou na África, pois podemos trabalhar juntos, nos conectarmos e fazer a diferença independente do lugar.

Quando você decidiu investir no trabalho social?

Quando eu tinha 16 anos e meio, agora estou só um pouquinho mais velho. Tem mais de 40 anos que atuo nesse setor. Comecei  a me envolver justamente no momento em que a discriminação social nos EUA tinha atingido seu ápice. Escolhi atuar em defesa do social por entender que quando existe um preconceito a pessoa não vive sua liberdade e eu queria ser contra a isso. Esse foi o que me motivou a trabalhar com o social.

O debate sobre preconceito racial tem ganhado amplitude no Brasil, principalmente após alguns episódios envolvendo jogadores de futebol. O  que leva uma pessoa a insistir em discriminar, mesmos estando em 2014, quando se julga que a democracia e luta pela igualdade estão conseguindo se estabilizar?

O preconceito vai continuar existindo, a não ser que tenhamos mais instituições como a ONG Novo Jeito, que vai faz com que as pessoas de fato entendam as diferenças e consigam viver juntas. Uma coisa que temos que aprender é que as coisas não são sobre o que a gente sente, mas o que pensamos. Isso significa dizer que se eu e você somos diferentes temos que aprender a conhecer as diferenças, para com isso encontrar a similaridade. Nós não podemos ter medo das diferenças, temos que usá-las como uma forma de aprendizado para lhe dar com elas.

Recentemente você coseguiu se reeleger deputado. Quais os desafios que serão enfrentados nesse segundo mandato?

O maior desafio  é fazer com que  os partidos Democrata e Republicano trabalhem juntos. Tem um ditado africano que diz que quando dois elefantes africanos brigam quem sofre é a grama. Nesse caso, a disputa entre Democrata e Republicano afetaria a população. E a única forma de financiar a saúde, educação e fazer com que o país cresça é se unindo, fazendo com que os dois partidos trabalhem juntos.

Como aliado político do presidente dos EUA, a que você atribui a queda no nível de aprovação do governo de Obama?

A popularidade de Obama ainda predomina entre a maioria. Mas algumas pessoas estão criando estigmas dele, ao fazer com que a minoria acredite que ele não seja o melhor presidente. Infelizmente o racismo faz parte disso, pois acredito que uma parte da impopularidade dele é por ele ser negro. 

Como você avalia o cenário socioeconômico nos Estados Unidos?

A economia está melhor, a quantidade de jovens nas escolas tá maior, o financiamento  para a minoria aumentou, o emprego... Tudo tá melhor. O que ele tem feito nos seis anos de governo é fenomenal.

Como é a relação entre o Brasil e os EUA?

Essa relação deve ser trabalhada. Não existe lugar no mundo que não precise de melhorias. Nós precisamos aperfeiçoar as conversas para conquistar uma melhor relação. Por exemplo: se a ONG Novo Jeito não entendesse a necessidade de ajudar as crianças pobres, as pessoas que precisam de cadeira de rodas, isso nunca  teria sido feito. Então a primeira coisa que precisou ser realizada foi o entendimento disso.  Temos que reconhecer os problemas para poder achar as soluções. Como a maioria acaba não reconhecendo o problema, a gente a caba tendo soluções cosméticas, que não resolvem o problema de fato. É por pensar dessa forma  que acredito que a relação com o Brasil ser mais estreitas para progredir.

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