Tópicos | Democracia em Preto e Branco

[@#galeria#@]

Um público pequeno, formado por menos de 50 pessoas, foi conferir nesta quarta-feira (18) o encerramento do CINEFoot Recife, cuja programação teve início no último domingo (15) e foi sempre realizada no Cinema São Luiz, área central da capital pernambucana. Na ocasião, foram exibidos o até então inédito curta O Poeta Americano, de Lírio Ferreira, e o longa Democracia em Preto e Branco, de Pedro Asbeg. 

##RECOMENDA##

A última sessão do CINEFoot 2014 no Recife começou com um pouco de atraso, por volta das 20h, para que Lírio Ferreira pudesse participar do evento. Antes do curta O Poeta Americano ser projetado na telona, o diretor pernambucano deixou um recado. “Queria dedicar a sessão de hoje ao Ocupe Estelita. Infelizmente não pude estar aqui ontem (17), mas o movimento tem meu apoio”, declarou o diretor pernambucano, em referência ao que vem acontecendo em torno do Cais José Estelita ultimamente.   

Para Lírio Ferreira, que produziu um curta sobre a paixão do poeta João Cabral de Melo Neto pelo América Futebol Clube, é sempre uma honra voltar para o Recife e apresentar trabalhos no Cinema São Luiz. “É algo realmente emocionante. Foi muito legal me debater com essa história linda do João Cabral, essa paixão que ele levou até o fim da vida pelo América, o time dele do coração. Inclusive a última entrevista que o poeta deu antes de morrer só aconteceu porque foi sobre o clube América. Ele não queria mais falar sobre poesia”, revelou Lírio. O curta foi produzido pelo SescTV e cedido ao festival.

Segundo Antônio Leal, a presença do Recife no circuito do CINEFoot 2014 foi importante para o festival, tendo em vista a importância do cinema e do futebol local a nível nacional. "Isso nos estimula cada vez mais a seguir com essa proposta, que é única na América Latina", comemora o diretor do evento. 

Crianças de comunidades do Recife participam do CINEFoot

Fundado no dia 12 de abril de 1914, o América Futebol Clube estava representado pelo seu atual presidente, Celso Muniz Filho, que agradeceu a homenagem. “Eu tenho dito sempre que cem anos é uma data emblemática e nos dá uma responsabilidade maior. Queria agradecer e dizer a vocês que fazem o cinema acontecer que são todos lutadores. A gente sabe a dificuldade no Brasil de colocar essa arte pra frente”, comentou Celso Muniz. 

A programação do CINEFoot encerrou com o longa Democracia em Preto e Branco, sobre o lendário movimento surgido no Corinthians durante a redemocratização brasileira na década de 80. Dirigido por Pedro Asbeg, o filme foi vencedor nas etapas paulista e carioca do festival.

 

 

 

Como pode um carioca, e flamenguista doente como o diretor Pedro Asbeg, fazer um filme sobre a democracia corintiana? "Como nenhum diretor brasileiro quis fazer esse filme antes?", retruca Asbeg. Democracia em Preto e Branco é a atração de hoje do Festival Internacional de Documentários. Futebol, política e rock'n'roll.

O repórter conta para Asbeg - em dezembro de 2011, estava em Dubai, na première mundial de Missão Impossível 4. Naqueles dias, morreu o grande Sócrates. A Al-Jazira, emissora oficial do mundo árabe, dedicou-lhe um especial. E não foi só para falar do grande jogador. Embora o repórter não entendesse o que estava sendo dito, as imagens de manifestações de rua, clamando por diretas já, indicavam que a democracia corintiana, com certeza, contribuiu para a fama de Sócrates no mundo árabe.

##RECOMENDA##

Ao ouvir a história, Asbeg argumenta - "Está vendo? A democracia corintiana ultrapassa o futebol. E não é assunto só de paulista." Mas ele confessou que estava curiosíssimo para ver a reação do público paulistano a seu filme. No Rio, nas duas sessões de Democracia em Preto e Branco, foram muitos amigos do diretor. Ele recebeu abraços, cumprimentos. Mas não lotou nenhum Maracanã, no sentido metafórico. No Rio, só se o assunto estivesse ligado ao Mengão. Asbeg já colaborou na realização de outro notável documentário, Cidadão Boilesen, de Chaim Litewski.

A ditadura militar, e a resistência a ela, sempre o interessaram. Em 2010, aproveitando que estaria em São Paulo a trabalho, reuniu uma pequena equipe e fez as primeiras entrevistas para o atual documentário.

Quando os documentaristas dizem que nunca sabem o filme que vão conseguir fazer, estão dizendo a pura verdade. Em 2011, Asbeg voltou a São Paulo para mais entrevistas. Alargou o foco. E foi só ao misturar o futebol, a democracia corintiana, com o movimento das diretas e a música - a luta dos artistas por expressão - foi que ele descobriu o filme que queria fazer. A contextualização da democracia em preto e branco para olhar e entender o Brasil. Por isso, ele insiste - "Agradeço muito, mas não sei como nem por que ninguém fez esse filme."

Sócrates Brasileiro de Souza, o Dr. Sócrates, foi uma figura importantíssima nessa história toda. Mas o quadro não estaria completo sem os palanques que incluíam o Dr. Ulisses (Guimarães), Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso.

Nem com os músicos - Rita Lee, por sinal, faz a locução. Todo mundo já falou da lei das biografias. Asbeg soma sua voz. Diz que discutir direito de imagem e material de arquivo é complicado, mas os direitos das músicas são uma loucura. "Tanto faz que seja para um milionário comercial de carro ou um filme pequeno como o nosso, o valor é o mesmo, e alto." O importante é o resultado. Talvez a nação preto e branca vibre mais, mas vai ser difícil conter a emoção face ao Brasil, e ao futebol, que bate na tela do É Tudo Verdade. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando