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Após o acordo alcançado por quase 200 países no sábado em Glasgow, agora o mundo deve atuar de maneira mais rápida possível para reduzir as emissões de gases do efeito estufa e afastar o cenário de aquecimento global "catastrófico", advertem cientistas e e políticos.

Depois de duas semanas de negociações e que precisaram de um prazo extra, quase todas as nações do planeta concordaram com um compromisso para acelerar a luta contra o aumento da temperatura.

Mas, embora cada décimo de grau centígrado adicional tenha consequências importantes, as decisões do "Pacto de Glasgow" não resultarão em um aquecimento limitado a 1,5°C na comparação com a era pré-industrial, a meta mais ambiciosa do Acordo de Paris, que estabeleceu em 2015 as bases para a ação climática.

"A catástrofe climática continua batendo em nossas portas", advertiu o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres. "Mantivemos + 1,5°C ao nosso alcance (...) mas o pulso está fraco", declarou o presidente da COP26, o britânico Alok Sharma.

"As emissões mundiais devem diminuir, de forma imediata, rapidamente, com total urgência", pois continuam aumentando, implorou Joeri Rogelj, do Imperial College de Londres, antes de destacar que "ciência nunca esteve tão presente nas decisões de uma COP".

- Fechar as centrais de carvão -

Glasgow, berço da revolução industrial alimentada por carvão, será para sempre a cidade onde pela primeira vez no mais elevado nível, após 26 conferências, as palavras "combustíveis fósseis" e "carvão", que designam as principais causas do aquecimento global, foram condenadas em um documento.

"Isto acontece muito tarde, mas realmente é bem-vindo", afirmou Chris Littlecott, especialista em transição energética do grupo de especialistas E3G. "Em 2021 vimos o fechamento da torneira para o financiamento do carvão, a COP26 inaugurou um novo capítulo, o de acelerar o fechamento das centrais elétricas a carvão que ainda existem".

Incluir as palavras carvão e petróleo foi algo complicado. Índia e China conseguiram no último momento atenuar ainda mais a frase da resolução, que cita a "redução" e não "saída" do carvão, o que levou Alok Sharma, com lágrimas nos olhos, a pedir desculpas ao mundo.

A mudança da China aconteceu depois que o país anunciou na quarta-feira um acordo surpreendente com os Estados Unidos, o segundo maior emissor de gases do efeito estufa, atrás apenas do gigante asiático.

O presidente americano Joe Biden, que no início da COP criticou o colega chinês, Xi Jinping, por sua ausência em Glasgow, terá uma videoconferência com este na segunda-feira.

- "Sofrimentos indescritíveis" -

"Pequim deve, no futuro próximo, cumprir com as promessas do acordo climático de Glasgow e fixar uma data para acabar com o uso de carvão em seu território", de acordo com Byford Tsang, da E3G.

"A maneira como os países estabelecerão uma nova cooperação para alcançar ações mais rápidas nos próximos 12 meses será o verdadeiro teste de aprovação de Glasgow", resume a E3G, que também recorda outras promessas da COP26 a respeito da redução das emissões de metano - poderoso gás de efeito estufa -, do desmatamento ou financiamento das energias fósseis.

"Se todos os países, em particular aqueles que são grandes emissores, se limitarem às políticas de pequenos passos e 'business as usual', condenarão as atuais e futuras gerações a viver em um mundo de sofrimentos e danos indescritíveis", adverte a UCS (Union of Concerned Scientists).

Os sofrimentos já afetam os países mais pobres, que são os menos responsáveis pelo aquecimento global mas que estão na linha de frente em termos de impacto, e que batalharam em Glasgow para obter financiamento específico para tentar reparar suas "perdas e danos".

Estas nações finalmente cederam, de maneira relutante, e aceitaram prosseguir com o diálogo para que não perder os avanços obtidos na luta contra o aquecimento global.

"Sempre soubemos que Glasgow não era a linha de chegada", afirmou o enviado americano para o Clima, John Kerry.

Doze meses "separam" Escócia e Egito, onde acontecerá a 27ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre o Clima (COP27).

A reunião de líderes mundiais na COP26, realizada em Glasgow, Escócia, encerrou-se na última sexta-feira (12). No centro do debate, apelos pela urgência de medidas concretas para salvar o planeta da crise do clima. Pernambuco esteve presente no evento e se comprometeu em investir R$ 75 milhões para combater o efeito estufa e proteger o meio ambiente no Estado.

As projeções é que, gradualmente, Pernambuco consiga reduzir o efeito estufa em 2025, 2030 e 2050, sendo este o último prazo pensado para que as terras pernambucanas não tenham mais nenhuma emissão desses gases poluentes.

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O secretário Estadual do Meio Ambiente, José Antônio Bertotti, que esteve em Glasgow, conversou com o LeiaJá e revelou que desde 2010, Pernambuco se compromete com o enfrentamento às mudanças climáticas, se posicionando a favor da neutralidade da emissão de gases poluentes e do efeito estufa.

Segundo Bertotti, o Estado aprofundou suas políticas ambientais em 2020, com a eliminação da maioria dos lixões, estruturação do investimento nas energias solar e eólica, recuperação de bacias hidrográficas como o Capibaribe - contando com a participação das secretarias municipais.

"Montou-se uma programação para essa COP em Glasgow. O governador participou de uma série de eventos falando sobre como é a política de enfrentamento às mudanças climáticas e fez um anúncio, que é o maior anúncio em termos de políticas ambientais que a gente teve nos últimos anos", acentua o secretário.

São R$ 75 milhões em reflorestamento, na preservação de mil nascentes de rios e no tratamento de resíduos sólidos de 43 municípios. Bertotti garante que Pernambuco já vinha fazendo o dever de casa. "Antes da COP26, já tínhamos um edital para a construção de 36 viveiros de muda, cada um com capacidade de produzir 50 mil mudas por ano, que dá 1 milhão e 800 mil mudas de árvores nativas. Em novembro nós iniciamos o reflorestamento de seis áreas do Estado como Afogados da Ingazeira, Jatobá, Glória do Goitá e outras cidades", detalha.

Dos R$ 75 milhões anunciados por Paulo Câmara, R$ 48 milhões devem ser direcionados para a implantação do corredor ecológico da Área de Preservação Ambiental Aldeia-Beberibe, onde sete mil hectares de área devem ser recuperados.

"Essa recuperação é baseada nos corredores ecológicos construídos em 2019 pelo governo estadual, que representam dois mil hectares conectados de fragmentos da mata pernambucana", detalha o secretário.

R$ 12,5 milhões devem ser direcionados para o projeto de restauração das bacias hidrográficas e R$ 15 milhões para o tratamento de resíduos sólidos, que consistirá na instalação de galpões para a separação do material reciclável. 

Um dos pontos cruciais para o Governo de Pernambuco é a eliminação de 43 lixões que ainda existem no Estado e, claro, são de responsabilidade das prefeituras. No entanto, para que o governo estadual consiga ter êxito no que está sendo divulgado, é preciso trabalhar em conjunto com as prefeituras e eliminar, de vez, esses lixões que contribuem para o efeito estufa.

"Nós resolvemos apoiar na recuperação da área degradada que esses lixões fizeram, além da criação de 15 centros de tratamentos de resíduos para fazer o trabalho de separação dos lixos e a compostagem, em parceria com os municípios e cooperativas de catadores", pontua o secretário José Bertotti.

Um novo rascunho publicado neste sábado (13) na COP26, que atenua ainda mais os termos da versão anterior em busca de um acordo difícil, pede aos países que acelerem os esforços para eliminar progressivamente o uso do carvão e os subsídios "ineficazes" aos combustíveis fósseis.

A terceira tentativa de resolução, que foi divulgada após duas semanas de negociações intensas entre quase 200 países na cidade escocesa de Glasgow, não contém, no entanto, nenhuma referência ao financiamento específico das "perdas e danos", ou seja, os efeitos negativos já registrados pela mudança climática.

Esta é uma reivindicação crucial dos países em desenvolvimento e, segundo analistas, pode ser o ponto de bloqueio ou avanço de qualquer negociação.

Apesar das consequências que as nações pobres já enfrentam em consequência do aumento da temperatura global, este tema é especialmente controverso porque os governos de alguns países desenvolvidos, responsáveis pela grande maioria dos gases poluentes emitidos até o momento, temem que resultem em processos bilionários.

"O governo dos Estados Unidos tem que apoiar os mais vulneráveis na questão das perdas e danos. Não pode continuar evitando a questão. A União Europeia também não pode evitar. É razoável que estes países demandem mais apoio e financiamento quando os impactos climáticos os afetam tanto", declarou à AFP a diretora executiva do Greenpeace, Jennifer Morgan.

- Plenária atrasada -

Ao mesmo tempo, a menção no rascunho divulgado neste sábado aos combustíveis fósseis é ainda mais frágil que na versão anterior, que pedia aos países para "acelerar a eliminação progressiva do carvão" e não "acelerar os esforços para" a supressão, a menção atual.

O texto agora deve ser debatido pelos delegados, cansados após um longa noite de negociação, em uma sessão plenária que foi adiada em algumas horas, com a promessa de um final tardio para uma conferência que oficialmente deveria ter acabado na sexta-feira.

O rascunho, que pode ser alterado novamente, também pede o "reconhecimento da necessidade de apoio para uma transição justa", ou seja, como ajudar os países mais pobres que ainda dependem dos combustíveis fósseis para a descarbonização de suas economias.

Sem mudança na comparação com as versões anteriores, o texto pede mais velocidade nos planos nacionais de redução de emissões e a apresentação de novas metas no fim de 2022, três anos antes do previsto.

Desde o Acordo de Paris de 2015, o alarmismo cresceu e o mundo segue rumo a uma situação "catastrófica" caso não sejam adotadas medidas drásticas, insistem os cientistas.

O objetivo fixado em Paris há seis anos era que o aumento da temperatura média global não superasse +2 ºC, e de maneira ideal 1,5 ºC.

Para alcançar a meta é necessário elevar o nível de ambição, impor cortes mais intensos de gases do efeito estufa e planejar uma mudança radical do modelo energético.

- Combustíveis fósseis -

A forma como o documento final da COP26 mencionará os combustíveis de origem fóssil (petróleo, gás e carvão) será um indicador do nível de ambição da comunidade internacional.

Também estão sobre a mesa de negociações a maneira de contabilizar as emissões, as normas de transparência e de controle mútuo.

Além disso, a comunidade internacional deve dar um passo adiante nos chamados mercados de carbono, ou seja, a forma de negociar permissões de poluição, uma fórmula que provoca muitas críticas de ONGs e comunidades indígenas.

Mas é sobretudo o financiamento desta longa e incerta batalha que provoca mais discussões.

Os participantes nem sequer conseguiram regularizar os 100 bilhões de dólares por ano que supostamente deveriam ser recebidos pelos países vulneráveis desde 2020. E este valor era apenas uma base.

As nações em desenvolvimento desejam que o dinheiro que vão receber a partir de agora seja, em linhas gerais, distribuído em partes iguais para mitigar a mudança climática (reduzir as emissões de gases do efeito estufa) e adaptar-se aos efeitos (por exemplo com barragens, diques nas costas, etc).

Em uma primeira tentativa de acordo para intensificar o combate contra o aquecimento global, a COP26 pediu nesta quarta-feira (10) aos países que revisem suas metas de redução de emissões de carbono até o final de 2022, três anos antes do que o previsto

Este é apenas um primeiro rascunho da declaração final, que evoluirá de acordo com o avanço do trabalho dos ministros para a conclusão da conferência do clima no fim de semana, mas pede aos quase 200 países participantes para "revisar e fortalecer" os planos de descarbonização para o próximo ano.

O texto destaca que limitar o aquecimento a +1,5°C até o fim do século em comparação com a era pré-industrial "requer uma ação significativa e eficaz de todas as partes nesta década crítica".

De acordo com um mecanismo estabelecido em 2015, os países devem revisar suas metas a cada cinco anos: a próxima está prevista apenas para 2025.

Mas desde o início do encontro em Glasgow, as nações mais vulneráveis insistem na necessidade de que a revisão aconteça anualmente.

Os analistas consideram que a primeira versão do rascunho não atende plenamente nem os países ricos nem os pobres, o que, em termos diplomáticos, pode paradoxalmente significar que tem possibilidades de êxito.

- Pequenos avanços -

No Acordo de Paris de 2015, os países se comprometeram a atuar para limitar o aumento da temperatura média global a +2 ºC, mas de maneira ideal a +1,5 ºC.

Agora, a COP26, que acontece na cidade escocesa de Glasgow de 31 de outubro a 12 de novembro, deve estabelecer o que fazer para evitar as devastadoras catástrofes naturais representadas por cada décimo de grau adicional.

As emissões de gases do efeito estufa desde a Revolução Industrial já provocaram um aumento da temperatura de +1,1 ºC e suas caóticas consequências, incluindo secas, inundações e o aumento do nível do mar, devem ser agravadas e provocar o surgimento de milhões de refugiados climáticos, alertam os especialistas.

Os compromissos até 2030 com o qual os países chegaram a Glasgow deixavam a Terra no rumo de um aquecimento de +2,7 ºC.

Ou, na melhor das hipóteses, de +2,2 ºC, supondo que todas as promessas de alcançar a neutralidade de carbono até 2050 sejam cumpridas, o que implica ações para captar gases da atmosfera como o reflorestamento.

Em sua primeira semana, Glasgow registrou uma série de anúncios importantes.

Países como Brasil, Argentina e Índia reforçaram os objetivos de reduções de emissões.

Mais de 100 chefes de Estado e de Governo se comprometeram a cessar o desmatamento até 2030, e o mesmo número a emitir 30% a menos de metano, gás que tem efeito estufa 80 vezes maior que o CO2.

Porém, na terça-feira o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) atualizou a estimativa ao somar todas as novas promessas e determinou que o planeta segue rumo a +2,7 °C, ou no máximo +2,1 °C.

- "Cruzar os dedos" -

No que alguns negociadores chamaram de "primeira menção significativa" aos combustíveis que provocam o aquecimento global, o projeto de texto também pede aos países que "acelerem a eliminação do carvão e dos subsídios aos combustíveis fósseis".

Isto é importante quando se recorda que nas conferências anteriores o uso de carvão ou hidrocarbonetos não foi mencionada nas declarações finais, que se concentram na redução das emissões.

Mas para Jennifer Morgan, diretora executiva do Greenpeace International, "este projeto de acordo não é um plano para resolver a crise climática, é um acordo para que todos cruzem os dedos e esperem o melhor".

"É um pedido educado para que os países talvez, possivelmente, façam mais no próximo ano", afirmou.

Mohamed Adow, diretor do grupo ambientalista Powershift Africa, lamentou que o texto atenda "muito pouco" das demandas dos países vulneráveis em termos de ajuda para adaptação à mudança climática e para enfrentar as perdas e danos já sofridos.

Grande reclamação dos países em desenvolvimento, "nem sequer menciona o prazo para a entrega dos 100 bilhões de dólares de financiamento", destacou, em referência a uma promessa de ajuda anual feita em 2009, mas que em 2021 ainda não foi cumprida.

O governador Paulo Câmara (PSB) anunciou, neste domingo (7), um investimento de R$ 75 milhões em ações ambientais em Pernambuco. O anúncio do pacote de ações foi realizado durante discurso do governador na Assembleia Geral da Under 2 Coalition, na COP26, em Glasgow.

O investimento será direcionado para reflorestamento, preservação de mil nascentes de rios e no tratamento de resíduos sólidos de 43 municípios. Paulo Câmara também assinou um compromisso pela neutralidade do carbono, reafirmando a meta de zerar as emissões no estado até 2050.

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"Não viemos aqui apenas para reafirmar promessas, nem para apontar as contradições daqueles que não respeitam a natureza. Estamos fazendo a nossa parte e, por isso, anuncio hoje o maior aporte de recursos para a agenda da sustentabilidade em Pernambuco. Vamos investir R$ 75 milhões no reflorestamento da nossa principal área de Mata Atlântica, a APA Aldeia-Beberibe, na recuperação de mil nascentes de rios em 50 municípios e no tratamento de resíduos sólidos em 43 cidades, que não contam com aterros sanitários", disse o governador.

Para o projeto de restauração de bacias hidrográficas serão investidos R$ 12,5 milhões. A implantação do corredor ecológico da Área de Preservação Ambiental Aldeia-Beberibe vai mobilizar R$ 48 milhões. Já o tratamento de resíduos sólidos consistirá na instalação de galpões para separação do material reciclável, com estimativa de custo de R$ 15 milhões.

Segundo o Governo de Pernambuco, além das ações anunciadas durante o evento, está sendo finalizado o 1º Inventário de Emissão de Gases de Efeito Estufa e o Plano Estadual de Descarbonização. A Under 2 Coalition reúne líderes de mais de 60 países.

Com informações da assessoria.

"Não éramos bem-vindos, mas isso mudou", dizem. Impulsionados pela crise climática, os defensores da energia nuclear, a começar pelo chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), vieram promover seus méritos na COP26, em Glasgow.

"Esta COP é talvez a primeira em que a energia nuclear tem lugar na mesa de negociações, é levada em consideração e pode falar sem o fardo ideológico que existia antes", comentou à AFP o argentino Rafael Mariano Grossi, diretor-geral da AIEA.

Nos anos após o acidente nuclear de 2011 na usina japonesa de Fukushima, houve uma relutância crescente, mas agora "a situação mudou", garante.

No contexto das mudanças climáticas, ganha importância o argumento sobre suas baixas emissões de CO2, principalmente ligadas à extração de urânio e concreto para as usinas.

"A energia nuclear é parte da solução para o aquecimento global. Não é uma panaceia, pode não ser para todos, mas já fornece mais de 25% da energia limpa".

"Sem ela, não teremos sucesso", defende Grossi, defensor da causa desde que assumiu o cargo, em dezembro de 2019.

"A minha primeira COP foi em Madri", no final daquele ano, lembra. "Fui lá apesar da ideia difundida de que a energia nuclear não seria bem-vinda. Agora até desperta muito interesse", acrescenta.

- Reatores centenários -

Em Glasgow, reuniu-se com ministros e outras autoridades, explicando que essas tecnologias podem substituir os combustíveis fósseis.

O átomo acarreta grandes riscos: acidentes, armazenamento complicado e tratamento de lixo altamente radioativo por milhares de anos, custos elevados... argumentos que mobilizam várias ONGs.

Mas Grossi defende que as críticas são exageradas.

"Você tem que ver os fatos", diz. "Na França ela representa mais de 70% (da eletricidade), nos Estados Unidos 20%, na Rússia o mesmo... A energia nuclear nunca para, ela complementa outras fontes, inclusive as renováveis", argumenta.

Em sua opinião, "os acidentes são raros, se olhar as estatísticas em termos de consequências, bem abaixo do que outras fontes de energia".

Mas será que novos reatores podem ser implantados com rapidez suficiente para reagir às mudanças climáticas? O argentino defende que "temos que começar preservando os existentes".

Mas quanto tempo podem durar? "Estamos vendo usinas planejadas para 60 anos com os mais rígidos padrões aplicados pelos reguladores nacionais e supervisionados pela AIEA", afirma.

Nos corredores da COP26, ativistas da "Nuclear for Climate" - alguns deles profissionais do setor - se fazem ouvir.

"Vamos falar de energia nuclear!", diz a camiseta de Callum Thomas, um observador britânico nas negociações em nome do Fórum Industrial Atômico do Japão.

"Muitos veem os preços do gás quadruplicar e a viabilidade da energia nuclear aumentar", destaca.

- Para todos? -

O mundo está tão atrasado em seus objetivos climáticos e na transição energética para eliminar os hidrocarbonetos que o argumento nuclear pode ser muito poderoso. Alguns cientistas o defendem.

Na maioria dos cenários do Painel Intergovernamental da ONU sobre Mudanças Climáticas (IPCC) para limitar o aquecimento a +1,5°C, a proporção da energia nuclear aumentou, embora também alertem que sua implantação "pode ser limitada pelas preferências da sociedade".

Os países estão divididos. A Alemanha se opõe enquanto a França o defende, a China tem o maior número de reatores do mundo e a União Europeia debate se deve incluí-lo em sua classificação de investimentos "sustentáveis".

Muitas instituições também não financiam projetos nucleares, como o Banco Mundial, recentemente visitado por Grossi.

Na COP26, "os países em desenvolvimento, em particular, vieram nos pedir ajuda", afirma.

"Os países veem as pequenas unidades como uma alternativa interessante, envolvendo centenas de milhões (de dólares) e não bilhões", explica ele, propondo também "programas em etapas" para acompanhar os recém-chegados.

Canadá e Estados Unidos já desenvolvem pequenos reatores modulares, ou SMR por sua sigla em inglês, embora até agora apenas a Rússia tenha aberto uma central flutuante com essa tecnologia.

O vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) já havia previsto que 'jogariam pedra' em Jair Bolsonaro (sem partido) se ele fosse à 26ª Conferência sobre Mudanças Climáticas (COP26) da Organização das Nações Unidas (ONU), na Escócia. A falta do presidente abasteceu os protestos das mais de 1,5 mil ONGs nas ruas de Glasgow, que premiaram o presidente do Brasil como "Fóssil da Semana", pelo tratamento "horrível e inaceitável" aos indígenas.

Acorrentado junto com outros líderes mundiais, uma figura grotesca de Bolsonaro desfilou nos arredores da COP26 para denunciar o que os defensores do meio ambiente consideram como uma postura destrutiva do governo brasileiro.

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Ataques de representantes do Governo 

O duro discurso da jovem ativista indígena Txai Suruí diante dos chefes de Estado foi valorizado pelo teor crítico das alterações climáticas no Brasil. No entanto, ela foi publicamente rechaçada por Bolsonaro, que entendeu a denúncia como um ataque ao Brasil.

De acordo com o Climate Action Network, instituição que lidera o grupo de ONGs, Suruí também chegou a ser intimidada por um representante do Ministério do Meio Ambiente, que teria dito que ela "não deveria esmagar o Brasil". Na mesma semana, outro integrante da comitiva brasileira com lobby no agronegócio foi detido por seguranças da Conferência ao tentar intimidar mulheres indígenas.

"Tal comportamento desprezível está bem documentado no Brasil; invasões de terras indígenas dispararam; a mineração de ouro de gatos selvagens está poluindo os cursos d'água, a intimidação é generalizada e eles têm um vice-presidente que justificou negar a água doce às aldeias atingidas por Covid porque 'os índios bebem dos rios'", acrescenta o Climate Action.

A ausência do presidente pode ter sido proveitosa

Para o grupo, o desleixo de Bolsonaro com a COP26 foi benéfico porque impulsionou que "os diplomatas do país viessem prontos para se comprometer e até mesmo assinar acordos sobre metano e florestas".

Ao invés de comparecer à reunião, o brasileiro optou em um passeio turístico na Itália sob a justificativa de visitar a terra de seus antepassados. No país, aproveitou para se encontrar um líder da extrema-direita.

A esperança dos ambientalista é que a atenção às pautas sobre a Natureza seja realinhada com uma eventual derrota de Bolsonaro nas eleições, que abriria espaço para "políticas progressistas para salvaguardar a terra e os direitos dos povos indígenas e proteger o que resta das florestas tropicais".

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, acusou nesta terça-feira (2) a China de virar as costas ao "gigantesco" problema das mudanças climáticas na COP26, marcada por uma grande promessa global de produzir menos metano que não inclui o maior emissor mundial.

No terceiro dia da conferência do clima da ONU, os líderes de uma centena de países, convidados a participar com a esperança de que sua presença impulsione o diálogo, decidiram reduzir em 30% suas emissões de metano no final desta década.

Mas isso não inclui China, Rússia e Índia, três dos cinco maiores emissores do planeta. E os presidentes dos dois primeiros países, Xi Jinping e Vladimir Putin, que antes haviam evitado a cúpula do G20 em Roma, nem mesmo viajaram para a cidade escocesa de Glasgow.

"Acho que foi um grande erro, francamente, que a China não apareceu", disse Biden em coletiva de imprensa, acusando-o de "virar as costas" ao "gigantesco" problema que o planeta enfrenta.

- Iniciativa sobre o metano -

O metano tem um efeito estufa 80 vezes mais potente do que o CO2. Suas fontes, como as minas de carvão a céu aberto e o gado, receberam relativamente pouca atenção até agora.

“É um dos gases que podemos reduzir mais rapidamente”, sublinhou a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, lembrando que é responsável por “cerca de 30%” do aquecimento global acumulado desde a revolução industrial.

O compromisso foi assinado por 100 países, liderados por Estados Unidos e os da União Europeia. Apesar da inclusão de grandes produtores de carne como Brasil e Argentina, representam pouco mais de 40% das emissões mundiais de metano.

"O anúncio de hoje não alcança a redução de 45% que, segundo a ONU, é necessária para manter o aquecimento global abaixo de 1,5 ºC", lamentou Murray Worthy, responsável pela ONG Global Witness.

A Argentina juntou-se à promessa, enfatizando "o princípio de responsabilidades comuns, mas diferenciadas" entre países desenvolvidos - responsáveis pela imensa maioria das emissões do último século - e países em desenvolvimento.

"A contribuição da nossa agrobioindústria para a segurança alimentar mundial não deve ser excluída das negociações climáticas para não gerar novas formas de protecionismo", defendeu o presidente argentino, Alberto Fernández.

Ele pediu que o pagamento de parte de sua enorme dívida externa seja vinculado "aos investimentos imprescindíveis em infraestrutura verde que a Argentina precisa".

- Negociações complicadas -

Cancelada no ano passado por causa da pandemia, a COP26 tem como missão desenvolver o Acordo de Paris de 2015, que tem como principal objetivo limitar o aquecimento global a +1,5 ºC. No entanto, as negociações são anunciadas complicadas.

"Ainda resta um longo caminho a percorrer", alertou o primeiro-ministro britânico e anfitrião da conferência, Boris Johnson, declarando-se "prudentemente otimista" quando os líderes começam a deixar Glasgow e passam o bastão para os negociadores.

Buscando dar impulso, os chefes de Estado e de governo não só prometeram emitir menos gases, mas também absorver mais, freando e revertendo o desmatamento e a degradação do solo em 2030.

O primeiro consistiu na promessa de deter e reverter o desmatamento e a degradação do solo em 2030.

"Nossas florestas são a forma que a natureza captura carbono, retirando CO2 de nossa atmosfera", declarou Biden.

"Temos que enfrentar essa questão (do desmatamento) com a mesma seriedade da descarbonização de nossas economias", acrescentou.

Segundo a ONG Global Forest Watch, somente em 2020 a destruição de florestas primárias aumentou 12% em relação ao ano anterior - apesar da desaceleração econômica devido à pandemia - e o Brasil, berço da maior floresta tropical do planeta, teve 9,5% de aumento nas emissões de gases de efeito estufa.

Os mais de 100 países que assinaram a iniciativa representam 85% das florestas do mundo.

As medidas incluem apoiar atividades em países em desenvolvimento, como a restauração de terras degradadas, o combate a incêndios florestais e a defesa dos direitos das comunidades indígenas.

E serão apoiadas por um fundo de US$ 12 bilhões de dinheiro público financiado por 12 países entre 2021 e 2025, além de US$ 7,2 bilhões de investimento privado de mais de 30 instituições financeiras globais.

"É muito importante ser neutro em carbono, mas também é muito importante ser positivo com a natureza", disse o presidente da Colômbia, Iván Duque, durante o evento, cujo país é 52% ocupado por floresta tropical e 35% por terras amazônicas e que prometeu declarar 30% de seu território como área protegida em 2022.

Duque antecipou a promessa em oito anos com relação ao previsto, "porque temos que agir agora", afirmou.

Grupos ambientalistas denunciaram o fim do desmatamento em 2030 como tarde demais e o Greenpeace chamou de "luz verde para mais uma década de destruição florestal".

O governador de São Paulo, João Doria, afirmou nesta segunda-feira (1º) que a presença do presidente Jair Bolsonaro na COP26 seria "absolutamente inútil".

A declaração foi dada durante uma coletiva de imprensa em Glasgow, no Reino Unido, que recebe a 26ª cúpula climática da ONU até 12 de novembro.

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Apesar de ter viajado a Roma para a reunião do G20, Bolsonaro decidiu não ir a Glasgow e preferiu passar o dia visitando a cidade de seus antepassados na Itália.

"Seria uma presença inútil, essa é a realidade, uma presença absolutamente inútil. Não contribuiria para nada, exceto para convulsionar ainda mais o ambiente da cúpula do clima", declarou Doria.

Segundo o governador de São Paulo, o Brasil já chega em uma circunstância negativa para a COP26 mesmo sem o presidente.

"Imagine com a presença do presidente Jair Bolsonaro. Seria a conflagração absoluta de protestos de toda ordem, não só de ambientalistas, mas também de governos que refutam esse posicionamento de descompromisso ambiental", acrescentou.

Doria foi a Glasgow para apresentar projetos ambientais de São Paulo, como a despoluição do Rio Pinheiros, que o governador promete entregar até o fim de 2022, e um investimento de R$ 100 milhões para a Amazônia.

Já a delegação do governo federal é liderada pelo ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, que prometeu reduzir as emissões de gases do efeito estufa em 50% até 2030 e atingir a neutralidade de carbono até 2050, mas não explicou qual será a base de cálculo.

Ou seja, dependendo de qual for a referência adotada, o Brasil pode até chegar em 2030 poluindo mais do que havia prometido na assinatura do Acordo de Paris, em 2015.

Da Ansa

Sob uma chuva fina, um grupo de ativistas climáticos americanos lança bombas de fumaça em Glasgow, cidade escocesa palco de uma COP26 crucial para o futuro do planeta que se prepara para receber líderes e manifestantes de todo o mundo.

A crescente nuvem de fumaça é direcionada aos chefes de Estado e de Governo que são esperados na cúpula da ONU, que começa no domingo (31).

Os manifestantes vão aumentar à medida que os delegados desembarquem em Glasgow, uma cidade que ainda tenta recuperar a normalidade após o confinamento imposto pela pandemia do coronavírus.

"Estou muito orgulhosa que a COP esteja sendo realizada em Glasgow", diz Isabelle Barkley, uma moradora que caminha calmamente em direção aos manifestantes na George Square, no centro.

Nesta praça, Barkley viu Nelson Mandela passar ao longo dos anos, bem como inúmeros comícios pela independência escocesa e protestos do movimento Black lives Matters.

Nas próximas duas semanas, a praça será o ponto de encontro de ativistas do clima. De acordo com os organizadores, espera-se que até 100.000 pessoas participem de uma grande manifestação a ser organizada em 5 de novembro.

"Temos que ser positivos, lembrar que todos podemos fazer alguma coisa. Comer menos carne, comprar menos plástico", ressalta Barkley.

A chuva esvaziou a cidade, onde mais de 100 líderes são esperados, incluindo o presidente dos EUA, Joe Biden.

Como um lembrete de que a ameaça já existe, muitas ruas do centro estão inundadas.

Quanto às medidas de segurança, a polícia bloqueou um grande perímetro ao redor do Scottish Campus Event, que sediará o evento, próximo às margens do rio Clyde, dificultando o dia a dia dos moradores.

Muitos estão preocupados que o evento levará a um aumento nos casos de covid-19, num momento em que o Reino Unido enfrenta uma das taxas de infecção mais altas do mundo.

Segundo Devi Sridhar, professora de Saúde Pública da Universidade de Edimburgo, integrante do grupo encarregado de assessorar o governo escocês sobre o coronavírus, a cúpula, que deve receber 25 mil delegados de 200 países, ocorre no pior momento.

Sridhar acredita que pode levar a um novo pico e o retorno das restrições.

- "Um fracasso e uma mentira" -

"Posso estar errado, e espero que sim", mas "um grande evento com pessoas indo e vindo com um vírus contagioso levará a um aumento de casos", tuitou a professora.

O agravamento da epidemia "pesará sobre o serviço de saúde" e "exigirá mais restrições", disse Sridhar.

Shaun Clerkin, um residente de Glasgow, que observa os manifestantes americanos lançando bombas de fumaça, espera o pior.

"Para ser sincero, acredito que a COP26 será um fracasso e uma mentira", opina o cidadão, de 60 anos, que acredita que os organizadores estão invadindo a vida dos habitantes, isolando os visitantes dos problemas sociais muito reais da cidade.

"Temos pessoas sem-teto em nossas ruas", diz, "que vivem em alojamentos temporários e hotéis, em instalações precárias", acrescenta.

"Mas, no final das contas, o município quer esconder os sem-teto e os pobres dos delegados da conferência", lamenta Clerkin.

Mas para os ativistas na George Square, há apenas uma luta que importa.

"O resultado da COP26 em Glasgow é nada menos do que vida ou morte para as pessoas ao redor do mundo", disse Andrew Nazdin, o organizador do protesto.

"Precisamos que os líderes de todo o mundo se mobilizem", comenta o homem de 33 anos.

De acordo com Nazdin, os chefes de Estado e de Governo têm uma oportunidade de ouro para agir e os manifestantes estarão lá para lembrá-los.

Os líderes das 20 maiores economias do planeta iniciaram, neste sábado (30), em Roma, sua primeira cúpula presencial desde o surgimento do coronavírus, sob pressão por um forte sinal contra o aquecimento global às vésperas da COP26 em Glasgow.

"Ainda temos tempo para colocar as coisas de volta nos trilhos e esta reunião do G20 é uma oportunidade", declarou ontem o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, alertando para o "sério risco" de um fracasso da conferência que será realizada na Escócia.

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Esta manhã, os líderes mundiais começaram a chegar ao centro de congressos onde acontece o encontro dos líderes das 20 nações, e foram recebidos pelo primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, para a cúpula que começou formalmente ao meio-dia.

Entre os presentes no bairro idealizado pelo ditador Benito Mussolini no início do século XX, está o presidente argentino Alberto Fernández, que se reunirá à tarde com Kristalina Georgieva, diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI) em plena renegociação da dívida.

"Se ainda não concluímos um acordo [com o FMI] é porque não vamos nos ajoelhar", disse Fernández, que, junto com o brasileiro Jair Bolsonaro, são os únicos líderes da América Latina em Roma, na ausência do mexicano Andrés Manuel López Obrador.

AMLO não é o único. O presidente chinês Xi Jinping, o russo Vladimir Putin e o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, participam por videoconferência do encontro com os líderes dos Estados Unidos, Europa e Índia, entre outros.

Para garantir a segurança e face às diversas manifestações convocadas para este sábado (sindicatos, extrema-esquerda, Fridays for Future), foram mobilizados 5 mil membros das forças da ordem e helicópteros e drones sobrevoam a capital italiana.

- Aumentar a ambição climática? -

O clima será o protagoniza da pauta da cúpula do G20, que acontece até domingo (31) na Cidade Eterna e que também tratará do combate à covid-19, embora as discussões sejam mantidas abertas.

"Existem dois debates paralelos: Devemos aumentar a nossa ambição comum ao nível do G20, reforçando os objetivos da neutralidade climática (...)? E quais são os objetivos concretos?", afirmou o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, comentou no caminho para o G20 que não vão impedir "a mudança climática, nem em Roma nem na reunião da COP" em Glasgow. "O máximo que podemos esperar é desacelerar o aumento" das temperaturas.

Em Paris, em 2015, a comunidade internacional se comprometeu a se esforçar para limitar o aquecimento global a +1,5°C em comparação com a era pré-industrial e, na Escócia, deve agora definir o cronograma de ações de médio prazo, como a redução das emissões de gases poluentes.

Apesar das expectativas, não são esperados grandes avanços nos temas do encontro, além da ratificação pelos líderes do pacto alcançado há semanas para a aplicação de um imposto corporativo mundial de 15% a partir de 2023.

- 133 contra 4 -

Os efeitos devastadores do coronavírus também estarão no cardápio da reunião deste fim de semana em Roma, assim como a dívida dos países mais pobres, que exigem, por sua vez, que os países desenvolvidos parem de acumular as vacinas anticovid.

"Nos países de alta renda, 133 doses da vacina anticovid foram administradas para cada 100 pessoas, enquanto nos países de baixa renda 4 doses foram administradas para cada 100", denunciaram várias organizações da ONU na sexta-feira, incluindo a da Saúde (OMS).

No início de setembro, o mecanismo de financiamento internacional Covax, promovido pela OMS entre outros, revisou para baixo suas projeções de doses em 2021, para 1,4 bilhão. A meta inicial de 2 bilhões deve agora ser alcançada no primeiro trimestre de 2022.

Depois de uma prévia da sexta-feira marcada pela diplomacia do papa Francisco e do primeiro encontro presencial entre os presidentes dos Estados Unidos, Joe Biden, e da França, Emmanuel Macron, após a crise dos submarinos, os encontros bilaterais continuam.

O pontífice argentino se encontrou pela primeira vez neste sábado com o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, que o convidou a visitar seu país, em um momento de crescente violência contra as minorias religiosas neste país de maioria hindu.

Os líderes das potências europeias que participaram do acordo nuclear com o Irã em 2015 - França, Reino Unido e Alemanha - devem tratar de sua reativação com Biden. No domingo, Macron e Johnson devem abordar a crise da pesca no Canal da Mancha.

O presidente Jair Bolsonaro desembarcou em Roma nesta sexta-feira (29) para a cúpula de líderes do G20 na capital italiana.

A reunião acontece em 30 e 31 de outubro e deve discutir questões como a crise climática e a recuperação econômica pós-pandemia.

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Além de participar do G20, Bolsonaro receberá a cidadania honorária de Anguillara Veneta, no norte da Itália, em 1º de novembro, dia para o qual já estão programados protestos de grupos contrários à homenagem.

Já na terça (2), o presidente visitará Pistoia, cidade da Toscana que abriga um monumento em homenagem aos soldados brasileiros mortos na Segunda Guerra Mundial.

Por causa desses compromissos, Bolsonaro não deve participar da cúpula climática da ONU, a COP26, em Glasgow. O evento acontece entre 31 de outubro e 12 de novembro.

Também não está previsto nenhum encontro com o papa Francisco, apesar de líderes geralmente aproveitarem visitas a Roma para se reunir com o pontífice.
    Ainda nesta sexta, no entanto, Bolsonaro terá uma breve audiência com o presidente da Itália, Sergio Mattarella.

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Da Ansa

Em mensagem divulgada nesta sexta-feira (29) antes da cúpula sobre mudança climática COP26, o papa Francisco afirmou que os líderes mundiais devem responder de maneira urgente à "crise ecológica" do planeta.

"Os tomadores de decisões políticas que vão se reunir na COP26, em Glasgow, são chamados com urgência para fornecer respostas eficazes à crise ecológica atual", disse o papa em uma mensagem transmitida pela rádio BBC e traduzida do italiano.

O pontífice disse que isso "dará esperanças concretas às gerações futuras" e enfatizou que todas as pessoas podem participar "da mudança da nossa resposta coletiva à ameaça sem precedentes da mudança climática e da degradação da nossa casa comum".

No início deste mês, Francisco se somou a quase 40 líderes religiosos em um apelo aos chefes de Estado e de Governo que participarão da COP26 para pedir uma "ação urgente, radical e responsável" para reduzir drasticamente os gases do efeito estufa.

O papa, de 84 anos, não participará das reuniões cruciais destinadas a combater a emergência climática. Em seu lugar, o Vaticano enviará uma delegação chefiada por seu secretário de Estado, cardeal Pietro Parolin.

O pontífice argentino reúne-se, no entanto, com vários líderes mundiais, por ocasião da cúpula do G20 em Roma, pouco antes da COP26.

Nesta sexta, o sumo pontífice terá audiências com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, um católico praticante, e com o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in. No dia seguinte, encontra-se pela primeira vez com o presidente indiano, Narendra Modi.

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