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Um ano após a morte do ativista, cantor e compositor Guitinho da Xambá, o festival 'ASE – Aproximar, Significar, Empoderar', organizado pela Feira Quilombar de Arte Negra, dedica sua sétima edição a homenageá-lo. As atividades do evento ‘O chão do meu terreiro – Homenagem a Guitinho da Xambá’ acontecem neste domingo (06), das 13h às 22h, na comunidade da Xambá, em Olinda; com exposição de produtos, formação pedagógica e espetáculos artísticos. A programação é gratuita. 

Os visitantes do festival poderão participar de atividades formativas, como oficinas de percussão, de turbantes e de Abayomi. Haverá também a tradicional feira de arte negra, a gira de conversa (intervenção de abertura do Grupo Ori) com Pai Ivo de Xambá, Ana Benedita, Edson Axé e mediação de Negra Dany e o Leilão em Chamas. Já os shows ficam por conta dos grupos Coco dos Pretos,  Bongar, com participação de Pirão Bateu, e Afoxé Retrô. Ainda será realizada uma homenagem a Guitinho da Xambá e um cortejo de encerramento.

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O ASE conta com coordenação geral de Thúlio Xambá, coordenação pedagógica de Negra Dany, coordenação musical de Madson Silva, produção executiva de Jamesson Santos e produção de Nina Meneses. Todas as atividades são gratuitas mas é possível ajudar o coletivo com contribuição voluntária de produtos de limpeza e doações via PIX para manutenção do Centro Cultural Grupo Bongar. 

Guitinho da Xambá

Cleyton José da Silva, o Guitinho da Xambá, foi um nome importante na disseminação e manutenção da cultura popular pernambucana e das tradições da comunidade quilombola da Xambá. Ele foi um dos fundadores do grupo musical Bongar com o qual lançou e produziu cinco discos e um DVD. Além disso, Guitinho também se dedicava ao Centro Cultural Grupo Bongar, que desenvolve diversas atividades culturais e formativas para a população, em especial, crianças e jovens. Ele morreu no dia 18 de fevereiro, em decorrência de um  acidente vascular cerebral (AVC).

Serviço

7º Festival ASE

Domingo (06) - 13h às 22h

Rua Severina Paraiso da Silva, 5330, São Benedito, Olinda/PE (comunidade Xambá)

Gratuito

Confira a programação completa

Domingo (06)

13h: Abertura dos portões

13h: Feira de arte negra; Oficina de amarração turbantes (com Negra Dany); Oficina confecção de Abayomi (com Gilberto Saad);  

14h30: Oficina de percussão (com Madson Silva)

15h30: Grupo Orí

16h: Gira de conversa com Pai Ivo de Xambá, Ana Benedita, Edson Axé (mediação: Negra Dany)

17h40: Leilão em Chamas

18h: Coco dos Pretos

19h: Grupo Bongar com participação do Pirão Bateu

20h30: Afoxé Retrô

22h: Cortejo de encerramento 

A chegada da pandemia do novo coronavírus trouxe para a sociedade brasileira um novo hábito: o uso de máscaras individuais. Esses equipamentos são uma das formas mais eficazes de proteção contra o vírus, porém, nem todos têm fácil acesso a eles, a exemplo de moradores de comunidades carentes e pessoas em situação de vulnerabilidade social. 

Em Olinda, a comunidade Xambá, do quilombo urbano do Portão do Gelo, driblou essa dificuldade com a ajuda do projeto Máscara para Proteção - Unidos Contra Covid-19, idealizado pelos irmãos grafiteiros de São Paulo, Gustavo e Otávio Pandolfo, mais conhecidos como Os Gêmeos. O projeto tem distribuído máscaras com uma estampa exclusiva, criada pelos artistas, por todo o país de forma gratuita, e a comunidade olindense foi o primeiro lugar em Pernambuco contemplado pela ação. 

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Guitinho da Xambá, coordenador do Centro Cultural Grupo Bongar e membro do Coordenador do Centro Cultural Grupo Bongar e membro do Quilombo do Portão do Gelo da Nação Xambá foi quem soube do projeto através da televisão e procurou meios de trazê-lo para sua comunidade. Através do músico pernambucano Siba, que já desenvolveu trabalhos com Os Gêmeos, Guitinho conseguiu chegar até eles. A comunidade recebeu três mil máscaras que já estão sendo distribuídas entre seus moradores.

Guitinho da Xambá, coordenador do Centro Cultural Grupo Bongar. Foto: Arhur Souza/LeiaJáImagens

Apesar de não ter vivenciado nenhum caso de Covid-19, a comunidade de Xambá vem sofrendo com reflexos do coronavírus. “A Pandemia veio escancarar o que já existia. A gente sempre teve dificuldades, como uma comunidade periférica, na questão sanitária. Antes da pandemia eu sentei com o prefeito e tinha dado um alerta a ele pela questão do Rio beberibe, aí eles vieram e dragaram o rio mas aprece que eu tava adivinhando, depois de 15 dias deu uma chuva braba que inundou tudo. E agora caíram na real, pra poder a gente ter o mínimo de saneamento básico na comunidade. Nesse momento, as máscaras são fundamentais, até porque a gente não sabe até quando vai ficar usando elas.”, diz Guitinho. 

O coordenador do centro Cultural Bongar conta que, a princípio, a comunidade - assim como tantas pessoas ao redor do país - desconfiou um pouco do real perigo do coronavírus mas, com o passar do tempo e a chegada das notícias de altos números de casos e mortos, o “medo” foi batendo. “A gente tem um núcleo religioso, às vezes as pessoas acreditam tanto nas divindades e esquecem de se proteger. ‘Meu santo, meu orixá protege, aqui a gente tem fé’ (dizem), mas a gente foi vendo a coisa crescendo aí eu acho que houve uma aceitação e as pessoa começaram a aderir (no uso da máscara e álcool em gel). Guitinho acredita que a chegada das máscaras personalizadas pelos Gêmeos vai aumentar ainda mais a vontade da comunidade em se proteger. “A onda é de ser uma máscara grafitada, vindo de uma figura que muitos deles os  tem como referência, então é bacana”. 

Além do projeto com Os Gêmeos, a comunidade de Xambá tem contado com a solidariedade de outras pessoas. Como o Consórcio Grande Recife e o mùsico Jerimum de Olinda, que ajudaram com doações também de máscaras e de cestas básicas. Daqui pra frente, os planos são realizar oficinas e apresentações online, para recuperar a renda perdida pelos moradores do Portão do Gelo. Além disso, também é feito um passeio virtual pelo quilombo urbano e estão programadas oficinas com os músicos do grupo jovem Pirão Bateu. “São formas que a gente encontrou pra poder gerar a renda que foi perdida”, diz Guitinho. 

Nena, Carmelita, Glória Maria e Maria do Carmo, senhoras yabás da Xambá. Foto: Arthur Souza/LeiaJáImagens

Arte como ferramenta de prevenção

Ícones do grafite nacional, e reconhecidos em todo o mundo por seu trabalho, os irmãos Otávio e Gustavo Pandolfo, conhecidos artisticamente como Os Gêmeos, estavam montando uma exposição na Pinacoteca de São Paulo, em março deste ano, quando foram surpreendidos pela chegada da pandemia. “A gente teve que parar, ir pra casa e ficar em quarentena. Em contato com a Pinacoteca, com o Yohan, o diretor, e o Paulo, a gente teve essa ideia de fazer as máscaras para não ficarmos parados e continuarmos com algum projeto na área social”, disseram em entrevista exclusiva ao LeiaJá.

Para o projeto, os artistas conseguiram o apoio da própria Pinacoteca, da indústria têxtil Rosset - que se responsabilizou pela a produção e confecção, além da  impressão da estampa -, e com a Gol Linhas Aéreas, que tem feito o transporte das peças para o Norte e Nordeste do Brasil. Ao todo, foram produzidas 100 mil máscaras que começaram a ser distribuídas na Amazônia, em comunidades ribeirinhas e aldeias indígenas. “Foi nosso foco maior. Porque a gente sabe que os recursos dificilmente chegam nesses lugares, são desviados realmente, então a gente quis fazer pensando neles. Temos amigos e ONGs que nos ajudaram a chegar nessas pessoas”. Os Gêmeos também têm atuado em outros projetos sociais durante a pandemia, como alguns de distribuição de alimentos. 

Os Gêmeos são internaiconalmente conhecidos por seu grafite. Nesta pandemia, eles têm usado sua arte para projetos sociais. Foto: Reprodução/Facebook

A estampa criada para as máscaras levou em conta a própria população brasileira, além de trazer com ela uma homenagem bastante simbólica. “A gente desenhou esse projeto pensando nas famílias, nas pessoas que tem que se proteger, nessa diferença de etnias e raças que é o Brasil, então a  gente quis realmente colocar várias pessoas desenhadas nas máscaras que representam mesmo as comunidades. A gente tem uma ênfase, um detalhe na máscara que são dois enfermeiros logo na frente com forma de homenagear essas pessoas que estão na linha de frente cuidando dessas pessoas doentes, a gente quis homenagear os enfermeiros e enfermeiras.” O retorno tem sido muito satisfatório e aqueles que têm sido ajudados pelo projeto estão bem mais que protegidos. “A gente tem recebido vários feedbacks muito bonitos de ver. As pessoas ficam felizes de receber  a máscara e poder usar uma coisa diferenciada”. 

Mas, além de ajudar várias pessoas em situação de vulnerabilidade a se protegerem do coronavírus, nessa ação social, as máscaras podem conseguir muito mais do que sua função protetiva. Elas trazem com elas, junto com as várias carinhas estampadas, a capacidade de provar que a arte pode ter ação determinante no desenvolvimento de uma sociedade. “A arte tem o poder de transformar, o lúdico tem o poder de transformar e a ideia de juntar esse projeto, junto a esses parceiros todos, que somaram com a gente acho que é essa energia positiva e esse universo lúdico que a gente criou junto. Isso traz um sorriso e um pouco de esperança num momento tão escuro que a gente tá passando. É um projeto pequeno, mas é um pouquinho que a gente tá fazendo e fica feliz de fazer e de ver os outros felizes”. 

O Centro de Arte e Cultura Bongar, localizado em Olinda, promove neste domingo (15), às 16h, o projeto 'Um Quilombo Cultural'. A entrada é 1Kg de alimento não perecível. 

O evento tem o objetivo de levar atividades culturais para a Comunidade Xambá e empoderar os grupos e comunidades de matriz africana. O projeto contará com apresentações do Homem da Meia Noite, Boi Quebra Coco da Xambá e grupo Coco Miudinho da Xambá, formado por crianças e adolescentes das oficinas de percussão ministrada pelos integrantes do Grupo Bongar.

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Além das apresentações artísticas, o projeto terá a 'Feira Quilombar de Arte Negra', com produtos da cultura afro-brasileira, além de roda de diálogo. 

Serviço

Um Quilombo Cultural

Centro Cultural Bongar (Rua Iêda, São Benedito, Olinda)

Domingo (15)| 16h

1Kg de alimento não perecível

A terceira edição do projeto Viva a Xambá, do centro Cultural Grupo Bongar, homenageia o chorinho em comemoração ao Dia do Chorinho, celebrado em 23 de abril. No próximo domingo (17), o espaço recebe o show Chorinho para Pixinguinha, com a cantora Naara Santos acompanhada dos músicos João Paulo Albertim, Júnior Teles, Rubem França, Alexandre Rodrigues e Johnanthan Malaquias. 

Além de apresentar os choros de Pixinguinha, os músicos também irão dialogar com o público sobre a vida e obra do artista. O projeto Viva a Xambá promove ainda uma visita guiada às ruas da comunidade ao Memorial Severina Paraíso da Silva - Mãe Biu. Os visitantes poderão conhecer a história, tradição e ancestralidade do povo Xambá. 

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Toda a renda do show e da visita será revertida para a manutenção do Centro Cultural Grupo Bongar - Nação Xambá. O lugar, gerido pelo grupo Bongar, é um novo espaço cultural localizado em uma comunidade quilombola, na periferia de Olinda, com o propósito de preservar a cultura afro brasileira. Confira este e muito mais eventos na Agenda LeiaJá.

Serviço 

Chorinho para Pixinguinha

Domingo (17) | 16h30

Centro Cultural Grupo Bongar - Nação Xambá (Quilombo Xambá - Rua Severina Paraíso da Silva, 65, Olinda)

R$ 5 + 1kg de alimento não perecível

Visita guiada

Domingo (17) | 14h

Centro Cultural Grupo Bongar - Nação Xambá (Quilombo Xambá - Rua Severina Paraíso da Silva, 65, Olinda)

R$ 3

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