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O cardeal Cláudio Hummes, arcebispo emérito de São Paulo e um "grande amigo" do papa, que lhe inspirou a escolha do nome Francisco, faleceu nesta segunda-feira (4) aos 87 anos, anunciou a Arquidiocese de São Paulo.

"Comunico, com grande pesar, o falecimento do Eminentíssimo Cardeal Cláudio Hummes, (...) no dia de hoje, após prolongada enfermidade, que suportou com paciência e fé em Deus", anunciou em comunicado o arcebispo Odilo Scherer.

O velório acontecerá na Catedral Metropolitana de São Paulo, em horário a ser divulgado.

Em março de 2013, logo após sua eleição, o papa explicou durante um encontro com jornalistas como o cardeal Hummes o inspirou a escolher o nome Francisco.

O brasileiro era então apontado como um dos favoritos para suceder Bento XVI.

"Durante a eleição, eu estava ao lado do arcebispo de São Paulo Cláudio Hummes, um grande amigo (...) Quando as coisas ficaram perigosas, ele me confortou. Quando os votos alcançaram dois terços, ele me abraçou, me beijou e disse: 'E não te esqueças dos pobres!'", revelou o papa.

"Imediatamente, em relação aos pobres, pensei em Francisco de Assis, nas guerras (...) o homem da pobreza, o homem da paz".

Nascido em Salvador do Sul, uma pequena cidade no sul do Brasil, o cardeal Hummes foi ordenado padre em 1958, depois bispo em 1975.

Cardeal desde 2001, foi prefeito da Congregação para o Clero no Vaticano, com Bento XVI.

Em setembro de 2019, o Cardeal Hummes desempenhou um papel de liderança durante o Sínodo sobre a Amazônia, do qual foi relator.

Este sínodo ocorreu em um momento particularmente tenso no Brasil, com muitas críticas da comunidade internacional ao governo do presidente Jair Bolsonaro, diante do ressurgimento dos incêndios florestais na Amazônia.

Relator-geral do Sínodo da Amazônia, o cardeal d. Cláudio Hummes afirmou, nesta quarta-feira (12), que a proposta de ordenação de homens casados em áreas remotas será retomada pelo Vaticano. A medida, que mudaria as circunstâncias de exigência do celibato, uma tradição da Igreja, ficou de fora da exortação apostólica do papa Francisco, divulgada pela Santa Sé, apesar do apelo feito pela assembleia de bispos em outubro do ano passado.

"Essa questão deverá ser trabalhada agora com o papa, nas instâncias da Santa Sé. Será retomada", disse d. Cláudio Hummes. "Esse pedido terá que ser elaborado e cumprido."

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O relator-geral disse que o organismo eclesial anunciado pelo papa a Amazônia, após o Sínodo, terá um papel importante na discussão, no âmbito do Vaticano, sobre como realizar o ordenamento de padres casados em áreas de escassez.

Segundo d. Cláudio, a igreja não pode deixar de se preocupar em buscar uma solução para que os povos tenham acesso à eucaristia. "O que edifica a Igreja é a assembleia eucarística reunida, isso é o que forma e alimenta a Igreja", ressaltou.

O cardeal disse que o documento final do Sínodo, votado pelos bispos em outubro e não citado pelo papa na exortação, "não vai para a estante" e que a Igreja deve se empenhar na sua aplicação. "Não significa que, feita a exortação pós-sinodal, se possa incinerar o documento final do Sínodo. Talvez se esperasse que fosse um decreto, o que não é próprio da exortação", afirmou d. Walmor Oliveira de Azevedo, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

O bispo lembrou que o sumo pontífice determinou um estudo para atualização de questões referentes ao ministério, cujo documento atual tem mais de 50 anos.

Em resposta à falta de sacerdotes na região amazônica, em vez de citar o pedido pelo ordenamento como padres de homens com família já constituída, o sumo pontífice sugeriu dar ênfase ao trabalho missionário itinerante e que diáconos permanentes, mulheres religiosas e leigos "assumam responsabilidades importantes".

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