Não é a toa que Belém foi eleita a capital da culinária criativa. Esse título vem de vários ingredientes e misturas que os paraenses fazem na cozinha. Uma dessas misturas que deu certo foi a criação de uma barra de cereal com proteína de peixe, desenvolvida por alunos do curso de Engenharia de Pesca da Universidade Federal do Pará (UFPA), campus Bragança, interior do Estado do Pará.

De acordo com Marileide Alves, coordenadora do projeto, a ideia de criar a barra de cereal com proteína de peixe surgiu durante a aula de Tecnologia do Pescado, na qual os alunos tinham que criar um produto inovador como parte da avaliação, e foi transformada em proposta de trabalho de conclusão de curso da aluna Ellen Ribeiro. Desde o surgimento da ideia de criar a barra de cereal até a data de sua produção, o estudo teve duração de dez meses e contou com a participação de duas alunas e da professora-orientadora.

A coordenadora explicou por que o peixe foi escolhido como ingrediente da barra de cereal: “A agregação de valor e aproveitamento integral do pescado se constituem em objetivos do curso. Nesse contexto, o peixe foi um dos recursos escolhidos para a elaboração de um produto inovador”.

Uma avaliação sensorial foi realizada pela equipe com 80 provadores voluntários, de ambos os sexos, com idade entre 18 e 50 anos, frequentadores de duas academias de Bragança. O principal objetivo foi verificar a aceitabilidade da barra de cereal. Para um produto ser considerado aceito, os resultados do índice de aceitação devem atingir 70% de aprovação. A estatística final apresentou valores próximos a 86%.

“Para evitar qualquer opinião tendenciosa, apenas após a degustação era revelado que um dos ingredientes era o peixe, o que causava espanto dos provadores e com muita frequência o comentário: ‘Nem parece, não dá para sentir nenhum gosto de peixe’”, afirmou a coordenadora. Conforme falou Marileide, para ser inserido no mercado, é necessário que o setor privado manifeste interesse em produzir as barras de cereal e que, consequentemente, ocorra a parceria universidade-setor privado para a transferência da tecnologia.

“Como chegamos a um resultado satisfatório, atualmente, estamos na fase de divulgação dos resultados alcançados. O que não representa a impossibilidade de retomar a pesquisa em busca de outras versões do produto elaborado”, concluiu Marileide.