Milhares de famílias fizeram do Polo dos Brincantes, no Centro de Caruaru, uma opção para aproveitar a noite deste sábado (18) no maior São João do mundo. Localizado na Estação Ferroviária, dentro da Praça Silva Filho, o grande corredor cultural abriga museus da história do Agreste e do Sertão pernambucanos, o mercado da Estação e a igreja Central. O local também é referência para o bacamarte; cerca de mil bacamarteiros devem se apresentar no local até o próximo dia 23.
O Mercado Criativo e a Feira da Mulher Empreendedora são duas iniciativas coletivas municipais que tomam formato físico na Estação Ferroviária, no Centro de Caruaru. Através desses espaços, mulheres artesãs protagonizam o retorno da arte expositiva no São João da cidade, após dois anos com opções reduzidas e até mesmo a interrupção de suas produções. Confira relatos dessas trabalhadoras ao LeiaJá, neste sábado (18) que oficializa a terceira semana da festividade local.
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Natural de Caruaru e artesã de feltro há sete anos, Janaína Valentim (@costurinhasvalentim), revelou que depois desses dois anos de pandemia estava com medo de não conseguir vender o esperado, mas que está tudo dando certo.
"Durante a pandemia foi difícil me virar com o artesanato porque não tinha lugar pra expor porque estava tudo fechado e todo mundo ficou parado. A gente ficou de mãos atadas porque não tinha nenhum lugar para colocar".
Quando começou a pandemia, Janaína teve que migrar a sua exposição do Polo dos Brincantes para as redes sociais.
"Passei a expor no Instagram e no Facebook, e também conheci um grupo que se chama 'Mulheres empreendedoras' e ela sempre dá cursos e o suporte que a gente precisa para divulgar o nosso artesanato. Esse ano parece que a gente tá começando novamente, lá do início, porque tá tudo novo por conta dos dois anos parados. Eu estou gostando, no início nos preocupamos se iria ter movimento, mas tá tendo; todo mundo vem, conhece o artesanato. Meu público alvo é criança, então tenho mais movimento no final de semana, o pessoal vem, olha, pega cartãozinho. É até bom porque eu pego encomenda", comemorou.
"A gente tá expondo desde o começo do mês, mas só abrimos no fim de semana. Durante a semana que vem é a minha irmã, que é o meu apoio, e a partir da quinta, meu bebê de colo fica com o meu esposo e a minha filha mais velha, de 15 anos", detalhou.
Moradora de Caruaru há 12 anos e natural de Vitória de Santo Antão, a designer e funcionária pública Marília Brandão, da Lila Moda Lenta (lila.modalenta), também tem o polo como única forma de divulgar e vender o seu trabalho de forma física, e também faz vendas e encomendas online.
"Foram dois anos em casa e enquanto eu estava em casa produzi algumas peças de crochê, que é a minha paixão. Estou aqui desde a semana passada, quando começou o movimento no polo, e é muito importante para a divulgação da marca. Infelizmente as vendas ainda estão um pouco baixas, mas tenho esperança de que vá melhorar. Durante a pandemia eu tive dificuldade de vender por pensar nas pessoas que estavam preocupadas com a saúde, então não foquei muito nas vendas, mas produzi bastante".
Conciliando o emprego com o artesanato, Lila contou já estar conseguindo ter complemento de renda expondo no polo. "É bastante válido estar aqui".
Artesã há 25 anos, Edvania Florêncio, da Linda Flor Ateliê (@linda_flor_atelie), que está na Feira de Mulheres Empreendedoras, disse ter ficado "à deriva" durante a pandemia e teve que inovar.
"Eu comecei a fazer live fazendo cursos, ensinando a minha arte, mostrando às pessoas, e foi uma experiência muito legal, mas agora não tô tendo tempo. Foi bom porque abrangeu para mais pessoas conhecerem o meu trabalho. Foi difícil, mas foi muito representativo. Eu tinha Instagram, Facebook, mas não movimentava por conta da correria, e foi na pandemia que a gente se reinventou para mostrar o nosso trabalho. Como estava tudo parado e até o início do ano a gente não sabia qual seria o rumo, me pegou muito de surpresa porque agora a demanda está muito louca, todos os dias eu chego da feirinha e tem coisa para fazer. Passo o dia todo na maquina, fazendo as artes, porque a demanda, graças a Deus, está muito grande".
Ela contou já ter participado de várias feiras, e que está tendo um atendimento válido. "A gente está vendendo as peças e estamos tendo mais conhecimento e visibilidade para o meu ateliê. O São João chegou de relâmpago, mas foi muito bom".
Fotos: Júlio Gomes/LeiaJáImagens